Lula reativa programas em São Tomé e Príncipe

TERRA | BRASIL | 26/07/2004

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está em São Tomé e Príncipe, na África, onde reativará programas de cooperação que tinha assinado anteriormente com o país e que estão parados por falta de verba. O governo brasileiro liberou US$ 650 mil para os programas há três dias. Lula visita o arquipélago, localizado no Golfo da Guiné, na África Central, para participar da 5ª Conferência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Para a organização da conferência, o Brasil doará US$ 500 mil. Os benefícios do Bolsa-Escola, por exemplo, pagos pelo Brasil às famílias são-tomenses que mantêm filhos na escola desde 2002 estavam suspensos. Aproximadamente cem famílias recebem US$ 20 por mês. Apesar de o dinheiro só ter sido liberado na semana passada, Lula pretende anunciar ainda a ampliação do projeto para 400 famílias em 2005. Nos últimos quatro anos, o Brasil destinou cerca de US$ 15 milhões para projetos de cooperação técnica com países de baixa renda, disse Lauro Moreira, diretor da Agência Brasileira de Cooperação. Atualmente, 31 deles são na África, mas apenas um terço está em andamento. Os US$ 650 mil (cerca de R$ 1,95 milhão) serão destinados ainda para programas na área de agricultura e saúde. Representantes da Petrobras também vão ao país para analisar o potencial de exploração de petróleo - o Golfo da Guiné é uma das áreas com potencial petrolífero ainda pouco exploradas no mundo. As reservas de São Tomé podem chegar a 5 bilhões de barris. Além do Brasil e de São Tomé, participam da reunião da CPLP Moçambique, Guiné-Bissau, Timor Leste, Cabo Verde, Angola e Portugal. No final da reunião, será assinada a "Declaração de São Tomé", que, entre outros pontos, reafirmará a disposição dos países membros de fazer uma campanha de combate à Aids e de aprimorar programas de inclusão digital. Durante o encontro, deve ser decidida a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, até agora ratificado apenas pelo Brasil, Portugal e Cabo Verde. Também chegam hoje à África os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação). Depois de São Tomé, Lula passará ainda pelo Gabão e por Cabo Verde. Países de língua portuguesa combaterão malária Um acordo de cooperação técnica para o combate à malária deverá ser assinado pelos países de língua portuguesa durante a 5ª Conferência dos Países de Língua Portuguesa. O anuncio foi feito na Ilha de São Tomé, capital do país, pelo diretor da ABC, Agência Brasileira de Cooperação, embaixador Lauro Moreira, que presidiu durante a semana passada a 11ª Reunião dos Pontos Focais da CPLP. Uma minuta de acordo já está preparada para ser encaminhada ao Conselho de Ministros, durante a Conferência, e aos chefes de Estado. A malária é a doença que mais mata na África e, com exceção de Portugal, atinge todos os países de língua portuguesa. Em São Tomé e Princípe, é a principal causa de mortalidade da população. Bolsa Escola "exportado" para São Tomé é de US$ 20 por mês Entre os programas de cooperação que o governo brasileiro desenvolve de forma bilateral com o país africano estão os que agem nas áreas de saúde e agrícola, embora os principais sejam os da área de educação. O Brasil implantou no país africano o programa Bolsa Escola, que hoje atende a 100 famílias com filhos entre 6 e 14 anos. A meta do governo brasileiro é ampliar para 400 famílias em 2005, o que atingirá um universo de duas mil pessoas. Segundo o coodenador do programa em São Tomé, Jacy Braga Rofrigues, desde o inicio do trabalho, em setembro de 2002, houve grandes mudanças no comportamento das crianças beneficiadas como redução do índice de evasão escolar e maior número de crianças matriculadas nas comunidades atendidas pelo programa. As famílias que recebem a bolsa, de US$ 20 dólares por mês (o salário-mínimo em São Tomé é de US$ 27), podem pagar as taxas cobradas pelo governo para que os estudantes utilizem os livros didáticos. Ao final de cada ano escolar, esses livros são repassados a outro aluno. Durante a visita ao país, o presidente Lula vai doar cerca de 60 quilos de medicamentos que compõem o coquetel de tratamento da aids. São Tomé é um dos poucos países africanos em desenvolvimento com baixa incidência da doença. Os medicamentos que serão doados pelo governo brasileiro serão suficientes para o tratamento de todos os doentes - cerca de 100 pessoas. Lula inaugurará telecentros doados pelo Brasil Lula deverá inaugurar dois telecentros doados pelo Brasil: o primeiro, em São Tomé e Príncipe, e o segundo, em Cabo Verde. Ao todo, foram enviados à África dois servidores e nove 18 "thin clients", computadores sem HD, com baixa capacidade de processamento e pouca memória - o que não impede o uso da Internet ou de programas de texto, imagem e som. As máquinas são equipadas apenas com monitores, teclados e mouse. Todo o processamento é feito pelo servidor. Com isso, o custo de manutenção da estrutura é reduzido. "Essa parceria é um símbolo de que todos os países podem fazer solidariedade digital. Não estamos doando só computadores, mas inteligência, com softwares livres e técnicos promovendo capacitação", afirmou Sérgio Amadeu, diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). De acordo com Amadeu, a doação dos telecentros também faz parte de uma estratégia brasileira a ser aplicada, junto com os países africanos, na Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, prevista para novembro de 2005 em Túnis, capital da Tunísia. Redação Terra