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MIR destaca a força da agroecologia e tecnologias sociais quilombolas no Dia Nacional da Economia Solidária
Foto: Acervo Embrapa
Neste 15 de dezembro, Dia Nacional da Economia Solidária, o Ministério da Igualdade Racial (MIR) destaca a importância da agroecologia, das tecnologias sociais e da produção comunitária para fortalecer a autonomia econômica e ambiental de povos e comunidades quilombolas. É preciso reconhecer o papel de comunidades tradicionais no fortalecimento dessa modalidade por meio de tecnologias como o Sisteminha Comunidade – prática de economia solidária a partir da perspectiva da produção de alimentos.
O Sisteminha Comunidade é uma técnica de produção de alimentos em áreas de comunidades tradicionais em pequena quantidade, mas grande variedade, seguindo as diretrizes nutricionais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Iniciativas produtivas quilombolas como o Sisteminha ganharam novo fôlego com o avanço de políticas públicas estruturantes. Entre elas, a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ), que tem papel central ao orientar as comunidades na construção de planos próprios de manejo e uso da terra, reunindo estratégias de proteção ambiental, valorização dos saberes tradicionais e fortalecimento produtivo. A política reconhece que os territórios quilombolas são fundamentais para a conservação ambiental e para a promoção de um desenvolvimento que respeite a identidade e o modo de vida das comunidades.
Ronaldo dos Santos, secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT), acredita que essas ferramentas potencializam a organização comunitária. “A economia solidária reafirma valores que estruturam a vida das comunidades quilombolas: cooperação, partilha e construção coletiva de caminhos”, coloca.
Combinando tanque de peixes, hortas, compostagem e pequenos módulos produtivos, O Sisteminha é um modelo integrado de baixo custo, além de ser uma tecnologia social que tem ampliado a produção sustentável, adaptável a áreas reduzidas. De fácil manejo comunitário, o sistema permite diversificar a produção, fortalecer a segurança alimentar, reduzir custos e ampliar a circulação local de alimentos, além de contribuir para a adaptação às mudanças climáticas. Sua lógica integrada se aproxima dos princípios da economia solidária ao incentivar a cooperação entre famílias, a partilha dos resultados e a valorização da produção local.
“Ao implementar os Sisteminhas em Alcântara, por exemplo, vemos esses princípios ganhando força por meio de tecnologias sociais que fortalecem a produção local e ampliam a autonomia das famílias. O protagonismo quilombola não é acessório nesse processo; é ele que garante que cada ação seja enraizada no território e gere desenvolvimento com dignidade, sustentabilidade e futuro para quem vive da própria terra”, pontua o secretário.
Por meio da criação de oportunidades, essas ações ampliam a autonomia e ajudam a garantir que os territórios sigam produzindo, cuidando da terra e mantendo vivas suas tradições. Caracterizada pela expansão da agroecologia, presente em roçados tradicionais, quintais produtivos, hortas comunitárias e sistemas agroflorestais, a adoção dos sisteminhas reforça ainda mais a capacidade das comunidades quilombolas de produzir alimentos saudáveis, conservar o território e gerar renda. Essas práticas aproximam saberes ancestrais de novas técnicas sustentáveis, criando caminhos que fortalecem mulheres, jovens e cooperativas locais.
Dia Nacional da Economia Solidária – A data celebra um modelo de desenvolvimento baseado na cooperação, na autogestão e na justiça social e racial, princípios que dialogam diretamente com práticas históricas desses territórios, marcadas pela organização coletiva, pelo mutirão e pela circulação interna de alimentos e saberes.