Agricultura familiar brasileira retoma ao centro das discussões mundiais

Coube ao MDA a tarefa de representar o Brasil na principal arena internacional para o combate à fome, a 43º Conferência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma. Em nome do governo brasileiro, o ministro Paulo Teixeira discursou no debate-geral da Conferência onde afirmou que a superação da insegurança alimentar no Brasil e no mundo não envolve apenas quantidade. “É, sobretudo, uma questão de qualidade e preço dos alimentos. É sobre a geração de renda no campo. Queremos e devemos garantir a todos o acesso a alimentos saudáveis e produzidos de forma sustentável”, disse.

Ministro do MDA Paulo Teixeira e diretor geral da FAO Qu Dongyu (Foto: ©FAO/Pier Paolo Cito)

O ministro discorreu sobre as ações do Brasil para o fortalecimento da agricultura familiar e ressaltou o Plano Safra lançado semana passada. Ao mencionar a convocação do presidente Lula para a Cúpula da Amazônia, a ser realizada em agosto, destacou o empenho do governo em encontrar soluções de renda para os 30 milhões de habitantes da Amazônia, incluindo 1,5 milhão de indígenas e mais de 5 milhões de afrodescendentes e sugeriu mais parcerias com esse propósito. “Estamos propondo a elaboração de uma Estratégia Pan Amazônica de Abastecimento e Segurança Alimentar que venha a valorizar os produtos da bioeconomia local. A FAO é parceira central nesse processo, com sua experiência na construção da Rede de Sistemas Públicos de Alimentação e Abastecimento.”

Durante a conferência, Qu Dongyu foi reeleito diretor-geral da FAO, com voto do Brasil dado pelo ministro Paulo Teixeira. Logo após a eleição, o diretor-geral se reuniu com o chefe do MDA. Na oportunidade, Teixeira comentou a iniciativa do presidente Lula para a Cúpula da Amazônia e os projetos do MDA para valorizar a sociobiodiversidade na região. Ambos concordaram na centralidade de prover inovação e tecnologia para pequenos produtores e sobre o papel central da Embrapa nessa área e na cooperação Sul-Sul.

Escassez de água

No painel Escassez de água: fazer com que a água flua para as pessoas e o planeta, ao lado de autoridades Cabo Verde, Países Baixos, Jordânia, Tadjiquistão, China e Estados Unidos, Paulo Teixeira destacou programas e ações do Governo Federal que têm o objetivo de garantir o acesso à água para consumo humano e produção de alimentos como o Programa Cisternas, criado em 2003, que tem como região prioritária o semiárido brasileiro.

painel Escassez de água: fazer com que a água flua para as pessoas e o planeta (Foto: ©FAO/Giulio Napolitano)

Nesse sentido, para a superação desses desafios, o ministro sugeriu o envolvimento na coordenação e forte atuação em prol de medidas de adaptação não apenas da FAO, mas também as demais agências das Nações Unidas, como o FIDA e o PMA, que em colaboração, podem desempenhar papel relevante na gestão da água, principalmente nos países em desenvolvimento.

Para citar um exemplo, Teixeira evidenciou a atuação do FIDA no Projeto Dom Hélder Câmara, no Brasil. “Agora em sua terceira fase, serão investidos U$ 45 milhões em ações que visam a reduzir a pobreza e a insegurança alimentar dos agricultores familiares do semiárido nordestino, a região brasileira que sempre mais sofreu com escassez hídrica.”

Encontros estratégicos

A conferência proporcionou a oportunidade para a delegação do MDA de realizar encontros estratégicos com diversas nações e organizações para fomentar parcerias que visam o fortalecimento da agricultura familiar no Brasil e o desenvolvimento socioeconômico das famílias no campo.

Com as duas vices diretoras gerais da FAO, Beth Bechdol e Maria Helena Semedo, a equipe do MDA tratou da mecanização da agricultura e novos projetos de Sistemas Agrícolas Tradicionais de Importância Global (SIPAM). Já com a equipe do Ministério da Agricultura de Cuba, o diálogo circundou a superação de desafios comuns e parcerias bilaterais para favorecer os dois países.

Houve também um encontro com o economista-chefe da FAO , Máximo Torero, que supervisiona a publicação sobre Estado da Segurança Alimentar e Nutricional (SOFI) da FAO, conhecido no Brasil como “mapa da fome”. O ministro Paulo Teixeira atualizou sua contraparte sobre as novas inciativas do governo brasileira na área de combate à fome e, na sequência, seguiu para participar da reunião do Grupo de Países da América Latina e Caribe da FAO (GRULAC), também com o economista-chefe, além do representante regional, o uruguaio Mario Lubetkin.

A equipe do MDA realizou ainda reuniões bilaterais com o ministro de Agricultura, Pesca e Florestas da Austrália, Murray Watt; o ministro da Agricultura da República Dominicana, Limber Cruz; secretária de Estado Parlamentar do Ministério da Alimentação e da Agricultura da Alemanha, Ophelia Nick; o ministro da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha, Luis Planas; o ministro da Agricultura, da Pesca Marítima, do Desenvolvimento Rural e das Águas e das Florestas do Marrocos, Mohammed Sadiki e também com a Delegação Alemã, da qual participaram o senador Chico Rodrigues e a deputada Federal Duda Salabert.