Os profissionais de saúde da Atenção Primária têm um papel muito importante em acompanhar o crescimento e o desenvolvimento das crianças nas consultas de rotina. Nesses atendimentos, eles podem identificar, de forma precoce, sinais de condições que afetam o desenvolvimento infantil, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), paralisia cerebral, atrasos de fala ou dificuldades de aprendizagem. Quanto antes esses sinais são percebidos, mais cedo a criança pode receber apoio e cuidados adequados.
Para ajudar nessa identificação, foi incluído na Caderneta da Criança e no PEC (Prontuário Eletrônico do cidadão) o instrumento de rastreio chamado M-CHAT-R/F, que pode ser feito entre os 16 e 30 meses de idade (cerca de 1 ano e 4 meses a 2 anos e meio). Esse teste é simples, baseado em 20 perguntas feitas aos pais ou responsáveis, e pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde treinado. O objetivo é verificar se a criança apresenta sinais que indicam risco para o autismo, ou seja, é um instrumento para rastreio e não para fins de diagnóstico do TEA.
Além do teste, o acompanhamento do desenvolvimento do sujeito deve considerar também os relatos da família, dos professores e de outras pessoas que convivem com ela, já que muitas vezes os primeiros sinais aparecem em casa ou na escola. Nesse sentido, a parceria entre saúde e educação, como acontece no Programa Saúde na Escola (PSE), é fundamental para garantir que as crianças tenham o apoio necessário.
O cuidado com pessoas com autismo (TEA) e outras condições deve acompanhar cada fase da vida e ser adaptado às necessidades de cada um. Mesmo sem o diagnóstico confirmado, já é possível começar ações de apoio para a criança e sua família.
É muito importante que pais, professores e profissionais de saúde trabalhem juntos, sem rótulos ou preconceitos, criando estratégias que ajudem no desenvolvimento, na convivência social e no bem-estar emocional das crianças.
Cuidado às pessoas com TEA na APS
A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada no Sistema Único de Saúde (SUS) e tem um papel essencial no cuidado de pessoas com TEA. É na APS que muitas vezes se identificam os primeiros sinais de risco no desenvolvimento e se garante o acompanhamento contínuo, em conjunto com outros serviços de saúde.
Quanto mais cedo começam as intervenções, maiores são as chances de favorecer o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança. Mesmo sem diagnóstico confirmado, já é possível iniciar ações de apoio à criança e à família.
O cuidado deve ser pensado para cada fase da vida: infância, adolescência, vida adulta e envelhecimento, sempre respeitando as necessidades individuais. Não existe cura para o TEA, mas há intervenções e terapias eficazes que ajudam no bem-estar, na autonomia e na inclusão da pessoa na escola, no trabalho e na comunidade.

