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Pesquisa revela que Continente Africano tem apenas 6% das parcerias com universidades federais brasileiras
Imagem: Reprodução
O Ministério da Igualdade Racial (MIR), em colaboração com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), elaborou a pesquisa “Amefricanidades nas Universidades”, que revela que o Continente Africano tem apenas 6% das cooperações mantidas com universidades brasileiras. O estudo realizou o levantamento e a sistematização dos acordos de cooperação estabelecidos entre as universidades federais brasileiras com universidades de todos os continentes.
A pesquisa também mostra que, a América Latina e Caribe, possuem aproximadamente 30% dos acordos de cooperação e, para o Continente Europeu, a parcela é de 52%. Dos cinco países com maior quantidade de acordos catalogados na pesquisa, três são da Europa e dois da América Latina e Caribe.
Moçambique, país africano com mais parcerias, aparece na décima terceira posição, com aproximadamente 2% dos acordos internacionais mantidos pelas universidades federais brasileiras e que foram catalogados pela pesquisa.
Para a realização do estudo, foram catalogados 4.194 acordos, memorandos ou protocolos de cooperação estabelecidos entre 2003 a 2023, identificados em 69 universidades federais públicas do Brasil, que firmaram parcerias com pelo menos 111 países de todos os continentes do mundo. O levantamento foi realizado entre fevereiro e julho de 2024.
Para o diretor de Políticas e Combate e Superação do Racismo, Tiago Santana, "esses dados auxiliam na compreensão das relações internacionais de cooperação e, sobretudo, evidenciam as desigualdades nas cooperações científicas brasileiras com os diferentes continentes do mundo."
A pesquisa indica que a produção científica brasileira ainda mantém baixa articulação com a Cooperação Sul-Sul, especialmente com países africanos. O percentual reduzido de parcerias com nações do continente africano sugere a marginalização desse eixo nas agendas de pesquisa no Brasil.
Regiões – O estudo também mostra os acordos por macrorregiões brasileiras. A região Nordeste detém 39% dos acordos de cooperação internacional brasileiros, sendo seguida pela região Sudeste com 35%. Já o Centro-Oeste e Sul possuem 10% das cooperações, e o Norte 6%.
Observatório Amefricanidades – O estudo faz parte do Observatório Amefricanidades, iniciativa que tem como objetivo promover o diálogo Sul-Sul de políticas e de práticas a partir da sistematização e da socialização de conhecimentos, experiências e de políticas públicas que contribuam com o combate e superação do racismo no Brasil.
O Observatório está organizado em dois eixos principais. O primeiro reúne dados, por exemplo, sobre acordos de cooperação entre universidades brasileiras e instituições de diferentes continentes; levantamento e mapeamento da estrutura institucional dos Estados e do Distrito Federal para a realização de ações no âmbito da justiça racial a partir da pesquisa nos sites das secretarias estaduais e no Distrito Federal, além de políticas de permanência da população negra no ensino superior.
Já o segundo eixo concentra ações de socialização de conhecimentos, de experiências e de políticas públicas por meio de cursos on-line e intercâmbios de curta duração em países do sul-global.
Uma próxima ação do Observatório Amefricanidades a ser divulgada é a pesquisa “População Negra nas Universidades”, que objetiva construir um panorama das políticas de permanência da juventude negra em Instituições de Ensino Superior públicas federais. Ao fim das iniciativas do Observatório Amefricanidades, os resultados das pesquisas, dos diálogos de políticas públicas e de experiências serão disponibilizados em plataforma interativa em sítio próprio de acesso aberto para disponibilização de bancos de dados, análises, mapeamentos, documentários e publicações decorrentes.