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Governo Federal conclui comitiva sobre Novo Acordo do Rio Doce após percorrer área atingida pelo desastre de Mariana
Foto: Caravana do Novo Acordo do Rio Doce
A comitiva interministerial do Governo Federal para o Novo Acordo do Rio Doce encerra suas atividades nesta sexta-feira, após percorrer a área impactada pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. O Ministério da Igualdade Racial esteve entre os órgãos participantes da iniciativa, que passou por 18 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, incluindo o litoral capixaba, onde está a foz do rio.
Para o secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos, Ronaldo dos Santos, a caravana cumpriu com excelência sua missão.
“Essa caravana foi um acerto do Governo Federal porque é muito importante a nossa presença no território dialogando, não apenas com as lideranças constituídas, mas com toda população sobre os termos da repactuação do Novo Acordo do Rio Doce”, avaliou.
Para ele, um dos pontos altos foi a alta participação na plenária do Sapê do Norte. “Mais de seis mil quilombolas participaram desse momento”, colocou.
O objetivo da caravana foi esclarecer dúvidas e apresentar os termos da repactuação às populações locais, além de promover um espaço de diálogo sobre justiça e reparação. Entre os grupos diretamente envolvidos nas atividades estavam quilombolas, garimpeiros tradicionais e faiscadores, que participaram de assembleias e reuniões ao longo do trajeto.
A iniciativa foi marcada por momentos de apelo por justiça. Aleteia Flávia, liderança do Quilombo Ribeirinho da Volta da Capela, destacou a urgência da reparação. “O racismo ambiental é uma realidade cruel em nossa comunidade, e pedimos que vocês nos olhem com compaixão e justiça. Agora, é fundamental que seja cumprido o acordo da Repactuação assinado pelo Gestor do Município. Esperamos que essas ações sejam o início de um processo de justiça e reparação para nossa comunidade.”
Ao longo da caravana, foram realizadas quatro assembleias nas cidades de Mariana, Acaiaca, Rio Doce, Barra Longa, Sapê do Norte, Linhares e São Mateus, reunindo cerca de dez mil pessoas. Além disso, 65 lideranças comunitárias participaram de encontros para discutir as diretrizes do novo acordo da bacia do Rio Doce.
Com o encerramento da comitiva, a expectativa é de seguir dialogando com as comunidades quilombolas afetadas pela tragédia.
“A caravana não encerra, ela inaugura uma nova etapa de diálogo permanente. Acredito que o cumprimento efetivo do acordo ganha potência com a população compreendendo melhor e mobilizada em torno dos seus direitos”, acrescenta o secretário Ronaldo.