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Inventário de fungos fornecerá informações para regularizar uso turístico nas duas maiores cavernas do Brasil
Toca da Barriguda, Campo Foromoso (BA) - Foto: Diego Bento (ICMBio/Cecav)
Uma expedição realizada em novembro foi o primeiro passo para a realização de inventário microbiológico, com foco em fungos potencialmente patogênicos, nas cavernas Toca da Barriguda e Toca da Boa Vista, localizadas no município de Campo Formoso (BA). Os resultados da atividade subsidiarão a elaboração dos Planos de Manejo Espeleológico das cavidades naturais subterrâneas. Inseridos dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão da Onça, os locais recebem visitação desordenada, havendo relatos de danos aos ambientes subterrâneos. Entre outros objetivos, o plano de manejo buscará estabelecer regras de uso e o zoneamento de ambas as cavernas.
Apesar de décadas de exploração, as duas cavernas ainda não foram completamente mapeadas. Até hoje, a Toca da Boa Vista, possui cerca de 114 km de condutos mapeados, e a Toca da Barriguda 25 km. São as duas maiores cavidades naturais subterrâneas do Brasil.
A expedição faz parte do subprojeto "Bioprospecção de fungos isolados em cavernas brasileiras: conhecer, explorar e preservar", coordenado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e inserido no TCCE ICMBio/Vale 1/2022, firmado entre o Instituto Chico Mendes e a Vale S.A. Segundo o analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav) e um dos participantes da expedição, Diego Bento, o trabalho buscou “inventariar adequadamente fungos anemófilos (ar) e de sedimento (solo, guano, etc) em cinco pontos amostrais em cada uma das cavernas, distribuídos ao longo dos trechos potencialmente visitáveis.”
O analista ambiental explica que foram obtidas, para cada uma das cavernas, 15 amostras para inventário de fungos anemófilos, 15 de sedimentos, cinco de superfícies de espeleotemas e duas de folhiço de zonas de entrada. Após o cultivo em laboratório do material coletado, serão realizadas análises morfológicas e genéticas para identificação das espécies amostradas e descrição de possíveis novas espécies. Também estão previstas investigações sobre potencial biotecnológico. Além dos produtos científicos, será elaborada a lista de espécies presentes em cada ponto/substrato amostrado, que será subsídio para possíveis ações de manejo da visitação, principalmente em caso de presença de espécies potencialmente patogênicas ao ser humano.
O subprojeto é coordenado pela profa. dra. Cristina Maria de Souza Motta, do Departamento de Micologia da UFPE. Estiveram presentes na expedição a pós-doutoranda Joenny Maria da Silveira de Lima, a doutoranda Jordane Pimentel Nóbrega, a mestranda Celine Cecília Alexandre da Silva, todas da UFPE, e o espeleólogo Thiago Mattos Espírito Santo, do grupo de espeleologia local Sociedade Espeleológica Azimute.
