Raiva humana
Com a intensificação das ações de vigilância e controle da raiva canina e felina nos últimos 30 anos, o Brasil alcançou significativa redução nas taxas de mortalidade por raiva humana, com o predomínio de casos em caráter esporádicos e acidentais.
Casos de Raiva humana segundo espécie animal de agressor, 1986-2023*, Brasil
Fonte: SVS/MS. *Atualizado em 16/05/2023.
No período de 2010 a 2023, até o momento, foram registrados 47 casos de raiva humana (Tabela 2). Desses casos, nove tiveram agressões provocadas por cães, 24 por morcegos, cinco por primatas não humanos, dois por raposas, quatro por felinos, um por bovino e em dois deles não foi possível identificar a espécie de animal agressora (Tabela 3). Na série histórica de casos de raiva humana no Brasil, apenas dois casos evoluíram para cura, os demais evoluíram para óbito (Tabela 4 e Tabela 5).
Em 2015, foram identificados dois casos de raiva humana, transmitido por felino infectado com a variante 3 (transmissão secundária - “spillover”), no estado da Paraíba, e o outro pela variante 1, típica de cães, no estado do Mato Grosso do Sul (último caso registrado por esta variante). Esse caso no Mato Grosso do Sul, ocorreu em razão da epizootia canina nos municípios de Corumbá e Ladário, a partir da introdução de animal positivo pela fronteira com a Bolívia. Em 2016, foram notificados dois casos de raiva humana, um em Boa Vista/Roraima, transmitido por felino infectado com a variante 3 (transmissão secundária - “spillover”), e um em Iracema/Ceará, por morcego (Desmodus rotundus), também pela variante 3.
Em 2017, foram registrados seis casos de raiva humana, todos pela variante 3 de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus). Cinco casos foram provocados por agressões diretas por morcegos, sendo três deles em adolescentes de uma mesma família, residentes em uma reserva extrativista no município de Barcelos, no estado do Amazonas; e os outros dois casos ocorreram nos estados da Bahia e do Tocantins. O sexto caso ocorreu no estado de Pernambuco, após agressão de um gato de rua infectado com a variante 3 (transmissão secundária - “spillover”).
No ano de 2018, foram registrados 11 casos de raiva humana no Brasil. Destes, 10 casos foram relacionados a um surto em área ribeirinha em Melgaço/Pará, todos eles com histórico de espoliação por morcegos e sem realização de profilaxia antirrábica pós-exposição. Todos os casos evoluíram para óbito, sendo nove menores de 18 anos. O décimo primeiro caso registrado, foi um homem residente no estado do Paraná, mas que foi espoliado por morcego em Ubatuba, no estado de São Paulo.
Em 2019, foi registrado um caso de raiva humana no Brasil, no município de Gravatal/Santa Catarina, transmitido por felino infectado com variante 3 (transmissão secundária - “spillover”), reforçando que os animais domésticos participam como importantes transmissores da raiva secundária. Foram notificados dois casos de raiva humana no Brasil no ano de 2020. O primeiro deles ocorreu no município de Angra dos Reis/Rio de Janeiro, e teve como animal agressor um morcego. O segundo caso foi registrado no município de Catolé do Rocha/Paraíba, em uma mulher de 68 anos, agredida por uma raposa. Em 2021, foi registrado um caso de raiva humana no município de Chapadinha/Maranhão. Tratava-se de uma criança de 02 anos que foi agredida por uma raposa infectada com variante de canídeos silvestres (Cerdocyon thous).
Em 2022 foram confirmados cinco casos de raiva humana no Brasil, em todos eles foram identificados a variante 3. Quatro casos foram notificados em uma aldeia indígena no município de Bertópolis/Minas Gerais (sendo dois adolescentes de 12 anos e duas crianças de 4 e 5 anos), e um caso, no Distrito Federal (adolescente entre 15 e 19 anos).
No ano de 2023, até o presente momento, dois caso de raiva humana foram notificados no Brasil. O primeiro caso foi no município de Mantena/MG, transmitido por um bovino infectado com variante de morcego (linhagem genética Desmodus rotundus), o segundo caso foi notificado em Cariús/CE, um homem de 34 anos agredido por um primata não-humano (Callithrix jacchus).