Situação Epidemiológica
A 7ª pandemia de cólera teve início na Indonésia, em 1961, e atingiu o Brasil em 1991, pela fronteira do Amazonas com o Peru. A epidemia se alastrou progressivamente pela região Norte e até o final de 1992, todos os estados do Nordeste foram atingidos, e casos autóctones foram registrados, sendo um caso no Rio de Janeiro e um caso no Espírito Santo. Em 1993, houve o avanço da doença para as regiões Sudeste e Sul e, a partir de 1995, observou-se uma importante diminuição do número de casos de cólera no país. Entre 2002 e 2003, não houve registro de casos. Já em 2004, 21 casos foram confirmados e, em 2005 foram cinco casos confirmados, sendo esses, os últimos casos autóctones registrados no país nesse período. A partir de 2006, não houve casos autóctones de cólera no Brasil, apenas casos importados: um de Angola, notificado no Distrito Federal (2006); um proveniente da República Dominicana, em São Paulo (2011); um de Moçambique, no Rio Grande do Sul (2016); e um da Índia, no Rio Grande do Norte (2018).
No mundo, após seguidos anos de queda tem ocorrido um aumento de casos de cólera e de sua distribuição geográfica. De 1º de janeiro a 31 de agosto de 2025, um total acumulado de 462.890 casos de cólera e 5.869 mortes foram relatados em 32 países em cinco regiões da OMS, com a Região do Mediterrâneo Oriental registrando os números mais altos, seguida pela Região Africana. Nenhum caso foi relatado na Região Europeia. Nas Américas, nesse período, houve surto declarado apenas no Haiti.
Conflitos, deslocamentos em massa, desastres naturais e mudanças climáticas intensificaram as ocorrências dos surtos, especialmente em áreas rurais e afetadas por enchentes, onde a infraestrutura precária e o acesso limitado à saúde dificultam o tratamento. Esses fatores tornaram os surtos de cólera cada vez mais complexos e difíceis de controlar.
Portanto, diante do aumento de casos de cólera em todo o mundo, especialmente na ocorrência na região das Américas, é crucial destacar a importância de os profissionais de saúde estarem atentos à situação epidemiológica global da doença, à identificação de casos suspeitos, à realização de investigações epidemiológicas e à implementação de medidas de prevenção e controle.
Nota Técnica nº 68/2023-CGZV/DEDT/SVSA/MS
- Situação Epidemiológica nas Américas (15/09/2025)
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