COP30: periferias têm incentivo para aplicar soluções baseadas na natureza

Belém (PA) – Mais duas iniciativas receberam a autorização de recursos para a implantação de Soluções Baseadas na Natureza (SBN) nas periferias. A Secretaria Nacional de Periferias, do Ministério das Cidades, promoveu a assinatura dos termos de fomento para os projetos da Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) e do Movimento de Defesa dos Direitos de Moradores de Favelas, de Santo André, selecionados pelo Edital Periferias Verdes Resiliente.

Em Belém, os bairros periféricos às margens da bacia do Tucunduba, receberão as intervenções projetadas com recursos de R$ 2,5 milhões. Estão previstos os arranjos de bacias de evapotranspiração (BETs), bacias de bambona (chicos); tetos verdes em abrigos de pedestres e pontos de táxis e mototáxis, e  sistemas de captação e filtragem de água da chuva com caroço de açaí e caixas de chuva. Além disso, haverá capacitação remunerada de profissionais e certificação de Agentes Territoriais em SBN.

Já em Santo André, a destinação será de R$ 1,5 milhão para intervenção na favela Nova Centreville. Com planejamento participativo, será desenvolvido um Arranjo SBN, composto por: implantação de canteiros pluviais, arborização urbana, construção de viveiros de espécies vegetais e oficinas de compostagem. A mão de obra diretamente envolvida nos trabalhos de construção e manutenção das SBN será contratada para prestação de serviço qualificados, mutirões com a comunidade participando ativamente, manipulando materiais como areia, brita, geomanta, terra e plantas, de forma a tornar as atividades mais imersivas, dinâmicas e interativas.

Outras duas iniciativas já haviam recebido os fomentos, durante a abertura da COP.  A Redes da Maré, do Rio de Janeiro vai formar dez agentes climáticos, jovens da favela de 18 a 29 anos, para atuarem como mobilizadores e multiplicadores socioambientais. O projeto, com subsídio de R$ 2,48 milhões, pretende reduzir os riscos de alagamentos e de altas temperaturas no Conjunto de Favelas, que reúne 15 territórios e cerca de 125 mil moradores.

O outro termo assinado foi do projeto vencedor na Paraíba, do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-PB), que terá recursos de R$ 2,5 milhões, para transformação das Comunidade do "S", no Porto do Capim, em João Pessoa. Será realizado planejamento participativo com mobilização comunitária e elaboração de um diagnóstico integrado do território. A proposta é implementar um arranjo de SBN, que incluirá jardins de chuva, canteiros drenantes, barreiras vegetais e biovaletas, além de áreas de sombreamento e hortas comunitárias.

Foto: Ivan Bicudo.

Painel

No Círculo do Povos, realizado nesta quarta-feira (12), a Secretaria de Periferias chamou ao debate justamente quem protagoniza soluções e está à frente do enfrentamento às mudanças climáticas: a própria comunidade periférica, suas lideranças e organizações.

Conduzida pelo secretário Nacional de Periferias, Guilherme Simões, a mesa-redonda “Inovação e protagonismo comunitários nas políticas públicas para periferias do Brasil”, destacou experiências que conectam justiça climática, protagonismo periférico e políticas urbanas transformadoras.

“A participação comunitária é o que impulsiona inovação institucional, integração territorial e soluções climáticas reais. Enfrentar as mudanças climáticas também é sobre investir nas periferias e garantir protagonismo pra quem vive nelas”, destacou Simões.

As estratégias apresentadas fortalecem conhecimentos e direitos da população afrodescendente e da juventude negra periférica, destacando iniciativas de planejamento participativo, mapeamentos populares e tecnologias sociais que enfrentam riscos climáticos e promovem permanência territorial.

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