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SAÚDE COM CIÊNCIA
Não caia em Fake News: nutrição é coisa séria
Fonte: Internet
Já se deparou com dicas sobre alimentação que focam em informações como “zero carbo”, “rico em ômega-3”, “hiper proteico”, ou focam no sucesso de uma alimentação saudável ao consumo de alimentos específicos como ovo e batata doce?
Essas são estratégias que resultam de uma perspectiva simplista sobre a nossa alimentação. Vemos na televisão, rádio, revistas e internet recomendações sobre alimentação e saúde baseadas em uma abordagem restritiva, conteúdos enganosos ou mesmo sem nenhum respaldo científico, o que representa uma grave ameaça à saúde e à nutrição da população.
Muitas vezes, a noção de alimentação saudável é confundida com dietas para emagrecer. São informações que reforçam estereótipos, especialmente relacionados às questões de busca por um padrão corporal, que podem resultar no desenvolvimento de uma relação conflituosa com a comida e o próprio corpo.
O fato é que a alimentação da população brasileira tem mudado bastante nas últimas décadas. A alimentação baseada em comida caseira, o típico “PF”, bolos e quitandas com preparações culinárias baseadas em alimentos naturais e minimamente processados, tem sido substituída por produtos alimentícios ultraprocessados (refeições prontas, lanches tipo fast-food, entre outras soluções industriais) muitas vezes com alegações de serem saudáveis.
Desinformação nutricional
Precisamos nos atentar se as informações sobre alimentação são confiáveis ou não para o melhor cuidado da saúde. Você já refletiu sobre a fonte das informações que você acessa sobre alimentação saudável?
Apesar dos conteúdos sobre alimentação e nutrição estarem mais acessíveis, muitos induzem modismos e levam à depreciação de alimentos e práticas alimentares tradicionais, como o consumo dos chamados “super alimentos”. De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, estudos indicam que a proteção que o consumo de frutas ou de legumes e verduras confere contra doenças do coração e certos tipos de câncer não se repete nas intervenções baseadas no uso de medicamentos ou suplementos que contêm nutrientes isolados.
O fato é que o ato de comer vai além ingestão de nutrientes. Considera também a origem dos alimentos, se eles derivam de um sistema alimentar saudável e sustentável, como são combinados entre si e as dimensões culturais e sociais das práticas alimentares. Todos esses aspectos influenciam no bem-estar e na saúde individual, comunitária e planetária. Por isso, é importante priorizar fontes confiáveis que abordem a alimentação e a nutrição com responsabilidade e respaldo científico que considere essas dimensões.
Olhe para o seu prato. O que vê nele? A pergunta tem mais sentido do que você imagina.

- Comida in natura
Você consegue saber a origem da fruta que ficou para a sobremesa ou mesmo como o feijão foi preparado? Quem foram as pessoas envolvidas no plantio, colheita, distribuição e combinação dos ingredientes para elaborar uma preparação culinária? Quais as pessoas envolvidas no seu preparo? Há um mundo de possibilidades e realidades em um prato de comida e todas elas têm relação com nossa saúde.
Guias Alimentares como fonte de informação adequada e saudável
No Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia Alimentar para Crianças menores de 2 anos, são documentos que apresentam princípios e recomendações para uma alimentação adequada e saudável tanto para a população quanto para subsidiar políticas públicas. O Guia é uma ferramenta de promoção da alimentação adequada e saudável e um marco de referência para indivíduos e famílias, governos e profissionais da saúde e de outros setores.
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, o acesso a informações confiáveis sobre características e determinantes da alimentação adequada e saudável contribui para que os indivíduos, as famílias e as comunidades ampliem a autonomia para fazer escolhas alimentares e para que exijam o cumprimento do direito humano à alimentação adequada e saudável.
Regra de Ouro
O Guia sugere que a preferência seja sempre por alimentos in natura ou minimamente processados e, também que a escolha seja por preparações culinárias em vez de alimentos ultraprocessados. Ou seja: opte por água, frutas, verduras, legumes e leite no lugar de refrigerantes, bebidas lácteas e biscoitos recheados; não troque comida feita na hora (caldos, sopas, saladas, molhos, arroz e feijão, macarronada, refogados de legumes e verduras, farofas, tortas) por produtos que dispensam preparação culinária (sopas “de pacote”, macarrão “instantâneo”, pratos congelados prontos para aquecer, sanduíches, embutidos, molhos industrializados); e prefira sobremesas caseiras, dispensando aquelas ultraprocessadas, cheias de aditivos químicos.
O Guia Alimentar para a População Brasileira reconhece o desfio de adotar essas recomendações e chama a atenção para o obstáculo da informação, ressaltando que muitas fontes não são confiáveis.
Como não cair em Fake News
- Tenha os Guias Alimentares como fonte confiável de informação sobre alimentação adequada e saudável. As recomendações são baseadas em evidências atuais e são culturalmente adaptáveis às diferentes realidades brasileiras.
- Olhe com cuidado e de forma mais crítica para as dicas ou sugestões de alimentação e nutrição, em especial as encontradas na internet. Deve-se evitar informações sensacionalistas, que apresentem soluções simples para problemas complexos. Para quem gosta de seguir perfis que dão dicas de alimentação saudável nas mídias sociais, é importante escolher profissionais sérios e com registro profissional, que divulgam informações baseadas em evidências científicas que estejam alinhadas às recomendações dos Guia Alimentares.
- Aproveite para discutir as informações e recomendações dos Guias Alimentares com seus familiares, amigos e com os profissionais de saúde que o atende.
- Siga as redes do Ministério da Saúde e de outros órgãos e instituições oficiais, além de profissionais com registros em conselhos que apresentam as referências para os seus conteúdos.
Uma visão crítica do que se lê é muito importante para o combate à desinformação. O Ministério da Saúde te ajuda a superar esse obstáculo.
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes:
Guia Alimentar para População Brasileira
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de 2 anos
Versão resumida do Guia Alimentar para a População Brasileira
Desmistificando dúvidas sobre alimentação e nutrição: material de apoio para profissionais de saúde / Ministério da Saúde
Carvalho, A. M. de, Castro, A. C. C. de, Sakamoto, R. F., & Freitas, F. M. N. de O. (2024). O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS NA NUTRIÇÃO E NA SUA RELAÇÃO COM TRANSTORNOS ALIMENTARES. Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 10(10), 5294–5307. https://doi.org/10.51891/rease.v10i10.16390
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