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Polinização e renda: curso ensina mulheres a criar abelhas sem ferrão de forma sustentável
Pesquisadora Márcia Maués, integrante da equipe INPol e representante da Embrapa Amazônia Oriental. (Foto: Ronaldo Rosa)
Nos dias 5 e 6 de fevereiro de 2025, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Polinização (INPol) participou do curso "Meliponicultura para Mulheres", realizado na comunidade Alto Corací, zona rural de Paragominas, Pará. A iniciativa, promovida em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Rede Abelha e a Embrapa, capacitou 20 agricultoras locais em técnicas de manejo e criação de abelhas sem ferrão, destacando sua importância para cultivos regionais como açaí, melão e melancia.
A pesquisadora Márcia Maués, representante do INPol no eixo de Polinização Aplicada e integrante da Embrapa Amazônia Oriental, enfatizou o impacto transformador do curso: "Capacitar mulheres para conhecer melhor essas abelhas, entender seu papel na natureza e ainda aproveitar o potencial econômico dos produtos que elas oferecem." A ação contou com o apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas (SPRP) por meio do Movimento Rural Delas.
As abelhas sem ferrão, pertencentes à tribo Meliponini, são nativas das regiões tropicais e subtropicais e desempenham um papel fundamental na polinização de diversas plantas. No Pará, estima-se a existência de 109 espécies dessas abelhas, que contribuem para a biodiversidade e para o aumento da produtividade agrícola. A criação racional dessas espécies, prática conhecida como meliponicultura, vem se consolidando como uma alternativa sustentável de geração de renda para comunidades locais, especialmente para mulheres, indígenas e populações tradicionais. Além do mel, essas abelhas geram produtos como própolis e pólen, que também possuem alto valor econômico.
Em setembro de 2024, o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) do Pará publicou a Resolução nº 184, que regulamenta a meliponicultura no estado. A nova legislação estabelece critérios para o licenciamento ambiental e define diretrizes para o manejo sustentável dessas abelhas. A Embrapa Amazônia Oriental teve um papel fundamental na formulação da norma, contribuindo com informações técnicas e capacitação de produtores locais. Com a regulamentação, meliponicultores paraenses podem criar, manejar, transportar, multiplicar e comercializar colmeias, além de obter e vender produtos derivados das abelhas. Criadores com até 99 colmeias estão dispensados da licença ambiental, necessitando apenas de um cadastro junto ao órgão de fiscalização agropecuária. Anteriormente, o limite era de 49 colmeias, o que restringia a expansão da atividade.
A capacitação das agricultoras em Paragominas reflete um movimento crescente de valorização e empoderamento feminino no campo, promovendo práticas sustentáveis que aliam conservação ambiental e geração de renda. Iniciativas como essa não apenas fortalecem a economia local e promovem a autonomia feminina no campo, mas também asseguram a preservação das abelhas sem ferrão—verdadeiras aliadas da biodiversidade e da agricultura sustentável.

