Mercúrio
O mercúrio é encontrado naturalmente na crosta terrestre, na água, na biota e na atmosfera e pode apresentar-se na forma metálica ou de compostos orgânicos e inorgânicos. Possui elevada toxidade em todas as suas formas, sendo reconhecidamente uma substância causadora de efeitos adversos à saúde humana, principalmente neurológicos.
Devido a sua toxidade, mercúrio encontra-se entre os dez produtos químicos ou grupos de produtos químicos de maior preocupação para a saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A espécie mais tóxica do mercúrio é o metilmercúrio (mercúrio orgânico), produzido biologicamente por bactérias por um mecanismo natural de detoxificação. Possui grande capacidade de bioacumulação (capacidade de se acumular nos seres vivos ao longo do tempo por meio da ingestão de alimentos contaminados, principalmente pescados) e de biomagnificação (capacidade de se acumular nos organismos vivos ao longo da cadeia alimentar – quanto maior o nível trófico, maior a concentração de metilmercúrio).
A exposição ao mercúrio e seus compostos, mesmo em baixos níveis, pode resultar em prejuízos à saúde humana, especialmente, em populações em situação de vulnerabilidade, principalmente em gestantes, lactantes e crianças. Em humanos, a exposição ao mercúrio e seus compostos pode afetar o desenvolvimento de fetos e crianças; causar danos, principalmente, no sistema nervoso central; nos sistemas imunológico, hematológico e cardiovascular; na tireoide, nos rins, nos pulmões, nos olhos e na pele, paralisia e óbitos, em casos extremos. Além disso, pode ocasionar perda da visão periférica; sensação de formigamento nas mãos, pés e boca; tremores; dificuldades motoras; problemas na fala, na audição e na deambulação; fraqueza muscular, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, taquicardia e hipertensão, dentre outros sintomas.
Apesar de não ser produzido naturalmente no Brasil, é obtido no país por meio da importação e utilizado em atividades relacionadas ao uso do carvão mineral, na produção e processamento de metais primários, como zinco, cobre e chumbo; como material auxiliar em processos industriais; na produção de cimento e de produtos como termômetros, materiais elétricos, lâmpadas, pilhas e baterias; na odontologia, na incineração de resíduos, dentre outras.
É importante destacar o uso intenso e indiscriminado do mercúrio nas atividades de mineração do ouro, principalmente do garimpo ilegal na bacia Amazônica, impactando o ambiente, causando contaminação de peixes e afetando diretamente a saúde das populações do campo, floresta e água, principalmente indígenas, tradicionais, ribeirinhas e garimpeiros.
Os grupos mais vulneráveis aos efeitos do mercúrio são:
- Pessoas que se alimentam, frequentemente, de peixe, particularmente mulheres em idade fértil, gestantes, lactantes e crianças;
- Trabalhadores da mineração do ouro, garimpeiros e seus familiares;
- Catadores expostos ao vapor de mercúrio;
- Trabalhadores de fábricas de cimento, de fábricas de cloro-álcalis e de consultórios odontológicos em que se utiliza amálgama de mercúrio;
- Dentre outros.
Uma das estratégias para promover a qualidade de vida e reduzir, controlar ou eliminar os riscos à saúde de populações expostas ou potencialmente expostas ao mercúrio é o desenvolvimento de ações de Vigilância em Saúde das Populações Expostas a Substâncias Químicas voltadas para a caracterização do território e da população exposta ou potencialmente exposta ao mercúrio, definição de rotas de exposição, realização de análises de situação de saúde e vigilância epidemiológica dos casos de intoxicação exógena por mercúrio, monitoramento dos níveis do mercúrio no ambiente , dentre outras de modo a subsidiar a elaboração de políticas públicas de saúde, a organização e o planejamento e execução das ações de prevenção, promoção e atenção integral à saúde.
Saiba mais sobre orientações para a Notificação de Intoxicações por Mercúrio