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Saúde Indígena
Água potável vai garantir mais saúde e qualidade de vida na maior aldeia da Amazônia
A água do rio Solimões, agora, chega potável à casa de Gênia Carlo, indígena da etnia Ticuna que vive na aldeia Belém do Solimões. Ela, o marido, seus cinco filhos e outras 780 famílias já não precisam armazenar a águas das chuvas em reservatórios nem encher baldes no leito do rio e em igarapés. O sistema de abastecimento e estação de tratamento de água inaugurados no último dia 6 de novembro, pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, e pelo secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, já estão transformando o dia a dia na comunidade. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) está investindo recursos da ordem de R$ 2,4 milhões para levar água de qualidade à maior aldeia da Amazônia e uma das maiores do País.
Existem, atualmente, 5.625 comunidades indígenas no Brasil; destas, 2.313 contam com sistemas de abastecimento de água. "Esta é uma das agendas que mais me deixa feliz, justamente por saber que estamos oferecendo a essas famílias o maior bem para a sobrevivência: água. Nossa meta é universalizar a implantação de sistemas de abastecimento, garantindo água de qualidade e em quantidade para todas as comunidades indígenas", afirmou o secretário Antônio Alves durante a inauguração em Belém do Solimões. A estrutura para assegurar esse benefício às famílias da aldeia Belém do Solimões não é simples. Uma balsa à margem do rio mantém motores-bomba captando a água bruta e destinando-a à estação de tratamento com capacidade para processar até 130 mil litros.
Lá a água passa por etapas de floculação, decantação e cloração, seguindo tratada para um reservatório capaz de armazenar 200 mil litros. Novamente bombeada, a água chega a uma estação elevatória, de onde é distribuída por meio de gravidade.
"Por ora, 233 famílias já estão sendo beneficiadas com água potável chegando às suas residências. No entanto, nossa meta de levar água a todas as casas da aldeia será alcançada na segunda etapa do projeto, que deverá ser licitada ainda este ano. Enquanto isso, para comodidade da população que ainda não foi contemplada, quatro chafarizes foram instalados em pontos estratégicos da aldeia.
Além disso, as escolas, o Polo Base e o alojamento das equipes de saúde também já estão com pontos de distribuição", pontuou Weydson Pereira, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões. Segundo ele, o sistema também foi dimensionado levando em conta o crescimento populacional. "Teremos condições plenas, no futuro, de atender a uma demanda maior de casas; basta expandir a rede", acrescentou Weydson.
CONTROLE DE QUALIDADE
A bioquímica Rita Gomes integra a equipe de Saneamento do DSEI Alto Rio Solimões. Há oito meses na Saúde Indígena, ela mantém uma rotina de visita às aldeias para monitorar a qualidade da água consumida pelos povos indígenas da região. "São horas e horas de barco, todas as semanas, percorrendo as comunidades e acompanhando o trabalho dos cerca de 160 agentes indígenas de saneamento. Todo o esforço é recompensado quando chego a uma aldeia e vejo, por exemplo, uma criança bebendo água tratada", disse. Ela ressaltou, ainda, que o efetivo de agentes indígenas de saneamento é formado por bons profissionais. Na maioria dos casos, pessoas que já estão na função há muito tempo. Lindonei dos Santos é um deles, designado a Belém do Solimões para orientar melhor os cinco agentes daquela comunidade quanto ao funcionamento do novo sistema. "Na aldeia onde vivo, em Filadélfia, já temos uma estação de tratamento assim, que beneficia mais de 480 famílias. Por isso, vim até aqui para ajudar os parentes a entender melhor o trabalho. É uma grande conquista para a população", concluiu.
Por Bruno Monteiro
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS