Exposição Principal
A exposição de longa duração “Muito mais que um jardim”, concebida em colaboração com um comitê de funcionários e pesquisadores do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, traz a essência do museu por meio de oito experiências. Um dos destaques é a obra "Sumaúma: Copa, Casa, Cosmos", de Estevão Ciavatta com narração de Regina Casé, que promove uma experiência de imersão na Sumaúma (Ceiba pentandra), árvore amazônica presente na coleção viva do JBRJ e carregada de simbolismos. Um deles está presente em mitos indígenas em que a árvore conecta o céu e a terra.
Com esta exposição, o novo museu evidencia o trabalho pioneiro do JBRJ no desenvolvimento de políticas públicas e ações assertivas para o conhecimento e conservação da flora brasileira ao longo de mais de dois séculos de história, dando visibilidade às dimensões do trabalho realizado pelos botânicos: expedições de campo, pesquisa científica aplicada à conservação da biodiversidade, e as atividades dos laboratórios.
Uma Coleção Viva
A primeira sala tem como objetivo despertar no visitante as sensações de encantamento e contemplação do espaço. Logo na entrada, há a projeção sobre uma maquete do Jardim Botânico, 500 vezes menor, que destaca áreas e trilhas temáticas, topografia e sua relação geográfica com a floresta. Além de mostrar as árvores e os principais edifícios históricos, também estão representados nela os espaços importantes para o desenvolvimento de pesquisas científicas como laboratórios, bibliotecas e salas de aula. Ao lado, uma instalação visual que nos provoca a pensar na dança das plantas. Painéis de led posicionados sobre uma mesa coberta com terra, trazem imagens feitas em time lapse, tecnologia que torna visível o movimento calmo das plantas, e nos permite observar em segundos a coreografia que leva horas, dias e até semanas para acontecer. Nas paredes deste espaço, estão escritos os nomes científicos (e em alguns casos os nomes populares) de 1.200 espécies de plantas presentes no Arboreto do JBRJ, que integram essa coleção viva cuidadosamente montada e cultivada ao longo de mais de 200 anos para fins de pesquisa, conservação e educação ambiental. A arte orgânica criada com esses nomes foi feita por meio de um software, que levou em conta a forma das raízes das plantas.
Instalação artística Utopia Botânica
Criada especialmente para o Museu do Jardim Botânico, a instalação Utopia Botânica, de Fernanda Froes, recria poeticamente uma floresta fragmentada de pau-brasil (Paubrasilia echinata). Símbolo da Mata Atlântica, essa espécie esteve à beira da extinção no período colonial devido à intensa exploração de seu pigmento vermelho e permanece ameaçada atualmente.Inspirada nas ideias de utopia e paraíso presentes em Utopia (1516), de Thomas Morus, e Visão do Paraíso (1959), de Sérgio Buarque de Holanda, a instalação resgata a imagem de um território idealizado e perdido. Ao evocar cores, formas e a possibilidade de reimaginar futuros, convida você a refletir sobre destruição, memória e reconstrução da paisagem natural.
Instalação imersiva “Sumaúma: copa, casa, cosmos”
Um dos destaques do Museu do Jardim Botânico é a obra imersiva de autoria de Estevão Ciavatta com narração de Regina Casé. Em um espaço circular, o público vai acompanhar em 360º o crescimento da Sumaúma (Ceiba pentandra) - árvore amazônica de grande porte - desde a semente, passando pela formação de raízes, seu crescimento, sistemas internos, até conectar a terra e o céu. A metáfora não deixa de ser verdadeira, pois o maior exemplar da árvore já conhecido chega a 88,5 metros. E, para muitos povos, ela é o lar de entidades divinas ou mesmo um portal que leva para diferentes mundos.
Flora brasileira em perigo
No Brasil, a cada três dias uma nova espécie de planta é descoberta. Segundo o JBRJ, mais de 40% das plantas brasileiras estão ameaçadas de extinção e muitas outras acabam extintas antes mesmo de serem estudadas pela ciência. Neste espaço, um gráfico mostra a quantidade de espécies identificadas e avaliadas pelo Jardim Botânico, as categorias de conservação destas, suas principais ameaças e os respectivos planos de ação para preservação. No centro da sala, uma instalação apresenta mais de 100 ilustrações botânicas, produzidas principalmente no século XIX. Em cada uma delas, luzes que podem ser verdes, amarelas e vermelhas, destacam o risco de extinção das plantas. E, em uma das paredes, um vídeo evidencia as principais atividades humanas que estão destruindo a flora, como a agricultura, a exploração da madeira, a mineração e a produção de energia, a poluição, entre outros. As imagens sugerem que é preciso "resetar o sistema" e reiniciar. Completa a sala uma bancada que mostra, em menor escala, como é o herbário do Jardim Botânico, com coleções de exsicatas (amostra de planta que depois de prensada e seca é fixada em uma cartolina com suas informações, como local e data de coleta), fungos, coleções spirit (plantas preservadas em meio líquido), carpoteca (coleção de parte de plantas de grandes dimensões), banco de sementes, xiloteca (coleção de madeira), banco de DNA, entre outros. Grande parte deste material pode ser manipulado pelos visitantes.
Nas rotas das expedições
Uma parte fundamental do trabalho do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro são as expedições científicas: viagens para regiões remotas, muitas vezes pouco conhecidas pela ciência, para a coleta de plantas e informações. Nesta sala, estão destacados os biomas brasileiros e os principais materiais de pesquisa de campo dos pesquisadores. Em uma bancada, estão substratos de diferentes tipos de paisagens que podem ser explorados pelos visitantes por meio de microscópios de mão.
Por dentro dos experimentos
Depois de explorar diferentes territórios, os pesquisadores vão para o laboratório! E é exatamente o que esta sala apresenta, com vidrarias, microscópios, uma reprodução didática de uma célula vegetal e de uma fita de DNA, óleos essenciais, entre outros elementos. O espaço chama a atenção para as pesquisas produzidas no JBRJ que ajudam a criar políticas públicas para a conservação de ecossistemas.