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SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Ministério da Saúde promove formação de enfermeiras e enfermeiros multiplicadores para inserção do DIU no SUS
Foto: divulgação/MS
Em mais uma ação do governo federal para ampliar os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, o Ministério da Saúde promoveu uma formação de enfermeiras e enfermeiros nos últimos dois dias (11 e 12/9). Os profissionais que participaram da oficina de alinhamento teórico-conceitual, técnico e ético, que já eram habilitados para a inserção do DIU de cobre, agora são multiplicadores nacionais, ou seja, podem capacitar outros enfermeiros em seus territórios para a inserção do dispositivo intrauterino na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ao todo, serão qualificados 240 profissionais do Amazonas, Amapá, Bahia, Pará, Pernambuco e Rondônia nos próximos três meses. A iniciativa beneficiará 4,8 mil mulheres ainda em 2025, durante a parte prática da formação que será feita pelos multiplicadores, e continuará impactando milhares de pessoas posteriormente.
“Além de fortalecer o nosso compromisso com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a oficina reforça a importância das enfermeiras e dos enfermeiros na atenção primária, que tem a maior capilaridade do SUS e, portanto, a maior capacidade de ampliar a oferta de métodos contraceptivos”, afirmou o secretário adjunto de Atenção Primária à Saúde, Ilano Barreto.
A diretora de Gestão do Cuidado Integral do Ministério da Saúde, Olivia Lucena, lembrou que a disponibilidade de diferentes opções contraceptivas não só previne a gravidez indesejada, mas reduz a mortalidade materna e fetal e, por isso, “é importante estarem disponíveis perto das mulheres”, especialmente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Apesar da alta eficácia, de ser seguro, reversível e de longa duração, o DIU ainda tem baixa adesão: apenas de 4% a 5% das mulheres que optam por métodos contraceptivos usam o dispositivo”, ressaltou. Em 2024, foram feitas 80,4 mil inserções de DIU no SUS.
Segundo o Censo das UBS, divulgado neste ano, 19% das Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem o dispositivo — número que o Ministério da Saúde e os parceiros da ação pretendem ampliar a partir da qualificação e da promoção da autonomia dos enfermeiros. A oficina contou com exposição e debate acerca do atendimento ético e humanizado em saúde reprodutiva, com ênfase na técnica de inserção, avaliação e remoção do DIU, treinamento nos simuladores anatômicos e apresentação de experiências exitosas em três regiões do Brasil:
Pará
Em Breves, município localizado na Ilha de Marajó, a formação de enfermeiras(os) teve como principais objetivos reduzir a taxa de mortalidade materna no estado, organizar a Rede de Atenção à Saúde para a oferta do DIU, qualificar profissionais de localidades vizinhas, alcançando oito municípios do arquipélago e, ainda, realizar educação em saúde com a população, desmistificando o método e promovendo a saúde reprodutiva. A ampliação do acesso ao DIU por meio da enfermagem na atenção primária colabora para mitigar as barreiras de acesso geográficas da região e contribui com o acesso de jovens em vulnerabilidade, com histórico prevalente de gravidez precoce e sobrevivência a situações de violência. Apenas durante a formação das profissionais, agora elegidas como multiplicadoras para o estado do Pará, mais de 250 mulheres foram beneficiadas, em março deste ano, em ação de qualificação promovida pelo Ministério da Saúde.
As UBS do território que possuem enfermeiras habilitadas ofertam o DIU sob demanda espontânea, sem fila ou qualquer burocracia para o atendimento, observando os aspectos técnicos e clínicos para a inserção.
Distrito Federal
Na unidade federativa, os enfermeiros se organizaram por meio da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), em parceria com o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro DF), e escreveram um projeto para promover a formação de profissionais da categoria na inserção do DIU em 2022. No ano seguinte, foram capacitados 180 enfermeiros de 90 UBS, com 20 horas de aulas teóricas e 20 sessões supervisionadas de inserção do dispositivo. Isso gerou um aumento expressivo na oferta do DIU no DF: de 3,5 mil dispositivos colocados no ano anterior ao curso para 7,9 mil entre o segundo semestre de 2024 e o primeiro deste ano. Antes, os profissionais de enfermagem faziam menos de mil inserções ao ano e, agora, ultrapassam 5,5 mil, representando cerca de 70% das inserções (as outras 30% são feitas por médicos) e demonstrando a relevância da categoria na Estratégia Saúde da Família.
Rio Grande do Norte
Em 2023, foi implementada a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde das Mulheres (que tem a política nacional como base), prevendo a ampliação da oferta do DIU. Até então, não havia nenhum enfermeiro habilitado para a inserção no Rio Grande do Norte e, mesmo entre os médicos, não havia o procedimento na atenção primária do SUS. A Secretaria de Saúde promoveu um curso no mesmo ano e formou 21 multiplicadores estaduais em todas as regiões de saúde, com aulas teóricas e práticas. Hoje, são 84 enfermeiros formados, e a meta é que, até dezembro, 100% dos municípios tenham pelo menos um profissional habilitado para a inserção do DIU.
No evento, profissionais da enfermagem e gestores estaduais formularam um plano de ação a partir das especificidades de cada território, para que o projeto de multiplicação amplie o acesso ao dispositivo de maneira estratégica e que subsidie não só a execução, mas o seguimento do projeto.
A oficina é uma continuidade dos Centros Multiplicadores em Larc (sigla em inglês para Contracepção Reversível de Longa Ação), conduzidos em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa). A ação também é apoiada pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), pelo Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal e pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Mais sobre o DIU no SUS
Em 2023, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica. Confira.
Laísa Queiroz
Ministério da Saúde