Notícias
O pioneirismo que promete estimular o turismo em cavernas
Caverna Furna Nova - Parque Nacional da Furna Feia - Foto: Daniel Menin
Para viabilizar a visitação à Caverna Furna Nova, localizada no Parque Nacional da Furna Feia, uma empresa composta por arquitetos e espeleólogos especializados no desenvolvimento de estruturas para a promoção do turismo sustentável liderou este projeto único no Brasil. A estrutura de facilitação da visitação foi projetada com foco principalmente em segurança e na redução de impactos ao ambiente natural.
“Entre os desafios que o projeto da Furna Nova trouxe está a confecção de uma infraestrutura que provocasse o mínimo impacto na caverna, que fosse reversível, ou seja, que pudesse ser retirada, caso necessário, deixando o mínimo possível de alterações permanentes nesse ambiente”, explicou Luciana Alt, espeleóloga, arquiteta e uma das responsáveis por esse projeto pioneiro em cavernas brasileiras.
Luciana conta que a equipe técnica contratada para o projeto foi orientada a proteger espeleotemas sob a passarela e em seu entorno, para evitar, por exemplo, impactos de pisoteamento. Além disso, a passarela deveria ser montada e instalada sem uso de soldas, esmerilhadeiras, lixadeiras etc., no interior da caverna, evitando, assim, grandes impactos ao local.
Vitor Moura, que também é espeleólogo, arquiteto e um dos autores do projeto conta que “espera que esse trabalho impulsione uma visitação de qualidade, combinando a proteção dos atributos da caverna, além de oferecer boas experiências ao visitante do Parque Nacional da Furna Feia. Adicionalmente, o projeto pode servir de modelo para outras cavernas do Nordeste e outras regiões do Brasil, em relação à implementação de infraestrutura de mínimo impacto, de acordo com as melhores práticas adotadas internacionalmente”, disse.
Caverna Furna Nova: o ponto de partida para o espeleoturismo potiguar
Por muitos anos aberto apenas ao turismo pedagógico, a iniciativa na caverna Furna Nova permitiu que o parque se tornasse o ponto de partida para uma rota de destinos voltados à contemplação do patrimônio espeleológico. A abertura é fruto de um longo processo que envolveu diversos atores, principalmente a comunidade, que participou ativamente de todas as etapas e que agora celebra a conquista do novo atrativo turístico.
Segundo o analista ambiental e coordenador da base do ICMBio/Cecav no Rio Grande do Norte, Diego Bento, “a governadora do estado, Fátima Bezerra e a prefeita de Baraúna, Divanize Oliveira, além de outros representantes do governo estadual e municipal, também foram fundamentais para a concretização desse marco histórico para a região”.
Diego Bento destaca que a abertura do parque potiguar marca um acontecimento muito importante para o turismo sustentável. “O que fizemos no Parque Nacional da Furna Feia é único no Brasil. Abrimos legalmente uma caverna que nunca teve visitação turística turismo. A legislação determina que para ter turismo em uma caverna é necessária a aprovação do Plano de Manejo Espeleológico, mas apesar disso somente uma minoria de cavernas em nosso país passou por esses estudos.
Diego também explica que todas as estruturas implementadas na unidade de conservação não enferrujarão e não deixarão resíduos. Além disso, todos os guias do parque são da comunidade, incluindo ex-brigadistas, que foram devidamente capacitados em espeleoturismo, incluindo resgate e primeiros socorros em áreas remotas.
“Foram 10 anos de trabalho para que o Parque Nacional da Furna Feia pudesse ser aberto para visitação, principalmente a parte das cavernas. Houve diversos estudos, biológicos, microbiológicos, geológicos e microclimatológicos, tanto pela necessidade de proteger as cavernas como os visitantes. Apenas parte da Caverna Furna Nova vai ser aberta ao turismo, outra parte continuará restrita apenas a pesquisas. Além do zoneamento, os estudos permitiram estabelecer a capacidade de carga da caverna (a quantidade de pessoas que o local pode receber) sem que haja maiores impactos à geo e biodiversidade subterrânea. Agora, a caverna está totalmente protegida e seguiremos fazendo o monitoramento para que não haja impactos que a prejudiquem”, afirmou o técnico ambiental José Iatagan Mendes de Freitas, da base do ICMBio/Cecav no Rio Grande do Norte, que acompanhou todo o processo de abertura à visitação da unidade de conservação potiguar.
