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No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, conheça o impacto do Caminhos Amefricanos
Arte de Mateus Santos sobre foto de Deise Souza
No dia 25 de julho, celebra-se o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data marca o primeiro encontro para dar visibilidade à luta das mulheres negras contra o racismo e a desigualdade, na República Dominicana, em 1992. No Brasil, também se celebra Tereza de Benguela, líder do Quilombo do Quariterê, em Mato Grosso.
O Ministério da Igualdade Racial (MIR), promove políticas públicas que incentivam mulheres, como o Caminhos Amefricanos, Programa de Intercâmbios Sul-Sul, que fortalece também os laços com a América Latina e Caribe. A edição 2025 do programa, por exemplo, também contempla destinos como Santo Domingo, na República Dominicana, e Lima, no Peru.
A graduanda em letras vernáculas da Universidade Estadual da Bahia, Nicole Sá, participou da edição de Moçambique e conta que a experiência mudou sua vida.
“Minha família, que enxergo como referência, também passou a me enxergar como referência deles. A partir daí, entenderam que mulheres negras, interioranas e extrativistas como nós, podem ocupar todos os espaços, inclusive os internacionais”, conta a estudante, cujos pais também decidiram voltar a estudar após o ingresso da jovem na faculdade. “Essa experiência influencia não só na nossa trajetória, mas no que acontece ao nosso redor”, acrescentou.
Além de Nicole, a licencianda em Ciências Sociais centro-oestina, Isabelle Lopes, acredita que a experiência também é uma ação concreta de reparação histórica. “O Caminhos Amefricanos foi uma chance que tivemos de aprender com outras mulheres. Ele representa luta e resistência e agora carrego essa perspectiva na minha vida. Ver essas mulheres do campo acadêmico é muito importante também para romper com o racismo da academia.”
Isabelle acrescenta, ainda, que o 25 de julho é um contraponto ao dia 8 de março, uma vez que se coloca a imagem da mulher negra no centro. “Esse dia carrega uma enorme representação”, diz.
Já Deise Souza, estudante de Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista, também acredita que vai levar para a vida a força e a resistência que viu nas mulheres cabo-verdianas. “Hoje penso muito nas mulheres que vieram antes de mim para que pudesse estar onde estou, em espaços que antes nos foram negados”, coloca. “O dia 25 não é apenas uma data para ser lembrada, mas um momento de celebrar e honrar trajetórias de mulheres que abriram caminhos para que possamos estar aqui hoje”, afirma.
Considerando a oportunidade de trocas no contexto Sul-Sul, Deise acredita que o Caminhos Amefricanos é um marco transformador, possibilitando a concretização de sonhos. “São sonhos que, por vezes, permanecem distantes durante a trajetória acadêmica. A escuta e a troca de experiências com mulheres negras em ascensão nos mais diversos espaços não apenas ampliam horizontes, mas se constituem como uma ponte simbólica de resistência, incentivo e continuidade na busca por nossos objetivos”, pontua.
Caminhos Amefricanos – O Caminhos Amefricanos: Programa de Intercâmbios Sul-Sul, tem como objetivo contribuir para o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial no Brasil por intermédio de intercâmbios de curta duração no exterior, em países africanos, latino-americanos e caribenhos para fortalecer a formação inicial e a formação continuada de docentes para a implementação da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana.
Em 2025, os intercâmbios do Caminhos Amefricanos serão realizados em: Lima (Peru), Luanda (Angola), Santo Domingo (República Dominicana) e São Luís (Brasil).