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TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA
Nordeste é região central para atrair indústrias movidas a energia limpa, diz Dubeux
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, e coordenador do Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, Rafael Dubeux, afirmou que o Nordeste é peça central para atrair indústrias intensivas em energia abastecidas por fontes renováveis e defendeu usar o potencial regional para acelerar a industrialização de baixo carbono, gerar emprego, estimular inovação e ampliar a competitividade.
A declaração foi feita na quinta-feira (23/10), em Fortaleza (CE), no seminário “Como Escalar e Acelerar os Investimentos Sustentáveis no Nordeste: As Oportunidades do Powershoring”, organizado pelo Consórcio Nordeste, Banco do Nordeste e Instituto Clima e Sociedade.
Dubeux participou da mesa Marco institucional e regulatório para impulsionar o Powershoring e durante sua exposição ele detalhou os três pilares interdependentes que compõem a estratégia brasileira para inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável no país. De acordo com o secretário-executivo adjunto, é fundamental ter estabilidade macroeconômica e modernizar o ambiente de negócios para atingir os objetivos tanto de crescimento quanto de sustentabilidade e justiça social.
Medidas fiscais
Ao explicar o primeiro pilar, Dubeux apontou medidas fiscais que recompuseram a capacidade de investimento público e programas sociais, citando a PEC da Transição e o novo arcabouço fiscal como base para previsibilidade e redução de risco em projetos de longo prazo. Em seguida, tratou da modernização do ambiente de negócios, mencionando o novo marco de seguros, o marco de garantias e a Reforma Tributária, como o segundo eixo estratégico na economia.
E para evitar que o Brasil permaneça em um "modelo tradicional de crescimento" baseado na exportação de produtos primários e degradação ambiental, o governo criou uma terceira frente de atuação. O Plano de Transformação Ecológica, Novo Brasil, explica Dubeux, vai além de uma agenda ambiental: trata-se de uma estratégia de competitividade geopolítica e econômica em um mundo que transita para uma economia de baixo carbono. O objetivo é quebrar o antigo molde e direcionar o país para um crescimento baseado em inovação tecnológica, sustentabilidade e distribuição de renda.
“Este conjunto de ações, denominado Plano de Transformação Ecológica, tem no powershoring – a proposta de levar a produção para países com matriz energética limpa – um de seus eixos centrais para viabilizar uma agenda de baixo carbono intensiva em inovação, com a atração de investimento estrangeiro e de poupança externa, em complemento à poupança nacional, a fim de desenvolver a economia do Brasil e adensar tecnologicamente as cadeias produtivas”, disse Dubeux.
No contexto brasileiro, o conceito representa uma oportunidade estratégica para transformar o potencial renovável do Nordeste em motor de industrialização verde, combinando geração de emprego, inovação e aumento da competitividade internacional. A região, explicou Dubeux, concentra parcela relevante da capacidade instalada de eólica e solar e reúne condições para receber plantas industriais voltadas à descarbonização de setores como siderurgia, fertilizantes e químicos.
Integração interministerial
Para aproveitar a janela de oportunidade, Dubeux enfatizou a coordenação entre políticas fiscal, industrial, ambiental e de mineração. De acordo com ele, a execução depende de integração entre Ministério da Fazenda, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e Ministério de Minas e Energia, além de bancos públicos e governos estaduais.
Segundo Dubeux, o hidrogênio de baixo carbono exemplifica como essa integração se traduz em estratégia produtiva e tecnológica. “Sempre recorro ao exemplo do hidrogênio: o Brasil não quer ser apenas importador de painéis solares e eletrolisadores para produzir aqui e exportar o insumo para uso em outros países.
Ao contrário, queremos aproveitar a vantagem de ter um dos hidrogênios mais baratos do mundo para adensar a cadeia produtiva, fabricar painéis, turbinas e eletrolisadores e, em vez de exportar todo o hidrogênio, empregá-lo na produção de fertilizantes verdes, aço de baixo carbono e outros bens, alongando essa cadeia no país.”, disse.