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Ministras Anielle Franco e Macaé Evaristo participam de abertura da Plenária Temática População Negra LGBTQIA+
Foto: Andressa Almeida / MIR
Teve agito coletivo de leques como símbolo de resistência, identidade, visibilidade, pertencimento e orgulho na Plenária Temática População Negra LGBTQIA+, realizada nessa quarta-feira (23), no auditório do Sindicato dos Bancários, em Brasília.
O evento é uma das etapas preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) que será realizada pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), em setembro, também em Brasília.
Na apresentação cultural, a atriz e artista pernambucana Natasha Wonderfull, representante do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans) entregou uma performance da cantora Elza Soares – artista negra emblemática reconhecida nacional e internacionalmente por seu trabalho e pela luta pela igualdade racial no Brasil e resistência contra o racismo e a discriminação.
A mesa de abertura contou com a presença da ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco; da ministra de Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo; da vice-presidenta do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Marina Duarte e da conselheira e matriarca do Movimento Político Organizado de Pessoas Trans Brasileiras, Jovanna Cardoso.
“A gente tá aqui para cobrar direito a vida, moradia, dignidade. Essa é uma pauta inegociável”, afirmou a Anielle Franco, ao comentar os desafios que o Ministério da Igualdade enfrenta em defesa da pauta. A ministra fez uma fala de alerta sobre as estatísticas e os números da violência homotransfóbica e contra jovens negras e negros, destacando a importância da interseccionalidade da plenária como instrumento de combate às desigualdades e opressões
“Que estejamos vivas e vivos para reconhecer a potencialidade negra desse país. Que para além das dores, possamos construir um documento potente demonstrando que a nossa força é o que nos une, que sejamos leais ao que a gente acredita. A revolução existe e ela também vem de corpos LGBTQIA+”, ressaltou.
Já a ministra Macaé Evaristo apresentou dados registrados pela Ouvidoria dos Direitos humanos de que 4,5 mil denúncias de homofobia foram registradas entre janeiro e julho de 2025 e enfatizou a importância da organização política como ponto fundamental para o bom funcionamento de uma sociedade, com suas regras, leis e normas que garantem direitos, deveres e cidadania para todos. “Esse é um espaço para a gente incidir nas políticas públicas e que a gente possa se organizar e compreender o cenário pelo qual estamos passando. É preciso ir além da visibilidade e enegrecer a pauta trans”, pontua.
Movimento trans como movimento político – A conselheira nacional do CNPIR Jovanna Cardoso apresentou uma retrospectiva política das primeiras organizações sociais LGBTQIA+ no Brasil, iniciadas nos anos 70 na luta por direitos e se referiu a plenária temática como uma reparação pioneira, nunca antes realizada no Brasil.
“Eu trago aqui, ministra Anielle a gratidão pelo amparo aos corpos trans negros brasileiros. É a primeira vez, que nós temos assento no CNPIR como portas abertas para que possamos ocupar esse espaço de discussão e proposituras. A partir do que vai sair daqui, teremos um país sem transsexismo, lgbtfobia, racismo, machismo, onde seremos um país bom de se viver a partir da reflexão de quem somos”, desabafa.
Apresentação de Ballroom – No final do evento, a artista e comunicadora Gabrielle Paju fez uma apresentação artística na modalidade Vogue Female dentro da cultura Ballroom, que é o movimento cultural e social que surgiu na comunidade LGBTQIA+ negra como espaço de resistência, autoafirmação e celebração para pessoas marginalizadas. E destaca a importância da cultura e a necessidade de políticas públicas de proteção e de garantia de direitos que atendam e acolham a diversidade dessa comunidade. “A cultura Ballroom é onde meu corpo travesti negro é exaltado e nós celebramos a diversidade e uma perspectiva de vida e de um lugar de cuidado”, destaca.