Câncer de mama
O câncer de mama é a multiplicação desordenada de células anormais nas mamas, resultando em um tumor maligno que pode invadir outros tecidos e órgãos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, embora também possa afetar homens. A doença se manifesta de diversas formas e é caracterizada por sinais como o aparecimento de nódulos, alterações na pele da mama (como a aparência de "casca de laranja"), e secreções no mamilo. O câncer de mama é a neoplasia maligna mais incidente em mulheres.
Taxa de incidência
66,54 novos casos para cada 100 mil mulheres
Impacto
É a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil
Acomete também homens
A doença também pode afetar homens, representando cerca de 1% dos casos.
Sintomas e sinais de alerta
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Câncer de Mama a recomendação atual é que os seguintes sinais e sintomas sejam considerados como de referência urgente:
- Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos;
- Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual;
- Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade;
- Descarga papilar sanguinolenta unilateral (secreção com sangue de um único mamilo);
- Mudança no formato do mamilo e retração na pele da mama;
- Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos (Ferida ou irritação na pele do bico do seio que parece uma alergia ou micose, mas que não melhora com pomadas comuns);
- Homens com mais de 50 anos com tumoração palpável unilateral (Caroço que aparece e pode ser sentido em apenas uma das mamas);
- Presença de linfadenopatia axilar (Ínguas ou caroços na axila); e
- Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de edema, como pele com aspecto de casca de laranja.
Fatores de Risco e Prevenção
O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização do tumor, idade da pessoa no momento do diagnóstico e estadiamento da doença. Também são considerados fatores de risco baseados em critérios histopatológicos, biológicos, moleculares e genéticos.
De forma geral, o prognóstico é mais favorável quando o câncer é diagnosticado e tratado precocemente, em comparação aos casos identificados em estágios mais avançados ou com metástases.
A idade é o principal fator de risco para o câncer de mama feminino. As taxas de incidência aumentam a partir dos 40 anos, e, no Brasil, a média de idade ao diagnóstico é de 54 anos.
Outros fatores de risco estabelecidos incluem:
Vida reprodutiva da mulher: menarca precoce, nuliparidade, primeira gestação a termo após os 30 anos, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal;
Alta densidade do tecido mamário;
Obesidade;
Urbanização;
Maior status socioeconômico.
A história familiar de câncer de mama também influencia o risco. Ele aumenta em 5,5% para mulheres com um parente de primeiro grau afetado e em 13,3% para aquelas com dois parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença.
A identificação dos fatores de risco e o diagnóstico precoce são fundamentais. O encaminhamento rápido e adequado para o atendimento especializado torna a Atenção Primária à Saúde essencial para garantir melhores resultados no tratamento e no prognóstico dos casos.
Diagnóstico
A extensão do câncer e sua disseminação no momento do diagnóstico determinam o estadiamento da doença, etapa essencial para orientar as opções de tratamento e o prognóstico.
Avaliação clínica
No diagnóstico, é fundamental realizar uma avaliação completa da paciente, incluindo exame físico detalhado.
O profissional deve observar possíveis sítios de doença, principalmente nas regiões:
Axilares (região da axila),
Cervical (região do pescoço),
Supraclavicular (caroços acima da clavícula).
A ausculta pulmonar e a palpação do fígado, quadril e coluna também fazem parte do exame clínico direcionado, buscando sinais de metástases locorregionais ou sistêmicas.
Sinais e sintomas de metástase
Alguns sintomas podem indicar que o câncer se espalhou para outras partes do corpo:
Dores musculoesqueléticas (nos ossos, músculos ou articulações) podem indicar metástases ósseas;
Falta de ar aos esforços (dispneia) pode estar relacionada a metástases pulmonares;
Sintomas neurológicos, como formigamento, dormência ou sensação de agulhadas na pele (parestesias), podem sugerir metástases cerebrais.
Protocolos de investigação
O diagnóstico do câncer de mama deve seguir os protocolos de investigação preconizados pelo INCA, conforme os parâmetros técnicos para detecção precoce da doença.
Esses protocolos se aplicam tanto a mulheres com menos de 30 anos quanto àquelas com 30 anos ou mais.
Biópsia
A biópsia é indicada em casos suspeitos de câncer de mama, quando são identificados:
Achados anormais no exame físico,
Alterações na mamografia, ou
Alterações em outros exames complementares, como a ultrassonografia mamária.
O principal objetivo da biópsia é obter material suficiente para o diagnóstico definitivo. Esse material permite a classificação da neoplasia e a avaliação de parâmetros essenciais para definir o melhor tratamento para cada paciente.
Tratamento
O tratamento do câncer de mama pode envolver diferentes abordagens, que variam conforme o tipo de tumor, o estadiamento da doença e as características de cada paciente.
As opções incluem cirurgia, reconstrução mamária, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.
Tratamento cirúrgico
O tratamento não medicamentoso do carcinoma de mama inclui a cirurgia do tumor e da axila, a reconstrução da mama e a radioterapia.
A cirurgia continua sendo o principal tratamento do câncer de mama e pode ser:
Conservadora, quando é possível preservar parte da mama; ou
Radical, quando há necessidade de remoção total.
Os tumores iniciais, especialmente aqueles que podem ser tratados por cirurgia conservadora, devem receber essa abordagem como primeira opção.
O procedimento cirúrgico envolve:
Intervenção na mama (remoção do tumor e reconstrução);
Intervenção na axila (avaliação e retirada de linfonodos).
As abordagens cirúrgicas podem ser parciais ou totais, dependendo das características clínicas do tumor e do prognóstico.
Com o avanço da medicina, os procedimentos tornaram-se menos invasivos e mais estéticos, sem comprometer os resultados de cura.
Reconstrução Mamária
O Ministério da Saúde instituiu estratégia excepcional de ampliação do acesso à reconstrução mamária em caso de mulheres com diagnóstico de câncer de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, por meio da publicação da Portaria GM/MS nº 127/2023.
As mulheres com diagnóstico de câncer de mama submetidas à mastectomia total (radical ou simples) prévia ou aquelas com indicação de reconstrução mamária no mesmo ato cirúrgico.
Essa portaria prevê a habilitação de hospitais, atualmente habilitados na alta complexidade em oncologia no SUS, para realização do procedimento de Reconstrução Mamária Pós-Mastectomia Total (04.10.01.021-9), condicionados aos critérios estabelecidos por esta normativa. Essa iniciativa propõe ampliar o número de reconstruções mamárias em pacientes submetidas à mastectomia.
Radioterapia
A radioterapia (RT) faz parte do tratamento locorregional dos tumores de mama. Suas indicações variam conforme o estágio da doença e o tipo de cirurgia realizada. O objetivo é eliminar possíveis células tumorais remanescentes e reduzir o risco de recidiva.
Quimioterapia
A quimioterapia é um recurso importante na terapêutica do câncer de mama. Consiste na aplicação de fármacos antineoplásicos que podem ser administrados por diferentes vias — venosa, oral ou subcutânea —, de forma isolada ou combinada.
Os principais objetivos da quimioterapia são:
Impedir ou reduzir o risco de disseminação de células tumorais;
Diminuir o tamanho do tumor;
Impedir seu crescimento.
A terapia pode ser:
Neoadjuvante (antes da cirurgia, para reduzir o tumor),
Adjuvante (após a cirurgia, para eliminar células residuais), ou
Paliativa (para controle da doença avançada e alívio de sintomas).
Embora eficaz, a quimioterapia pode causar efeitos colaterais, que devem ser monitorados e controlados pela equipe médica, de acordo com a tolerância individual de cada paciente.
Hormonioterapia
A hormonioterapia (também chamada de terapia hormonal ou terapia endócrina) é indicada quando o tumor apresenta positividade para os receptores hormonais de estrogênio (RE) e progesterona (RP), identificados pela imunohistoquímica.
O tratamento atua de duas formas:
Bloqueando a ligação dos hormônios aos receptores das células tumorais, ou
Reduzindo a produção de hormônios pelo organismo.
Para escolher o esquema mais adequado, são considerados fatores como o status menopausal da paciente e as contraindicações descritas em bula.