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INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Pomadas capilares: Ministério da Saúde orienta sobre riscos e prevenção
Com a proximidade das festas de fim de ano, das férias escolares e do Carnaval, o Ministério da Saúde reforça o alerta sobre os riscos à saúde associados ao uso de pomadas capilares não autorizadas. O tema foi abordado no último webinário de 2025 da série Diálogos em Saúde Ambiental, promovido pela Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM), da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA).
A iniciativa teve como objetivo orientar profissionais de saúde e a população sobre o uso seguro de pomadas capilares autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de apresentar os principais sinais e sintomas de intoxicação exógena e destacar a importância da notificação dos casos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo dados apresentados no webinário, entre 2023 e 2025, foram registrados 3.821 casos de intoxicação exógena associados ao uso de pomadas capilares no Brasil. O maior número de notificações ocorreu em 2023, com 1.544 casos, seguido por 2024, com 1.479 registros. Em 2025, até a semana epidemiológica 47, já haviam sido contabilizados 798 casos, o que acende um alerta antes mesmo do período de maior incidência no fim do ano.
A consultora técnica da CGVAM e mediadora do encontro, Simone Serrão, explicou que a escolha do tema está relacionada ao comportamento sazonal dos casos. “No período que compreende as festas de fim de ano, as férias escolares e, na sequência, o carnaval, intensificam-se os cuidados estéticos e de beleza, o que se reflete no aumento dos registros de intoxicação exógena associados ao uso de pomadas capilares. Por isso, é fundamental reforçar ações de prevenção e orientação à população”, destacou.
Os dados mostram que os casos se concentram principalmente em grandes centros urbanos. O Rio de Janeiro lidera as notificações, com 58,9% dos casos, seguido por Pernambuco (28,3%) e Bahia. Entre os municípios, as capitais Rio de Janeiro, Recife e Salvador concentram a maior parte dos registros.
O perfil epidemiológico indica que 89,5% das notificações ocorreram entre mulheres, sobretudo na faixa etária de 21 a 40 anos. A maior incidência foi observada na população negra (pretos e pardos), que representa 64,8% dos casos notificados.
Durante o webinário, a médica e consultora técnica da CGVAM, Andréa Amoras, alertou que, embora sejam cosméticos, as pomadas capilares são produtos químicos e podem causar danos à saúde. “Os principais efeitos observados são danos oculares, como ardor intenso, lacrimejamento, dor, fotofobia e visão borrada, podendo evoluir para lesões na córnea e perda visual temporária”, afirmou.
Além dos problemas oculares, também foram relatados efeitos dermatológicos, como dermatite de contato no couro cabeludo e no pescoço, além de sintomas neurológicos e sistêmicos, incluindo dor de cabeça, tontura e náuseas.
O consultor técnico da CGVAM, Lucas Sanglard, orientou os profissionais que atuam em salões de beleza e barbearias que utilizam pomadas capilares para modelagem de cabelos a verificarem se os produtos aplicados possuem autorização da Anvisa, recomendando o uso do painel de Consulta de Pomadas Autorizadas do órgão regulador como instrumento oficial para essa verificação. A intoxicação exógena é um agravo de notificação compulsória e deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Conforme destacou Lucas, “a notificação adequada é essencial para o monitoramento dos casos e para a resposta do Sistema Único de Saúde. Essas informações são estratégicas, pois permitem identificar padrões, orientar ações de vigilância e fortalecer as medidas de prevenção e proteção à saúde da população”, afirmou.
Precauções
Para o uso seguro de pomadas capilares, a orientação é verificar se o produto é regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seguir rigorosamente as instruções do fabricante e utilizar apenas a quantidade recomendada. Também é importante evitar o uso do cosmético em caso de irritações na pele ou nos olhos, optar por produtos mais naturais, manter o item armazenado em local seguro e respeitar a data de validade. O uso deve ser evitado antes de entrar em piscinas ou no mar, já que o contato com a água aumenta o risco de escorrimento para os olhos. Durante a retirada da pomada, recomenda-se proteger cuidadosamente a região ocular para evitar contato direto com o produto.
Em situações de contato da pomada com os olhos, a recomendação é lavar imediatamente com água corrente por, no mínimo, 15 minutos e procurar atendimento de saúde. Além disso, é fundamental notificar a Anvisa sobre o ocorrido, contribuindo para o monitoramento da segurança dos produtos no país. Pessoas com problemas oculares, como conjuntivite, devem evitar o uso de cosméticos para modelar ou trançar os cabelos, a fim de prevenir o agravamento do quadro. O Ministério da Saúde reforça o alerta especialmente após o aumento de casos de emergências oftalmológicas registrado no final de 2023, período em que foi observada a necessidade de atenção redobrada e busca imediata por assistência médica diante de sintomas mais graves.
João Moraes
Ministério da Saúde