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Jardim Botânico do Rio lança guia etnobotânico sobre a restinga da Região dos Lagos
O guia é uma ferramenta educativa que aborda a riqueza da restinga da Região dos Lagos
Lançado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o guia etnobotânico “Restingas da Região dos Lagos” chama atenção para a conservação da flora e dos conhecimentos tradicionais associados às restingas. Escrito pelos pesquisadores Viviane Stern da Fonseca Kruel, Nicky van Luijk, Giovana Schulze de Macedo e Cyl Farney Catarino de Sá, o guia é uma ferramenta educativa que aborda a riqueza da restinga da Região dos Lagos, especialmente na Restinga de Massambaba, por meio do potencial das plantas medicinais e alimentícias.
Desenvolvido a partir de um cuidadoso processo de coleta de dados, entrevistas e registros fotográficos, “Restingas da Região dos Lagos: Guia etnobotânico para olhar, aprender e cultivar saberes” também pode ser usado por estudantes, líderes comunitários e gestores de unidades de conservação. O material é resultado de um estudo etnobotânico realizado nos municípios de Arraial do Cabo, Armação dos Búzios e Saquarema, na Região dos Lagos, com a participação de comunidades tradicionais da região, que compartilharam seus saberes e experiências sobre a vegetação local de restinga.
O guia é produto da tese de doutorado ‘Transmissão cultural e conservação do conhecimento local sobre espécies vegetais alimentícias e medicinais das restingas do Parque Estadual da Costa do Sol, RJ’, de Nicky van Luijk, pela Escola Nacional de Botânica Tropical/Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sob orientação da pesquisadora do JBRJ Viviane Stern da Fonseca Kruel e co-orientado pelo professor da Universidade Federal de Juiz de Fora Gustavo Taboada Soldati.
A publicação contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e reúne informações sobre 13 espécies emblemáticas da vegetação de restinga, apresentando suas principais características botânicas, usos registrados nos conhecimentos tradicionais e considerações sobre a ciência-cidadã, convidando os leitores a se engajarem na conservação da restinga.
De acordo com os autores, o conhecimento tradicional sobre o uso de plantas nativas, transmitido oralmente entre gerações, constitui um patrimônio cultural de inestimável valor para a conservação da biodiversidade e para o fortalecimento da identidade das comunidades tradicionais. No entanto, nas últimas décadas, segundo eles, processos como a urbanização, mudanças socioeconômicas e transformações nos modos de vida têm reduzido significativamente as oportunidades de transmissão desse saber, especialmente entre os mais jovens.
O estudo conduzido pelos pesquisadores Viviane Stern da Fonseca Kruel, Nicky van Luijk e Gustavo Taboada Soldati destacou essa tendência principalmente entre as gerações mais jovens, evidenciando a necessidade urgente de documentar, preservar e compartilhar o conhecimento etnobotânico associado à flora de ambientes costeiros, especialmente as restingas.