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Coopera Mais Brasil
Crédito, cooperativismo e novos mercados marcam a programação do Coopera Mais Brasil
Foto: Albino Oliveira - ASCOM/MDA
Na última terça-feira (09), o 2º Encontro Nacional do Cooperativismo – Coopera Mais Brasil contou com dois momentos marcantes para a agricultura familiar. Pela manhã, foi realizada a roda de conversa “Crédito e Cooperativismo: estratégias de financiamento da produção de alimentos saudáveis”, mediada pelo secretário de Agricultura Familiar e Agroecologia do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Vanderley Ziger, e com a participação de representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (BASA), Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), além de cooperativas, Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). À noite, ocorreu o lançamento da Campanha Mais Mercados para a Agricultura Familiar na Transição Energética, no Parlamundi, em Brasília.
Durante o painel da manhã, Ziger ressaltou a importância da aproximação entre cooperativas, governo e setor financeiro. “O acesso ao crédito é fundamental para que a agricultura familiar possa produzir mais e melhor. Quando aproximamos cooperativas, governo e setor financeiro, criamos condições reais para que alimentos saudáveis cheguem à mesa da população e fortalecemos o papel estratégico da agricultura familiar na economia do país”, acrescentou.
O debate contou com dados apresentados pelo diretor de Financiamento, Proteção e Apoio à Inclusão Produtiva Familiar (DEFIP/SAF/MDA), José Henrique da Silva, que reforçou o crescimento do crédito rural nos últimos anos e os desafios ainda existentes. “Nós já tivemos um crescimento de quase 25% no volume de recursos do crédito rural em relação ao governo anterior, alcançando R$ 66,4 bilhões no Plano Safra 2024/2025. Mas o nosso grande desafio continua sendo ampliar o acesso das cooperativas da agricultura familiar ao crédito. Ainda temos pouco mais de mil cooperativas acessando, quando sabemos que esse universo pode ser muito maior.”
Representando a voz das cooperativas, Elizabeth Borges, presidenta da Coprofap do Paraná, relatou os impactos do crédito na vida dos produtores. “A dificuldade sempre foi o capital de giro. Muitas vezes o produtor acabava financiando os programas, porque recebia com até 120 dias de atraso. Com o crédito acessado junto ao BRDE, conseguimos mudar essa realidade. Hoje garantimos o pagamento aos nossos produtores até o dia 10 de cada mês, independente de já termos recebido. Isso deu segurança e dignidade às famílias agricultoras”, explicou a cooperada.
Combustível do futuro em destaque
À noite, no Parlamundi, autoridades do governo federal e lideranças cooperativistas participaram do lançamento da Campanha Mais Mercados para a Agricultura Familiar na Transição Energética. O ato incluiu homenagens a experiências exitosas do Selo Biocombustível Social, a assinatura da Portaria nº 36/2025, que amplia o aporte a fundos garantidores, e o anúncio do Banco de Projetos para fomentar iniciativas da agricultura familiar.
Segundo o secretário Vanderley Ziger, a campanha é um marco para ampliar oportunidades. “Com a Campanha Mais Mercados, reforçamos o compromisso de incluir cada vez mais a agricultura familiar na transição energética, garantindo renda, sustentabilidade e oportunidades para cooperativas em todo o Brasil”, destacou.
O ministro Paulo Teixeira aproveitou para lembrar que o Brasil está investindo na produção de biocombustível enquanto impulsiona e amplia a produção de alimentos, e que o evento coloca as cooperativas em foco. “Estamos fazendo a transição para um combustível limpo sem comprometer a produção de alimentos, é um momento de trabalho para que todas as agendas das cooperativas possam ir para as mesas de decisão, que todos os ministérios possam ter a agenda de vocês como uma agenda guia”, enfatizou.
Vivian Libório, diretora de Inovação para a Produção Familiar e Transição Agroecológica (DINOV/SAF/MDA), destacou o papel do Selo Biocombustível Social e a centralidade da agricultura familiar na transição energética. “O Selo Biocombustível Social, em 17 anos, investiu 67 bilhões de reais na agricultura familiar e hoje atende diretamente mais de 55 mil famílias. Mas o futuro só será justo se a regulamentação assegurar a participação da agricultura familiar e suas organizações, com destaque ao cooperativismo, nas cadeias de valor dos combustíveis renováveis.”
O secretário Vanderley Ziger também ressaltou o avanço representado pela iniciativa. “A partir de agora, teremos um banco de projetos que as cooperativas poderão apresentar para que as empresas do setor possam apoiar e financiar. Isso torna mais transparente os recursos aportados e fortalece o compromisso das empresas com a agricultura familiar e a transição energética”, concluiu.
Os dois momentos marcaram o evento, colocando em destaque a valorização do cooperativismo como eixo central para políticas públicas que ampliem o crédito, fortaleçam a produção de alimentos saudáveis e garantam que a agricultura familiar esteja no centro das transformações rumo a uma transição energética justa e sustentável.