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DNA revela caminhos para proteger crustáceos ameaçados no Brasil
Você já ouviu falar em crustáceos ameaçados de extinção no Brasil? Caranguejos, camarões e lagostins desempenham papéis fundamentais nos ecossistemas aquáticos, mas vêm sofrendo os efeitos da degradação ambiental, da poluição e das mudanças em seus habitats. Um estudo recente trouxe novas respostas para entender onde essas espécies estão mais vulneráveis e como podem ser melhor protegidas.
A pesquisa foi publicada na revista científica Hydrobiologia com o artigo “Diversity patterns of threatened decapod species in Brazil: a comparison between assessments and a genetic perspective” (link para o artigo). O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Bioecologia e Sistemática de Crustáceos (LBSC) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP/USP) em parceria com o CEPSUL.
Os cientistas compararam duas listas oficiais de espécies ameaçadas no Brasil (2016 e 2022) e, pela primeira vez, integraram análises genéticas ao levantamento. Utilizando informações sobre a distribuição das espécies e dados de DNA mitocondrial, identificaram que as regiões Sul e Sudeste concentram a maior quantidade de crustáceos ameaçados. Além disso, algumas áreas costeiras e ilhas oceânicas também se destacaram por abrigar espécies com histórias evolutivas únicas, ou seja, geneticamente distintas das demais.
Um dos avanços do estudo foi a ampliação da “biblioteca genética” desses organismos: o número de sequências de DNA disponíveis para crustáceos ameaçados foi quadruplicado. Esses dados são fundamentais para compreender como as espécies se relacionam, como evoluíram e onde estão os grupos mais singulares — informações essenciais para a conservação.
Os resultados também mostraram que muitas das espécies ocorrem em áreas já contempladas por planos nacionais de conservação. No entanto, os pesquisadores identificaram regiões de água doce no Sul do país que ainda necessitam de maior atenção e proteção.
Por fim, os autores reforçam a importância de ampliar o esforço de coleta de dados genéticos e atualizar constantemente as avaliações de biodiversidade no Brasil. Esse conhecimento contribui para a formulação de políticas públicas mais eficazes, capazes de proteger não apenas a quantidade de indivíduos, mas também a diversidade genética e evolutiva que eles representam.