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Cooperação internacional
MDA participa de missão internacional para fortalecer agricultura sustentável em Mali, na África
O Governo Brasileiro, por meio de suas instituições públicas, universidades e especialistas, segue investindo no desenvolvimento sustentável por meio de iniciativas de cooperação internacional. Na última semana, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) participou de uma missão técnica em Mali, país localizado na África Ocidental.
A ação faz parte do projeto “Preservação do Potencial Produtivo das Zonas Produtoras de Algodão no Mali – Cotton Solos”, coordenado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). A iniciativa é resultado de parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), e o governo malinês, representado pela Companhia Malinense de Desenvolvimento Têxtil (CMDT).
Desde 2019, o projeto promove a troca de conhecimentos e experiências entre os dois países, com foco na transferência de tecnologias agrícolas adaptadas às condições locais de solo e clima. O objetivo é aumentar a produtividade do algodão de forma sustentável e contribuir para a segurança alimentar das comunidades locais por meio da diversificação de culturas.
Durante a missão da última semana foram realizadas atividades de capacitação voltadas a técnicos e extensionistas da CMDT que atuam na disseminação das tecnologias entre agricultoras e agricultores do Mali. As formações foram conduzidas por Milson Serafim, agrônomo da Superintendência Federal do MDA no Espírito Santo, e pelo professor Elmo Pontes, do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul (IFMS). A missão contou com o suporte e participação do assistente de cooperação da embaixada do Brasil no Mali, Boubacar Diobana, e dos tradutores intérpretes da ABC, Paulo Eduardo Prestes Cohen Junior e Lucas Cureau de Bessa Antunes.
O foco da capacitação foi o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura do algodão. Também foram apresentados os resultados e desafios do protocolo utilizado em 2024 nas Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs) de conservação e fertilidade do solo, localizadas nas aldeias de Siani (Sikasso) e Bandiagara II (Koutiala).
Além disso, foram discutidas melhorias para a próxima safra, com ênfase no monitoramento de pragas, uso de inseticidas biológicos, análise por imagens e tratamento de sementes.
Transferência de tecnologias para agricultura sustentável
O projeto também atua diretamente no fortalecimento da agricultura local com a implantação de Unidades Técnicas Demonstrativas (UTDs), que auxiliam no manejo do solo e introdução de práticas como o cultivo consorciado de culturas. Com a participação de agricultores locais, a equipe técnica orienta o uso de plantas como amendoim, mucuna, crotalária e feijão-guandu anão, que protegem o solo, ajudam no controle de pragas e promovem maior diversidade produtiva.
Como o Mali enfrenta desafios na produção de alimentos e depende fortemente de monoculturas como algodão e milho, a diversificação das lavouras é fundamental. As novas culturas são apresentadas de forma participativa, em pequenas áreas experimentais, e só são ampliadas após validação e aceitação pelas comunidades envolvidas.
De acordo com Milson, essa abordagem respeita os saberes locais e busca garantir segurança alimentar e sustentabilidade, inclusive com foco na produção de forragens para alimentação animal, essencial em regiões onde a tração animal ainda é amplamente utilizada.
O projeto abrange também ações voltadas à melhoria da qualidade de vida das comunidades, com destaque para saúde, habitação, saneamento básico e acesso à água. Dentre as iniciativas está a instalação de sistemas alternativos para captação e armazenamento de água de chuva, além da implantação de banheiros secos, tecnologia social que dispensa o uso de água e transforma resíduos em fertilizantes naturais.
O MDA integra três frentes do projeto — entomologia; conservação de água e solo; e habitação, saneamento e captação de água — por meio da atuação de Milson Serafim, que é engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado em Ciência do Solo e contribui nas diferentes áreas envolvidas.
As atividades estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, promovendo práticas agrícolas sustentáveis, combate à fome, segurança alimentar e nutricional e acesso a saneamento e agua potável .
A iniciativa reforça o papel do Brasil na promoção de soluções tecnológicas e sustentáveis no campo, consolidando sua atuação na cooperação internacional voltada ao fortalecimento da agricultura familiar.
Edna Pedro, Ascom/Superintendência Federal do Desenvolvimento Agrário do ES – MDA