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Desenvolvimento Produtivo
Ao receber estudo do Banco Mundial, Sudene enfatiza que estratégias econômicas se fortalecem quando integradas às dinâmicas sociais da região
Foto: Elvis Aleluia (Ascom/Sudene)
Recife (PE) – A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) recebeu nesta quinta-feira (11) a versão definitiva do relatório “Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão”, produzido pelo Banco Mundial. O documento aponta fatores que ainda limitam o crescimento da região e destaca oportunidades nativas e estruturantes para superar os entraves apontados.
Durante a apresentação, a diretora do Banco Mundial no Brasil, Cécile Fruman, ressaltou o simbolismo da articulação promovida pela Sudene. “Este debate é a prova da importância da colaboração de atores institucionais tão relevantes. O Nordeste é importante para o Banco Mundial no desenvolvimento de uma economia mais inclusiva, produtiva e verde, tendo a região um papel crucial nestas três frentes. É o início de um diálogo produtivo para estruturar políticas públicas e investimentos que permitam aproveitar as oportunidades”, afirmou.
O estudo destaca que o Nordeste dispõe de elementos sociais e econômicos importantes, entre eles o fato de possuir uma das populações mais jovens do país, com 80% em idade ativa e uma taxa de dependência decrescente, estando a região bem-posicionada para capitalizar dividendos demográficos. A proporção de trabalhadores com diploma universitário quase dobrou em dez anos (de 9,1% em 2012 para 17% em 2023), enquanto a região se consolida como protagonista em energia limpa. Apesar disso, o ritmo de convergência econômica com as regiões mais desenvolvidas do país desacelerou segundo dados do estudo, registrando entre 2010 e 2022 crescimento médio de 0,9% ao ano no PIB per capita.
Para a instituição financeira, a dependência excessiva da agricultura, embora tenha impulsionado ganhos recentes, limita a criação de empregos urbanos e de maior produtividade. Já a indústria e os serviços, que absorvem 86% da força de trabalho, enfrentam baixo dinamismo e um ambiente de negócios que ainda demanda maior celeridade regulatória, melhor distribuição de crédito e estímulo à inovação. Além disso, gargalos logísticos, déficits de saneamento e limitações na digitalização restringem o potencial de expansão econômica.
“Para reduzir a pobreza no Brasil é fundamental acelerar o crescimento do Nordeste, com iniciativas focadas em ganhos de produtividade e na geração de empregos de melhor qualidade. A transição energética já oferece oportunidades, mas é preciso que isso se transforme em vínculos produtivos que gerem empregos qualificados na indústria e nos serviços. Além disso, é preciso considerar o novo ambiente de negócios e as oportunidades que vão surgir com a reforma tributária. Os estados precisam se preparar para esta realidade”, analisou o economista sênior do Banco Mundial, Cornelius Fleischhaker.
Na visão do Banco Mundial, o crescimento sustentável do Nordeste depende de políticas que priorizem produtividade e inovação. O relatório também recomenda modernizar o ambiente regulatório, aperfeiçoar critérios de crédito subsidiado e ampliar a qualificação profissional.
Para o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, o estudo oferece contribuição relevante à análise econômica da região, mas é preciso avançar na leitura das realidades que compõem o Nordeste. Segundo ele, análises econômicas devem incorporar dimensões sociais específicas do território, considerando trajetórias de mobilidade social, estruturação racial e particularidades naturais e sociais de cada estado. Esses elementos, afirmou, qualificam o debate sobre crédito e instrumentos de fomento, permitindo que as políticas públicas representem com mais precisão a complexidade regional.
O coordenador-geral de Estudos e Projetos da Sudene, José Farias, destacou que o relatório oferece subsídios importantes para o planejamento regional, ao apoiar a formulação de políticas voltadas à redução das desigualdades e ao enfrentamento de temas sensíveis. Ele ressaltou, no entanto, que a análise precisa ser integrada a uma compreensão mais ampla dos condicionantes estruturais de natureza econômica e social que historicamente moldaram as dinâmicas do Nordeste. Farias acrescentou que a Sudene pretende utilizar os principais achados do estudo como referência para construir agendas que ampliem oportunidades e consolidem o papel da região como motor do desenvolvimento nacional.
O encontro reuniu representantes de diversas instituições envolvidas na agenda de desenvolvimento regional, entre eles Bettina Ferraz Barbosa, do PNUD Brasil; os presidentes das Fundações de Amparo à Pesquisa Fabio Guedes (Alagoas), Handerson Dourado (Bahia), Francisco Xavier (Piauí) e Leonardo Ferraz (Facepe); além da diretora de Administração da Sudene, Teresa Oliveira. Também participaram Ana Cláudia Arruda, conselheira do Conselho Federal de Economia; Elias Sampaio, economista do Ministério da Gestão e da Inovação; Sérgio Kelner, economista e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco; além de representantes das secretarias estaduais da Fazenda.
O relatório completo está disponível no endereço https://www.worldbank.org/pt/country/brazil/publication/brazil-pathways-northeast-productivity-jobs-inclusion.
Reportagem: Agnelo Câmara, Assessoria de Comunicação da Sudene • Mais informações: ascom@sudene.gov.br | (81) 2102.2102
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