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Pesquisa mapeia como as abelhas do Pantanal reagem às mudanças de temperatura e umidade
O Pantanal é conhecido como a maior planície de água doce inundável do mundo, com um território que vai do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, até parte da Bolívia e Paraguai. São aproximadamente 195.000 km² (dos quais 151.000 dentro da parte brasileira) de uma planície sedimentar com solo bastante heterogêneo devido à interação de processos geológicos, climáticos e biológicos. Seus ciclos de cheias e secas (chuvoso no verão e seco no inverno) fazem dele um ecossistema único, com diversas subdivisões e riquíssimo em biodiversidade. A dinâmica das águas altera as paisagens ao longo do ano e propícia uma grande quantidade de vida na região. É alta a variedade biológica no Pantanal, que abriga centenas de espécies de fauna, flora, e, claro, polinizadores.
O projeto das pesquisadoras Luana Cerri e Caroline Morais, da Universidade Federal do Mato Grosso, estuda como as abelhas do Pantanal são afetadas pelas mudanças de temperatura e umidade ao longo das estações. A pesquisa busca entender não apenas quais espécies vivem na região, como também suas características físicas, comportamentos, e como se adaptam à alternância entre os períodos de seca e chuva.
Para isso, são realizadas expedições bimestrais no Pantanal Norte, na região do SESC Baía das Pedras, em Poconé (MT). Lá, as abelhas são coletadas, tanto de forma passiva, como ativa. São 13 pontos distribuídos em diferentes tipos de vegetação, incluindo florestas, campos, áreas inundadas e zonas em regeneração.
Para a captura passiva são utilizadas iscas-odoríferas e armadilhas do tipo pan traps. As armadilhas odoríferas consistem em garrafas PET adaptadas, suspensas a 1,5m do solo. Já as armadilhas coloridas do tipo pan traps são instaladas em conjuntos que contêm três copos plásticos coloridos fluorescentes, posicionados a 50cm, 1m e 1,5m de altura. Ambas as armadilhas permanecem no campo por sete dias consecutivos, e o material coletado é armazenado em tubos para posteriormente ser enviado para o laboratório.
As coletas ativas são realizadas em quatro transectos (faixa de terreno onde são feitas observações e medições), de 250m cada, utilizando redes para capturar indivíduos em voo ou em visitação floral. A temperatura e a umidade também são monitoradas durante as coletas.
No laboratório, o tamanho das abelhas é medido e as características de cada espécie são catalogadas. Até o momento, foram coletados 1.733 indivíduos, a maioria pertencente da subfamília Apinae. Os resultados preliminares mostram que o tamanho das abelhas varia bastante e que a maioria constrói ninhos acima do solo. Foi descoberta também uma espécie de abelha que não havia tido sua ocorrência ainda catalogada no Pantanal.
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Lá tem um vídeo exclusivo sobre essa pesquisa, com imagens inéditas da Luana e Carol em campo.
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