Doação
Os bancos de tecidos são estruturas especializadas no processamento e armazenamento de tecidos doados, fornecendo tecidos de alta qualidade técnica e seguros para transplante/enxerto.
Bancos de Tecidos Oculares (BTOC)
Os Bancos de Tecidos Oculares Humanos realizam a busca de doadores, a retirada e o processamento de córnea e esclera. Os tecidos são processados em cabine de segurança biológica classe II tipo A, de modo a garantir a segurança para os receptores e para os profissionais de saúde do banco de tecidos.
Os BTOC que atualmente fazem parte da rede de transplantes, podem ser consultados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), habilitação 24.13.
Bancos de Tecidos Musculoesqueléticos (BTME)
Os BTME realizam a busca de doadores, a retirada e o processamento de tecidos. No caso de ossos, podem ser captados tecidos de doadores vivos e falecidos. Para doadores vivos podem ser captadas cabeças de fêmur provenientes de pacientes que foram submetidos à artroplastia de quadril. Dos doadores falecidos podem ser captados praticamente todos os ossos do corpo, inclusive segmentos de ossos.
Os tecidos são processados em sala limpa (classificada) de modo a garantir a segurança para os receptores e para os profissionais de saúde do banco de tecidos.
Os BTME que atualmente fazem parte da rede de transplantes, podem ser consultados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), habilitação 24.15.
Bancos de Peles (BP)
Os Bancos de Pele realizam a busca de doadores, a retirada e o processamento. A pele pode ser processada em cabine de segurança biológica classe II tipo A, ou em sala limpa (classificada) de modo a garantir a segurança para os receptores e para os profissionais de saúde do banco de tecidos.
Os BP que atualmente fazem parte da rede de transplantes, podem ser consultados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), habilitação 24.19.
Banco de Tecidos Cardiovasculares (BTCV)
Os BCTV realizam a busca de doadores, a retirada e o processamento de tecidos cardiovasculares que podem ser provenientes de doador falecido ou doador vivo (em caso de paciente receptor de coração). O coração doado para obtenção das valvas e os demais tecidos cardiovasculares podem ser processados em cabine de segurança biológica classe II tipo A, ou em sala limpa (classificada) de modo a garantir a segurança para os receptores e para os profissionais de saúde do banco de tecidos.
Os BTCV que atualmente fazem parte da rede de transplantes, podem ser consultados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), habilitação 24.14.
Transplantes
Córnea
A córnea é a parte transparente que se localiza na parte anterior do globo ocular e, juntamente com a esclera compõem a parte fibrosa e protetora do olho. A boa visão é consequência da transparência desta estrutura. Alterações no formato e na transparência da córnea podem comprometer seriamente a visão.
A córnea desempenha papel fundamental na formação da visão e proteção dos olhos. Transparente, funciona como uma lente sobre a íris, parte colorida do olho, focando a luz da pupila na direção da retina. As lágrimas (secreção lacrimal) mantêm a córnea úmida e saudável. Para o bom funcionamento da córnea é necessário que a mesma tenha transparência satisfatória e curvatura adequada. Se há perda de sua integridade, ela se torna embaçada, desfocada e a luz passa a não alcançar a retina, prejudicando sensivelmente a visão e provocando diversos transtornos que irão prejudicar o paciente no desenvolvimento das suas atividades diárias, podendo até mesmo ocasionar a perda completa da visão.
- Ceratocone;
- Ceratopatia bolhosa;
- Leucoma de qualquer etiologia;
- Distrofia de Fuchs;
- Outras distrofias corneanas;
- Ceratite intersticial;
- Degeneração corneana;
- Queimadura ocular;
- Anomalias corneanas congênitas; e
- Falência secundária ou tardia.
Tecidos musculoesqueléticos
O espectro de uso dos homoenxertos ósseos (enxerto colhido de indivíduo da mesma espécie, mas geneticamente diferente) é bastante amplo, podendo ser utilizados em cirurgias de coluna, ressecção de tumores, trauma com extensa perda óssea, revisão de artroplastia de quadril e joelho, pseudoartrose de ossos longos; em pacientes que, após acidentes, sofreram perdas na estrutura óssea; enxertos ligamentares em cirurgia de joelho e em todo procedimento ortopédico que necessite grande quantidade de enxerto ósseo.
Na ortopedia pediátrica, o uso de tecidos de banco é particularmente interessante, pois a opção de enxerto autólogo é reduzida, principalmente em idades baixas. Operações em que frequentemente são utilizados tecidos ósseos são correções de escoliose, artrodeses do pé, pseudartroses congênitas, entre outras.
A cartilagem pode ser utilizada para reconstruções de pavilhão auricular, preenchimento de assoalho de órbita e reconstrução nasal. Os tendões podem ser utilizados em reconstruções complexas com transferências tendinosas; a fáscia muscular (tecido conjuntivo que envolve o músculo) para reforço de assoalho da órbita e tratamento de paralisia facial; a esclera para revestimento de próteses oculares.
De uma maneira geral, o uso de tecidos provenientes de bancos de tecidos musculoesqueléticos em ortopedia aumentou significativamente nos últimos anos por várias razões: impossibilidade de obtenção de grandes quantidades de ossos autólogos (do próprio paciente); morbidade do local de retirada do enxerto; aumento no número de revisões de artroplastias de quadril e joelho; e desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas que dependem de osso homólogo.
- Alongamentos de membros/disparidade de membros;
- Artrodese de coluna cervical torácica ou lombar;
- Artrodese de pé;
- Artrodese de tornozelo;
- Cirurgia corretiva de pé plano;
- Defeitos segmentares diafisários;
- Deformidades maxilar e/ou mandibular;
- Focomelias;
- Fraturas articulares;
- Fraturas complexas e cominutivas dos membros;
- Fraturas periprotéticas;
- Lesões ligamentares;
- Osteotomias da pelve (displasias do desenvolvimento do quadril, sequelas Perthes legg calvet);
- Pseudoartroses atróficas de ossos longos;
- Reconstruções ligamentares: talus fibulares manguito rotador reforço tendinoso do glúteo médio ligamento cruzado anterior de joelho, ligamento cruzado posterior de joelho;
- Sequelas de artroplastias: de quadril que necessitem e revisão e/ou da reconstrução;
- Sequelas de fraturas articulares;
- Sequelas de prótese de joelho que necessitem de revisão e/ou da reconstrução;
- Sequelas de próteses de ombro que necessitem revisão e/ou reconstrução;
- Transplantes de meniscos;
- Tumores ósseos benignos: enxertia simples; e tumores ósseos malignos: substituições segmentares ou osteoarticulares.
Pele
A pele tem aplicação no tratamento de queimaduras ou de feridas crônicas, como as feridas na perna decorrentes do diabetes ou de úlcera venosa. A pele processada vai funcionar como um curativo biológico para pacientes que sofreram graves queimaduras.
No início do tratamento do queimado, são realizados desbridamentos (retirada da pele queimada). A pele transplantada será utilizada em substituição aos tecidos carbonizados e mortos que foram retirados. Sofrerá, então, um processo de integração, permitindo que o paciente melhore as suas condições clínicas.
Ainda são muito poucos os Centros de Queimados no Brasil. Mesmo nos grandes centros urbanos, os leitos destinados aos pacientes queimados e os profissionais especializados nesta área ainda estão bem abaixo do necessário.
As valvas cardíacas (ou válvulas cardíacas) são estruturas que pertencem ao coração e funcionam como janelas de saída de cada uma das quatro câmaras (átrios e ventrículos) que dividem o órgão. Elas dirigem o fluxo de sangue em um único sentido, não permitindo que esse retorne à câmara anterior. A abertura e o fechamento das válvulas produzem o som dos batimentos cardíacos.
- Biológica - feita do tecido natural humano ou animal.
- Artificial - feita de materiais sintéticos ou metálicos
- Endocardite (infecção das valvas).
- Estenise congênita do ventrículo esquerdo (estreitamento da valva desde o nascimento).
- Regurgitação ventricular direta (quando o sangue volta para o ventrículo ao invés de seguir o fluxo normal).
Além das valvas, outros tecidos humanos podem ser utilizados em cirurgias cardíacas:
Pericárdio Humano - utilizados para corrigir doenças cardíacas congênitas e valvulares. Também pode ser aproveitado em cirurgias neurológicas, oftalmológicas e outras.
Dessa forma, o uso de tecidos cardiovasculares humanos desempenha um papel fundamental no tratamento de diversas doenças, proporcionando alternativas seguras e eficazes para a saúde do coração.
Membrana amniótica
A membrana amniótica é a camada que envolve o feto dentro do útero, contendo o líquido amniótico. Ela é obtida de placentas de mães que realizaram cesarianas eletivas e que concordaram em doar o tecido, após passarem por uma rigorosa triagem clínica e exames sorológicos para garantir que não possuem doenças transmissíveis. O tecido é então processado em Bancos de Tecidos Humanos e conservado até o momento do uso.
A membrana amniótica é valorizada por suas propriedades únicas, que promovem a regeneração e reduzem a inflamação e a formação de cicatrizes.
Suas propriedades terapêuticas incluem:
- Anti-inflamatórias: Reduz a inflamação no local da lesão.
- Auxílio na cicatrização: Inibe a formação excessiva de tecido cicatricial (fibrose).
- Apoio à Regeneração: Fornece uma matriz que ajuda as células do próprio paciente a crescerem e se regenerarem.
- Analgésicas: Protege as terminações nervosas, aliviando a dor.
O Transplante de Membrana Amniótica é uma técnica que utiliza a camada mais interna da placenta humana (o âmnio) como um curativo biológico para auxiliar na reparação e cicatrização de tecidos danificados.
É utilizada em tratamento de queimaduras e feridas complexas como:
- Curativo Biológico: cobre a área queimada, protegendo contra infecções e aliviando a dor, enquanto permite que a pele subjacente se regenere.
- Preparo para Enxerto: em casos de queimaduras extensas, pode preparar o leito da ferida para receber um enxerto definitivo de pele.

