Haddad reforça prioridade da Aliança Global contra a Fome e Mudança do Clima

Na abertura das reuniões da Trilha de Finanças, Haddad defendeu a construção de uma nova globalização, focada em preocupações socioambientais

Começaram, oficialmente, nesta quinta-feira (14/12), as primeiras reuniões de trabalho da Trilha de Finanças do G20 sob a presidência do Brasil. A abertura do encontro, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, foi feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um discurso para vice-ministros de Finanças e vice-presidentes de bancos centrais dos países que compõem o Grupo, além de representantes de organizações internacionais e países convidados.

O ministro lembrou que os dois grupos de trabalho propostos pelo Presidente Lula, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima, são um apelo a um G20 unido e ao alinhamento de recursos no nível de ambição esperado pelos nossos líderes. “Essa é nossa chance de reconectar o Sul e o Norte globais em torno de uma agenda positiva de transformação social, econômica e ecológica”, disse Haddad.

A construção de uma nova globalização, focada em preocupações socioambientais, foi um dos destaques da fala de Haddad.

“Vindo do Sul Global, compreendo honestamente por que tantas pessoas em todo o mundo se tornaram céticas em relação à globalização, ao multilateralismo e à cooperação internacional em geral. A solução, no entanto, não é menos globalização e a fragmentação econômica”, disse Haddad.

“Temos de construir uma reglobalização socioambiental que funcione para todos e nos ajude a acelerar o desenvolvimento sustentável. Agora, mais do que nunca, construir muros e criar ilhas isoladas de prosperidade é impraticável, para não dizer imoral”, acrescentou.

A expectativa do ministro é de que o grupo trabalhe com uma agenda positiva de transformação social, econômica e ecológica por meio da reforma da governança global e desenvolvimento de soluções sustentáveis e socialmente responsáveis.

Trabalhos

O ministro agradeceu ainda o empenho da equipe coordenada pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, a embaixadora Tatiana Rosito, que lidera a Trilha Financeira. São as discussões no âmbito dos grupos de trabalho e forças-tarefa que concretizam os acordos que serão firmados na cúpula do G20, em 18 e 19 de novembro de 2024.

“Tenho plena confiança na minha Deputy e em sua equipe, para habilmente orientar os trabalhos da Trilha de Finanças, mantendo o senso de pragmatismo – mas também a ambição política – que devem ser a marca registrada da presidência brasileira”, enfatizou Haddad.

As reuniões da Trilha Financeira acontecem nos dias 14 e 15 de dezembro na sede do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Palácio do Itamaraty, em Brasília. Na quarta-feira (13/12) houve a inédita reunião conjunta entre a Trilha de Sherpas, que reúne representantes dos chefes de governo, e a Trilha de Finanças. A aproximação entre as duas trilhas, definida pela Presidência da República, visa construir caminhos mais orgânicos e que possam tornar viáveis as soluções propostas pelos dois grupos.

Os vice-ministros e delegados da Trilha de Finanças devem discutir, nos próximos dois dias, dentre outros assuntos, a integração de discussões sobre desigualdade e impactos distributivos das políticas macroeconômicas; os impactos da transição energética; o espaço fiscal para apoiar investimentos públicos de qualidade que promovam transformações estruturais; o fortalecimento dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento; o peso da dívida dos países de baixo e médio rendimento de forma estrutural e preventiva;  a eficiência dos fluxos financeiros para os países que precisam de recursos para proteger ativos ambientais estratégicos; a mitigação dos riscos cambiais no financiamento de projetos e infraestruturas; a mobilização de recursos para investimento em sistema de saúde nos países de baixa renda, e a expansão da Agenda Tributária Internacional.

Foto: Diogo Zacarias/MF