Notícias
Paradesporto
Sábado de disputas e inclusão no vôlei de praia para surdos com apoio do Ministério do Esporte
Disputas na areia, companheirismo e muitas oportunidades de interação entre não-ouvintes e ouvintes. A realização da primeira etapa do Circuito Candango de Vôlei de Praia de Surdos 2024 superou os limites da construção coletiva de todo evento para reforçar o orgulho surdo-desportivo e oportunizar a convivência e interação das pessoas surdas com ouvintes presentes.
O torneio de vôlei que reuniu duplas de surdoatletas de associações filiadas à Federação Brasiliense Desportiva dos Surdos (FBDS) terminou com a consagração das duplas Walisson/Audo, no masculino, que venceu na final Lincoln/Marcos Flávio por 2x1 (parciais de 22x20/10x21 e 15x6) e a dupla feminina Pammelleye/Simone, que terminou o torneio invicta com apenas um set perdido em quatro jogos, ficando com o primeiro lugar, seguida de Iara/Deborah. Todas as cinco duplas femininas jogaram num grupo único no formato todas contra todas.
O evento contou com o apoio do Ministério de Esporte (MEsp) por meio do Termo de Fomento Transfere Gov nº 941684/2023 e recursos de emenda parlamentar da senadora Leila Barros. O termo garante a realização de quatro etapas do Circuito Candango de Vôlei de Praia de Surdos 2024, nas categorias masculina e feminina, a serem disputadas na Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e Arena do Brasília Beach Esportes Outdoor.
A presidente da FBDS, Sabrina Santana, destacou que um dos principais objetivos do evento foi de dar visibilidade ao esporte para surdos com o capricho de um campeonato bem organizado.
“Isso não é um campeonatozinho à toa, não”, destacou a dirigente com bom humor. “Produzimos um evento que valoriza o atleta, com um trabalho forte de divulgação, e também incentivamos as famílias que têm crianças para que as tragam para o desporto de surdos, porque é importante termos equipes novas, renovação constante e desenvolvimento para o futuro”, concluiu Sabrina.
Além da estrutura das quadras de areia da Enap, o torneio deu uniformes para todas as duplas competidoras, profissionais de arbitragem, voluntários, além de lanche e hidratação aos atletas.
Experiente em eventos nacionais, internacionais e medalha de prata no torneio, Iara Gonçalves, de 50 anos, está com agenda cheia para 2024 com torneios em Niterói(RJ), Cuiabá, e Morrinhos (RN), e ressaltou a importância da realização das quatro etapas candangas para manter os treinos em dia.
“Jogo desde os onze anos, comecei com ouvintes, passei por vários clubes até descobrir o vôlei de surdos. Nunca desisti e quero manter a prática do esporte firme até o fim”, explicou Iara.
Segundo lugar no torneio masculino, Lincoln Barbosa (45) também se iniciou no vôlei desde criança, entre idas e vindas em outras modalidades já está há 10 anos treinando direto no vôlei disputando campeonatos. É bolsista do Programa Bolsa Atleta do Governo do Distrito Federal e jogou a etapa de sábado já na reta final de preparação para disputar o Circuito Nacional de Vôlei de Praia de Surdos, em Copacabana, nos dias 6 e 7 de abril. “O objetivo é classificar para disputar o Mundial este ano e tomara que a gente consiga levar Brasília também para a Surdolímpiada, ano que vem, ambos no Japão”, disse Lincoln.
Inclusão atitudinal
A oportunidade de interação com as pessoas da comunidade é uma das melhores experiências que eventos do gênero proporcionam, a opinião é a diretora de Projetos Paradesportivos de Lazer e Inclusão Social da Secretaria Nacional do Paradesporto do Ministério do Esporte, Nayara Falcão.
“O esporte é maravilhoso porque promove espaços diversos e plurais. E neste evento, além de ver estes atletas competindo com instalações excelentes, árbitros, voluntários e com uniformes adequados, tivemos algo igualmente importante: a oportunidade de conviver e nos aproximar mais da comunidade surda”, comentou a diretora, que representou o ministro do Esporte, André Fufuca.
Entre as experiências pessoais que o dia reservou, Nayara conheceu Mariana, uma mãe com surdez que levou seus dois filhos Guilherme (10 anos) e Miguel (8) para assistir aos jogos. Todos se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais (Libras).
“Aquele momento de poder conviver com uma mãe com surdez e com seus dois filhos ouvintes que dominam a Língua Brasileira de Sinais (libras) foi um grande exemplo de que podemos aprender a conviver e se comunicar uns com os outros. E é isso que importa: a acessibilidade e inclusão atitudinal, que é querer, aprender para se comunicar”, explicou Nayara.
As próximas etapas do Circuito Candango de Vôlei de Praia de Surdos serão realizadas dias 22 de junho, 17 de agosto e 9 de novembro.
Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte