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SAÚDE COM CIÊNCIA
Anúncio dos EUA não retira necessidade de vacinação contra Covid-19 em crianças
Foto: Internet
A agência reguladora do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), foi a público recentemente fazer dois anúncios sobre a vacinação contra a Covid-19. Isto já bastou para que muito conteúdo enganoso começasse a circular.
Vamos entender quais foram os anúncios feitos por Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde e Serviços Humanos americano, e qual é o seu posicionamento.
Quem é Robert F. Kennedy Jr
O secretário de saúde dos Estados Unidos, nomeado pelo atual presidente Donald Trump, é conhecido por ser um crítico de vacinas. Ele questiona a segurança e eficácia das vacinas. O fato é que esses imunizantes já ajudaram a conter doenças e evitar milhões de mortes em todo o mundo.
Robert F. Kennedy Jr. também é fundador do grupo antivacina Children’s Health Defense, que entrou com um processo na Justiça contra a FDA, no qual contestava a autorização de emergência para as vacinas contra Covid-19 em dezembro de 2020, sob a falsa narrativa de que elas eram “ineficazes e não passaram por uma avaliação adequada”. A ação foi rejeitada em 2024.
Para ser aceito pelo Senado dos EUA e garantir os votos necessários, o indicado de Trump fez promessas de proteger os programas de vacinação existentes.
O que foi anunciado
Robert F. Kennedy Jr. anunciou o fim da necessidade de doses anuais de reforço da vacina contra covid-19 para pessoas sem comorbidades entre 6 meses e 64 anos. Ao contrário do que está sendo propagado, o que acaba nos EUA são as doses de reforço e não a vacinação em crianças.
As farmacêuticas Pfizer e Moderna foram orientadas a reforçar, nas bulas de suas vacinas de RNA mensageiro, o alerta sobre os riscos de miocardite e pericardite, eventos adversos raros já mencionados anteriormente. A atualização, recomendada pela agência reguladora, não traz novas informações sobre a frequência dessas ocorrências. Além disso, foi retirada a recomendação de vacinação para gestantes saudáveis do esquema indicado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Porém, especialistas e órgãos de saúde de todo o mundo caminham na direção contrária e alertam sobre os perigos da falta de vacinação geral, como, por exemplo, o enfraquecimento da chamada imunidade de rebanho e, como consequência, o aumento de risco da doença para toda a população.
É importante lembrar que os esquemas iniciais de vacinação já oferecem uma boa proteção aos vacinados. Mas por falta de dados, não é possível afirmar que a aplicação de doses periódicas nesses grupos pode ser descartada. O que tem comprovação é que a imunidade perde força ao longo do tempo. Por isso, é importante manter o calendário de vacinação em dia.
Grávidas fazem parte do grupo de risco
A lista do CDC é clara ao incluir gravidez como fator de risco para contrair a forma grave da doença. Inclusive, o próprio órgão lista diferentes estudos que comprovam os riscos da doença para o grupo.
A Revista BMC Medicine publicou pesquisa mais recente sobre o tema. A conclusão é de que a doença é fator de risco para aborto espontâneo. Durante a gravidez, as mulheres passam por uma baixa do sistema imunológico.
Ao se vacinar, elas passam os anticorpos contra a Covid-19 para o bebê, por meio da placenta. Esse esquema passa a ser a proteção da criança até ela se tornar elegível para a vacina, aos os seis meses de idade.
Segurança das vacinas
Todas as vacinas disponíveis à população são comprovadamente seguras. Elas passaram por rigorosos ensaios clínicos antes de serem aprovadas, garantindo a avaliação detalhada da segurança e eficácia de cada uma. A capacidade da vacina de prevenir a doença na população-alvo sob as condições do estudo.
Somente após a comprovação desses critérios pelas autoridades regulatórias, as vacinas são liberadas para uso na população. Dessa forma, é assegurado que as vacinas são confiáveis e possuem eficácia comprovada para prevenir doenças.
Após autorização de uma vacina, o Programa Nacional de Imunização (PNI) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizam uma vigilância constante para detectar e prevenir qualquer problema relacionado à vacinação. Isso permite a identificação de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) raros e inesperados, e a implementação de medidas adequadas para mitigar riscos.
O Ministério da Saúde divulgou, no dia 13 de maio, boletim epidemiológico que mostra que 28 dos 47 menores de 1 ano que morreram por Covid-19 em 2024 não tinham comorbidades. Na faixa de 1 a 4 anos, 10 das 25 crianças que morreram eram saudáveis. Esses dados indicam que a mortalidade da Covid-19 não está ligada apenas as crianças mais vulneráveis, sendo necessária a vacinação de todas crianças.
A eficácia da vacinação em crianças também é comprovada no artigo Covid-19 vaccination in children: a public health priority. O estudo afirma que formulações pediátricas da vacina da Pfizer demonstraram significativa eficácia e segurança.
Não caia em Fake News
Vacinas são a forma mais eficaz de prevenção de doenças. Por isso, antes de acreditar e repassar um conteúdo, verifique se a fonte é confiável e lembre-se de basear suas decisões de saúde em informações científicas. Não repasse desinformação.
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes:
Programa Nacional de Imunização (PNI)
Covid-19 vaccination in children: a public health priority
Boletim epidemiológico covid-19 - 13/5/2025