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Nova espécie de Verbenaceae com flores azuis é nomeada em homenagem à pesquisadora Rafaela Forzza
À esquerda, ilustração botânica em preto e branco utilizada no artigo que descreve a S. forzzae e, à direita, foto da planta em seu habitat natural | Foto: Cássio van den Berg
Um artigo publicado em 6 de dezembro, no periódico Nordic Journal of Botany, apresentou à ciência uma nova espécie de flores azuis, nomeada Stachytarpheta forzzae. Esta espécie ocorre na Pedra do Oratório, um inselbergue (formação rochosa do mesmo tipo do Pão de Açúcar) da Floresta Atlântica localizado no município de Guaratinga, estado da Bahia.
A descoberta se deu a partir de fotos postadas no INaturalist (plataforma de ciência cidadã) pelo pesquisador Cássio van den Berg, da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. As imagens chamaram a atenção do pesquisador Pedro Henrique Cardoso (ENBT/JBRJ), não apenas pelas características únicas exibidas pela planta, mas também porque, até então, apenas uma outra espécie do gênero Stachytarpheta havia sido registrada em inselbergues. Segundo o especialista, as espécies do gênero são encontradas principalmente em campos rupestres da Cadeia do Espinhaço e na Chapada dos Veadeiros.
A coleta de amostras da planta, em um local de acesso extremamente difícil, foi realizada depois, com o auxílio de um morador do município, o Sr. Wilton Silva dos Santos, o que mostra a importância do conhecimento local para a pesquisa científica em biodiversidade. A partir desse material, os autores realizaram análises morfológicas, palinológicas e anatômicas.
O nome da nova espécie é uma homenagem à pesquisadora Rafaela Campostrini Forzza (ICMBio e JBRJ), reconhecida pelos autores como uma botânica visionária, cujo rigor científico e força inabalável tem promovido consistentemente o conhecimento e a conservação da flora brasileira, deixando um legado que inspira gerações. A avaliação preliminar do risco de extinção indica que Stachytarpheta forzzae está Criticamente em perigo (CR).
De acordo com Pedro Henrique Cardoso, a descoberta de uma nova espécie restrita à Pedra do Oratório reforça a urgência de proteger esse inselbergue de Guaratinga. Ele destaca ainda que, sem os registros disponibilizados pelo iNaturalist, a planta poderia ter permanecido desconhecida por anos. Por isso, mesmo com o acesso difícil, ampliar os esforços de coleta na região é fundamental para evitar que outras espécies igualmente raras passem despercebidas. Para o botânico, fortalecer a pesquisa taxonômica é indispensável para compreender, valorizar e conservar a biodiversidade.
Leia o artigo original (em inglês) no Nordic Journal of Botany.