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SAÚDE COM CIÊNCIA
Impulsionar a vacinação e barrar o negacionismo são prioridades para novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha
Foto: Ministério da Saúde
“Não permitiremos que discursos irresponsáveis e mentiras, por vezes propagados de maneira criminosa, nos impeçam de proteger a vida e o futuro das nossas famílias. Nós vamos impulsionar um movimento nacional pela vacinação e defesa da vida que consolidará o Brasil como o mais amplo e diverso programa público de vacinação do mundo”, afirmou o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante seu discurso de posse, que ocorreu na tarde desta segunda-feira (10), em Brasília.
Padilha sai da Secretaria de Relações Institucionais e assume a pasta no lugar de Nísia Trindade, com um propósito bem claro. “Aqui vocês têm um ministro e um Presidente da República que dizem sim à OMS [Organização Mundial da Saúde]. Que dizem SIM às campanhas de vacinação, que todos os anos salvam milhares de vidas”, disse.
Barreira contra o negacionismo e a desinformação
Outro ponto defendido pelo ministro é o compromisso de que sua gestão “fará uma barreira sanitária necessária contra qualquer tipo de negacionismo. “Na condição de Ministro da Saúde, como médico, professor universitário, pesquisador e defensor do SUS, terei, sim, um inimigo, diante do qual nunca recuarei: o negacionismo e as ideologias que desprezam a vida”, enfatizou.
O governo federal já vem trilhando um caminho claro para aumentar a cobertura vacinal no país. A partir de diversas ações, como vacinação nas escolas, estratégias de comunicação regionalizadas e microplanejamentos, por exemplo, “o Brasil teve a recuperação da cobertura vacinal após anos de negacionismo. Ele também saiu da vergonhosa lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas em todo o mundo e recuperou o certificado de país livre do sarampo”, defendeu a ex-ministra Nísia Trindade, durante a cerimônia.
Padilha lembrou quando a vacina contra o HPV foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), em 2013. “Tivemos de enfrentar o que talvez tenha sido o primeiro movimento em redes sociais de Fake News contra uma vacina. Diziam de tudo: que a primeira vacina gerava sexualização precoce, provocava infertilidade e causava convulsões e desmaios”, explicou.
Respeito à ciência
De acordo com o novo ministro, a saúde tem potencial de ser um catalisador de desenvolvimento e inovação no país, com a promoção de avanços tecnológicos e científicos voltados às necessidades da população brasileira e do SUS.
“Não há truque mágico. Só se enfrenta um problema de saúde pública à luz da ciência. Isso significa ter profissionais mobilizados e bem orientados tecnicamente, estabelecer a mensagem correta para a mobilização das famílias e das comunidades, unir esforços ao invés de alimentar conflitos políticos entre a União, os estados e os municípios”, ressaltou Padilha.
SUS
A importância do Sistema Único de Saúde também foi ponto central do discurso do ministro. Segundo o ministro, o SUS é um pilar fundamental da sociedade brasileira e o compromisso é defendê-lo de ataques e retrocessos.
“Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras", afirmou, referindo-se ao impacto das políticas negacionistas na crise sanitária da covid-19.
O novo ministro assegurou que sua gestão não medirá esforços para fortalecer as campanhas de vacinação, enfrentar doenças tropicais como a dengue e a malária e buscar novas tecnologias para aprimorar o atendimento no SUS.
O papel do SUS na produção científica e no desenvolvimento tecnológico do Brasil, citando como exemplo a recente produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan, também foi destaque. O imunizante é fruto de uma transferência de tecnologia que garante mais autonomia ao país na produção de imunizantes.
Enfrentamento à desinformação
O Programa Saúde com Ciência é uma iniciativa interministerial inédita, criada para ajudar na defesa da vacinação, na valorização da ciência e no combate à desinformação. A proposta faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso. A propagação de conteúdos enganosos é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.
A estratégia é coordenada pelo Ministério da Saúde e pela Secretária de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, com a parceria dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Ciência e Tecnologia e Inovação, e com a Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União (AGU), garantindo atuação em diferentes frentes.
A partir do acompanhamento e análise de fontes de dados relevantes de disseminação de conteúdos falsos no ambiente digital, a meta é desenvolver ações para reduzir e mitigar o efeito negativo dessas informações que prejudicam a confiança da população na segurança das vacinas e que impactaram significativamente nas ações promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) nos últimos anos.