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Começa a edição Angola do Programa Caminhos Amefricanos
Foto: Maíta Alves
Os discentes selecionados para a edição Angola, do Programa de Intercâmbios de Curta Duração, Caminhos Amefricanos, ficam na nação luso-africana até o dia 21 de dezembro. A parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a Universidade Agostino Neto (UAN), o Ministério da Educação (MEC),a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), levou 50 estudantes negros ou quilombolas, no último dia 10 para Angola.
Reforçando o compromisso do Governo do Brasil nas estratégias no combate ao racismo, nesta edição está sendo realizado o VII Seminário Internacional Caminhos Amefricanos, iniciativa que integra uma programação voltada ao fortalecimento da educação antirracista e da cooperação internacional Sul-Sul.
Os debates giram em torno dos temas: patrimônio e diálogos transatlânticos; mapeamento dos laços históricos entre Brasil e Angola; ancestralidade; combate ao racismo; possibilidades de afroempreendedorismo; e educação transformadora.
“Trocar experiências com países de África e da América Latina é uma verdadeira comunhão de saberes. Juntos, temos a força para superar desigualdades e avançar no combate ao racismo. Sobretudo no desenvolvimento e parcerias no eixo global sul-sul como tem defendido o presidente Lula. Este é um passo significativo para fortalecer ações voltadas à formação da população negra e consolidar uma educação antirracista, reafirmando o compromisso do MIR em criar disseminadores de uma política antirracista.” destacou, Tiago Santana, secretário de Políticas Afirmativas, Combate e Superação do Racismo.
Além do seminário, a agenda contempla visitas orientadas em locais históricos, culturais e escolas e rodas de conversa, promovendo o intercâmbio de troca de saberes e experiências. Estão presentes autoridades, pesquisadores, estudantes e representantes de instituições brasileiras e angolanas, em uma programação marcada por conferências e debates potentes em torno de temas sobre a educação antirracista.
A delegação do Brasil também participou de ações com a presença do pró-reitor para a Cooperação e Extensão, Sabino do Nascimento, e com o decano da Faculdade de Humanidades, Feliciano Bastos.
A comitiva brasileira visitou também o Instituto Guimarães Rosa (IGR-Luanda) e foi recebida pela embaixadora do Brasil em Luanda, Eugênia Barthelmess.
A coordenadora-geral de Políticas de Combate e Superação do Racismo, Kátia Regis, reforçou a importância da cooperação internacional na promoção de igualdade racial. “Os contundentes debates que ocorreram durante o Seminário anunciam possibilidades de produção de conhecimentos que tensionam a lógica eurocentrada hegemônica e apontam outras perspectivas epistemológicas. Durante o intercâmbio em Luanda, eles participam de uma série de atividades formativas, como roda de conversa com escritores angolanos e visitas em escolas, locais históricos e culturais, o que, certamente, contribuirá para que realizem práticas educativas antirracistas em suas futuras práticas como docentes da educação básica no Brasil."
Missão Luanda – Caminhos Amefricanos encerrou o circuito de missões técnicas de 2025 e reuniu dados e reflexões sobre afroempreendedorismo, educação e a luta histórica contra o racismo e o colonialismo. Foram destacados avanços e desafios, como o crescimento do número de afroempreendedores e estudantes, além da baixa representatividade em cargos de liderança e a persistência da desigualdade salarial racial. O evento abordou o papel central de Angola na diáspora africana, a importância de movimentos históricos e o impacto da escravidão, além de evidenciar a necessidade de descolonização dos currículos e práticas sociais para combater estereótipos e valorizar o protagonismo africano.
Em sua fala de boas-vindas à delegação brasileira, o reitor da Universidade Agostinho Neto (UAN), Pedro Magalhães, destacou que a edição representou um marco de elevada relevância acadêmica, cultural e diplomática. “A presença dos estudantes brasileiros enriqueceu de forma significativa o ambiente universitário, ao promover o diálogo transatlântico, a valorização das raízes históricas comuns e o fortalecimento da educação antirracista. Deixando uma marca duradoura na vida acadêmica e comunitária da instituição, além de um legado de grande relevância para ambas as nações", disse.
“A cooperação Internacional entre os países do sul global é pedra angular para a superação do racismo na humanidade. A experiência em Angola demonstra que o reconhecimento das nossas heranças culturais, filosóficas, científicas e políticas, às vezes esquecidas na afrodiáspora, é um motor importante para realizarmos uma educação antirracista no Brasil e, com isso, contribuir para o combate e a superação do racismo na sociedade brasileira”, compartilhou o coordenador de Articulação de Cooperação Internacional, Lucas Martins.
O Sebrae atua como parceiro estratégico da Missão, promovendo ações de educação empreendedora, inclusão e valorização da diversidade. O gerente-adjunto de empreendedorismo feminino, diversidade e inclusão do Sebrae Nacional, Eraldo dos Santos, reafirma a importância da parceria entre o MIR e Sebrae: “o desenvolvimento inclusivo, apoiando a formação de lideranças na educação na troca de saberes e a promoção de práticas educativas e produtivas em territórios quilombolas e comunidades tradicionais. A atuação conjunta potencializa o impacto social e educacional da Missão, consolidando o empreendedorismo como ferramenta de transformação social e combate ao racismo sistêmico.”
A programação segue até 21 de dezembro e conta com a participação de 50 estudantes pretos, pardos e quilombolas regularmente matriculados em licenciaturas de todas as áreas de conhecimento em Instituições de Ensino Superior (IES) Públicas do Brasil, com o objetivo de fortalecer a educação antirracista, fomentar o conhecimento sobre história e cultura africana e afro-brasileira e estimular a cooperação internacional.
O programa é uma realização também da Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (Liesafro), o Núcleo Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (Niesafro) e o Programa Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros (Ppgafro) da UFMA.
A próxima edição está prevista para fevereiro de 2026, em Santo Domingo (República Dominicana) em parceria com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO-República Dominicana) e com o Instituto Superior de Formación Docente Salomé Ureña (ISFODOSU).