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SPE 33 ANOS
Alinhada a padrões internacionais, SPE apresenta nova metodologia para o PIB Potencial
Segundo a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal, hoje o Brasil
consegue gerar mais empregos sem o aumento de preços do passado. Foto: Washington Costa/MF
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apresentou, na segunda-feira (01/12), a atualização da metodologia de cálculo do PIB Potencial. O novo modelo aponta que o Brasil teve capacidade estrutural para crescer 2,6% em 2024. Os dados foram detalhados durante o seminário em comemoração aos 33 anos da SPE realizado em Brasília (DF).
O PIB Potencial mensura a capacidade de produzir da economia. Ele representa o máximo que o país pode crescer ao utilizar plenamente suas máquinas, trabalhadores e recursos, sem causar desequilíbrios de preços. Ter esse número calibrado é importante para guiar decisões de política monetária e planejar o orçamento público com responsabilidade.
Existem diferentes modelos para estimar o PIB potencial e muitos deles dependem de fatores que não aparecem de forma direta nas estatísticas, como inovação e capital humano. A metodologia apresentada pela SPE inova ao incorporar fatores naturais relevantes para a economia brasileira e alinhar o cálculo às melhores práticas internacionais. Com a atualização, a estimativa passou a considerar algumas riquezas naturais do país, como a disponibilidade de terra agricultável e a capacidade de geração de energia elétrica.
Para o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, o modelo apresentado é uma ferramenta importante para orientar decisões de política econômica. Segundo ele, medidas apoiadas em parâmetros mais estáveis tendem a ser mais bem calibradas e a contribuir de maneira mais significativa para um crescimento sustentável ao longo do tempo.
"Quanto mais preciso, mais fidedigno, mais correspondente à estrutura da nossa economia for esse tipo de métrica, mais ela pode ajudar a informar corretamente o formulador de política econômica e com isso gerar uma gestão macro condizente com a ideia de estabilidade de médio e longo prazo", avaliou.
Trajetória consistente e hiato do produto
A apresentação da nova metodologia criada pela SPE foi feita por Lorena Brandão, da subsecretaria de Política Macroeconômica. Segundo ela, a capacidade produtiva do Brasil desenhou uma trajetória de recuperação consistente nos últimos anos. O PIB Potencial estimado foi de 2,1% em 2022, avançou para 2,5% em 2023 e atingiu 2,6% em 2024.
“Quando a gente olha para a decomposição do PIB potencial, tentando detalhar a contribuição de cada fator de produção, a gente nota, pelo gráfico, que o maior crescimento estimado desde 2023 reflete principalmente uma maior contribuição do capital físico e da produtividade total dos fatores. A contribuição da capacidade de geração de eletricidade e do capital humano também aumentou, mas em magnitude bem menor.”, explicou.
Segundo Brandão, os resultados evidenciam que o PIB potencial calculado pela SPE oscila menos do que o de outras instituições. Ela também esclareceu que a diferença entre o que a economia produz hoje e o que poderia produzir de forma sustentável, conhecida como hiato do produto, tem média mais próxima de zero na nova metodologia, indicando menor viés.
Quando o hiato é negativo, a economia opera abaixo do seu nível sustentável, com maior capacidade ociosa. Quando é positivo, aponta ritmo acima desse nível, com maior chance de pressão sobre preços. Na estimativa da SPE para 2024, esse resultado ficou levemente acima de zero, em 0,4%, afirmou a economista.
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De acordo com a subsecretária de Política Macroeconômica e mediadora da mesa sobre o tema no seminário, Raquel Nadal, o hiato poderia estar ainda mais aberto não fosse a redução observada na taxa de desemprego de equilíbrio nos últimos anos. Essa redução ajuda a explicar o melhor comportamento da inflação comparativamente ao que seria esperado com a taxa de desemprego atual, no mínimo histórico. Em outras palavras, hoje o Brasil consegue ter mais pessoas empregadas sem que isso gere automaticamente o mesmo aumento de preços que ocorreria no passado.
“Mesmo com o mercado de trabalho em ritmo aquecido, com a taxa de desemprego no mínimo histórico, a inflação não está tão alta quanto estaria em outros casos [...] com a taxa de desemprego de equilíbrio caindo um pouco e o que a nossa metodologia mostra ajuda a explicar esse movimento ”, disse.
A subsecretária, no entanto, ponderou que o cenário apresenta desafios relevantes à frente. Entre eles, Nadal destacou a necessidade de elevar a produtividade do trabalho para sustentar o crescimento. “Sem dúvida, isso será um desafio, porque a taxa de participação na força de trabalho vem se reduzindo ao longo do tempo e deve cair ainda mais com a tendência de envelhecimento da população. Por isso, o esforço passa por elevar essa taxa de participação, inclusive ao buscar maior equilíbrio na participação das mulheres no mercado de trabalho, e por reforçar a educação, que é vital para que o país siga crescendo e se desenvolvendo”, completou
O painel abrigou também a análise de membros de outras instituições, como do representante do Ipea, Cláudio Amitrano, do Ipea, e do do BNDES, Gilberto Borça. Eles avaliaram a consistência técnica do método.
Assista à íntegra do debate:
