Países africanos à espera da ajuda de Lula

DIÁRIO CATARINENSE | POLÍTICA | 26/07/2004

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa hoje a segunda visita à África, iniciando pelo arquipélago de São Tomé e Príncipe, o segundo menor país do continente e um dos mais pobres do mundo. O Brasil vai participar da 5ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como grande responsável pela realização do encontro. Lula embarcou na noite de ontem do Rio de Janeiro com destino ao continente africano. Durante a viagem, Lula vai inaugurar dois telecentros doados pelo Brasil: o primeiro, em São Tomé e Príncipe, e o segundo, em Cabo Verde. Foram enviados à África servidores e "thin clients", computadores sem HD, com baixa capacidade de processamento e pouca memória - o que não impede o uso da Internet ou de programas de texto, imagem e som. As máquinas são equipadas apenas com monitores, teclados e mouse. Todo o processamento é feito pelo servidor. Com isso, o custo de manutenção da estrutura é reduzido. "Essa parceria é um símbolo de que todos os países podem fazer solidariedade digital. Não estamos doando só computadores, mas inteligência, com softwares livres e técnicos promovendo capacitação", afirmou Sérgio Amadeu, diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Doação faz parte de estratégia De acordo com Amadeu, a doação dos telecentros também faz parte de uma estratégia brasileira a ser aplicada, junto com os países africanos, na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, em novembro de 2005, em Tunis, capital da Tunísia. "Os países do primeiro mundo foram contra a proposta africana de criação de um fundo para inclusão digital", disse Amadeu. "O Brasil considera um absurdo que países beneficiados pela tecnologia de ponta não queiram contribuir com os países pobres." A comitiva brasileira no Arquipélago de São Tomé e Príncipe também fará a doação de recursos para a reativação do programa Bolsa Escola naquela região, que foi interrompido em janeiro deste ano por falta de verbas. Pelo menos 100 famílias aguardam pela ajuda. Parte dos US$ 650 mil que serão doados pelo Brasil serão revertidos ao custeio do programa.