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Baixa da Xanda, no Norte do país, é reconhecida como comunidade remanescente de quilombo
A população negra da região Norte do país conquistou mais uma vitória histórica com a certificação do território Baixa da Xanda como comunidade remanescente de quilombo.
Localizada em Parintins (AM), Baixa da Xanda é uma comunidade de pescadores pretos, ribeirinhos e indígenas. Com esse reconhecimento oficial, a certificação permite garantir direitos e proteger o território, além de valorizar sua cultura, validando uma trajetória de resistência, ancestralidade e contribuição cultural da comunidade.
Com a certificação, abre-se a possibilidade de atuação mais direta do Ministério da Igualdade Racial (MIR) no desenvolvimento e proteção dos direitos territoriais junto à comunidade.
O MIR passa a poder atuar partir da coordenação e apoio do programa federal Aquilomba Brasil, que busca garantir medidas intersetoriais voltadas à promoção dos direitos da população quilombola, com ênfase em quatro eixos temáticos: Acesso à Terra; Infraestrutura e Qualidade de Vida; Inclusão Produtiva e Desenvolvimento Local; e Direitos e Cidadania.
O secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos, Ronaldo dos Santos celebra a certificação como um instrumento de importância histórica, cultural e ambiental, especialmente para os quilombos no Norte do Brasil. "Esse reconhecimento é um símbolo de resistência e de preservação da cultura afro-indígena brasileira, além de demonstrar a valorização da história e ancestralidade dessa população", destaca.
Dentre as atribuições do Ministério no programa, também está acompanhar as ações de regularização fundiária e o oferecimento de apoio para implementação do das iniciativas.
Em uma publicação em rede social, o Boi Garantido celebrou o reconhecimento. “A certificação da Baixa é um marco de memória e justiça histórica. Honramos Germana, Xanda, Lindolfo, Dona Maria do Carmo Monteverde e todas as vozes que mantêm vivas as tradições e resistências afro-amazônicas que florescem neste chão”, declarou.
Uma curiosidade sobre o local é que os descendentes desses fundadores deram origem ao Boi-Bumbá Garantido.
Certificação – A Fundação Cultural Palmares reconheceu, em 6 de junho de 2025, a Baixa da Xanda, como comunidade remanescente de quilombo, tornando-se o primeiro quilombo do município. O reconhecimento foi formalizado com a emissão da certidão de autodefinição, publicada [https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-fcp-n-128-de-30-de-maio-de-2025-634705271] no Diário Oficial da União.
Origem ancestral – A comunidade remonta ao final do século XIX, e teve origem com a chegada de Dona Germana na região, uma mulher negra escravizada que se estabeleceu na localidade após a abolição. Posteriormente, sua filha Alexandrina, conhecida como Dona Xanda, herdou as terras e acolheu famílias negras, indígenas e ribeirinhas, transformando a Baixa da Xanda em porto de chegada, morada operária e espaço de trocas culturais.