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Artigo relaciona indicadores de Euglossini com dados de restauração florestal
A restauração dos ecossistemas é fundamental para o restabelecimento da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, como o fornecimento de água e polinização agrícola. Entender o sucesso de diferentes estratégias de restauração ecológica é um passo essencial, e é aí que entram os indicadores biológicos, frequentemente usados para mensurar essa eficácia. O estudo, liderado pelo pesquisador Lázaro Carneiro, utilizou comunidades de abelhas Euglossini para avaliar o sucesso da restauração florestal na Área de Proteção Ambiental do Rio São João/Mico-Leão-Dourado, Mata Atlântica do Rio de Janeiro.
Euglossini é um grupo de abelhas, popularmente conhecidas como abelhas de orquídeas, que ocorre apenas no continente americano, do sul dos EUA à Argentina, e inclui mais de 240 espécies registradas. Essas abelhas têm uma alta dependência de ambientes florestais, e representam um dos principais grupos de abelhas responsáveis pela polinização nas florestas tropicais úmidas. Por isso, recuperar as comunidades desses insetos é essencial para o sucesso das estratégias de restauração florestal, que visam reestabelecer a biodiversidade e serviços ecológicos associados.
O estudo coletou abelhas Euglossini em 12 áreas de restauração ativa, com plantios de espécies nativas da Mata Atlântica, realizados pela Associação Mico-Leão-Dourado, para conectar áreas de florestas. Além disso, os pesquisadores também coletaram as abelhas em 12 áreas de regeneração natural, habitats que estão recuperando naturalmente, sem o manejo do homem. Essas áreas de restauração foram comparadas com outras 12 áreas de floresta conservada, que representam as índices de referência, ou seja, o nível de diversidade que as áreas de restauração devem atingir.
A pesquisa revelou que áreas de restauração ativa e de regeneração natural mantém comunidades de abelhas de orquídeas similares àquelas encontradas nas florestas conservadas. Isso significa que restaurar é o que importa, independente da estratégia utilizada. Contudo, foi observado que a quantidade de floresta e a heterogeneidade da paisagem, que representa os diferentes usos de solo, afetaram a composição e as dinâmicas de perda e troca de espécies de Euglossini entre áreas de restauração e de floresta conservada. Por exemplo, paisagens com maior quantidade de floresta (maior que 50 %) tiveram espécies com alta dependência de habitats conservados, enquanto a redução da cobertura de floresta (menor que 25%) beneficiou principalmente as espécies de abelhas que têm maior adaptabilidade no uso dos habitats, como áreas florestais e agrícolas.

- Variações Escala Multidimensional Não Métrica mostrando variações na composição de Euglossinas entre áreas
A pesquisa mostra que aumentar a quantidade de floresta na paisagem é crucial para garantir o sucesso dos projetos de restauração, especialmente para a recuperação das comunidades de abelhas e do serviço ecológico de polinização. O estudo foi orientado pela Professora Maria Cristina Gaglianone (UENF) e também teve a colaboração de pesquisadores de outras instituições do Brasil e exterior, como UNESP, UEL, Gund Institute for Environment e University of Oxford.
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