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SAÚDE COM CIÊNCIA
É falso que vacinas contenham órgãos humanos ou de animais
Foto: Internet
Uma nova onda de desinformação tem se espalhado pelas redes sociais. Desta vez, a Fake News afirma que vacinas conteriam órgãos humanos e de animais, centenas de produtos químicos e que poderiam ser substituídas por antibióticos e antivirais naturais.
A narrativa ganhou força após uma influenciadora divulgar um vídeo traduzido, repetindo falas como “a era das vacinas acabou” e “essa tecnologia falhou”. De acordo com o autor do vídeo, que não é médico e se identifica como doutor em política econômica, as vacinas não teriam lugar na medicina daqui para frente. Nada disso é verdade. A ciência e a realidade comprovam que vacinas salvam vidas e foram um avanço significativo na história da humanidade.
Vacinas não têm órgãos humanos nem de animais
As alegações de que imunizantes conteriam rim, pulmão ou ovário de animais — ou até retina humana — são totalmente falsas e delirantes. Não existe absolutamente nenhum órgão animal ou humano na composição de vacinas.
As vacinas são feitas com um conjunto limitado de ingredientes, todos rigorosamente listados, conhecidos e testados por agências reguladoras sérias, como Food and Drug Administration (FDA) - agência de saúde americana, Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil.
As vacinas contêm:
- Antígenos (partes inofensivas do vírus ou bactéria que causa a doença infecciosa, ou instruções para que o corpo produza essas partes);
- Conservantes e estabilizadores (para manter a eficácia);
- Adjuvantes (para estimular a resposta imunológica);
- Diluentes e surfactantes (que garantem segurança e estabilidade).
E só. Nenhum órgão, nenhum “DNA estranho”, nada que se aproxime do que foi dito.
Após passarem por rigorosos ensaios clínicos, os imunizantes continuam sendo monitorados em programas de farmacovigilância pós-comercialização globalmente, incluindo a vigilância de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) realizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) no Brasil.
Antibióticos não substituem vacinas — cada um tem seu papel
A influenciadora também divulgou uma lista com “antibióticos naturais” como alho, mel, gengibre e cúrcuma, sugerindo que eles poderiam substituir vacinas. Isso é igualmente falso.
Antibióticos tratam infecções bacterianas, enquanto vacinas previnem infecções causadas por vírus ou bactérias. Uma coisa não substitui a outra.
Segundo a OMS, vacinas ajudam a reduzir o uso excessivo de antibióticos, evitando a resistência antimicrobiana — um problema global que causa quase 5 milhões de mortes por ano.
Relatório recente da OMS mostra que imunizantes já disponíveis, como os contra pneumonia pneumocócica e Hib (Haemophilus Influenzae Tipo B), evitam centenas de milhares de mortes associadas à resistência bacteriana. De acordo com o documento, pessoas vacinadas têm menos infecções e estão protegidas contra potenciais complicações de infecções secundárias que podem necessitar de medicamentos antimicrobianos ou de internação hospitalar.
Desinformação pode matar
A disseminação contínua de conteúdos falsos compromete a imunização, abre espaço para o retorno de doenças já controladas e confunde a população. O Brasil, por exemplo, viu o sarampo voltar justamente por causa da queda nas coberturas vacinais.
Órgãos de saúde do mundo todo — OMS, FDA, Anvisa — são categóricos: as vacinas contra a covid-19 e demais imunizantes usados no Brasil são seguras e eficazes, testados em ensaios clínicos rigorosos e monitorados de forma permanente.
Fique atento — e consulte sempre fontes oficiais
Em tempos de circulação massiva de informações, é essencial desconfiar de conteúdos sensacionalistas, especialmente aqueles que apresentam teorias extremas ou alarmistas. Antes de compartilhar, consulte fontes confiáveis, como Ministério da Saúde, OMS, Anvisa e Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Vacinas salvam vidas. Desinformação coloca vidas em risco.
Fontes
As referências usadas nesta matéria são as seguintes:
Vacinas poderiam reduzir uso de antibióticos em 2,5 bilhões de doses anualmente, diz OMS