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Dívida Pública Federal encerra outubro de 2025 em R$ 8,253 trilhões, aponta o Tesouro Nacional
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou outubro em R$ 8,253 trilhões, representando aumento de R$ 131,5 bilhões em relação a setembro (R$ 8,122 trilhões), ou seja, alta de 1,62%, em termos nominais. Essa variação reflete emissão líquida de R$ 41,38 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 90,12 bilhões no período, explica o Tesouro Nacional.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve seu estoque ampliado em 1,64% (termos nominais), ao passar de R$ 7,820 trilhões (setembro) para R$ 7,948 trilhões (outubro). Essa movimentação resulta da apropriação positiva de juros de R$ 85,23 bilhões e emissão líquida de R$ 41,38 bilhões.
Em relação ao estoque da Dívida Pública Federal externa (DPFe), houve variação positiva de 1,17% sobre o estoque de setembro. Dessa forma, outubro encerrou na marca de R$ 305,06 bilhões (US$ 56,66 bilhões), sendo R$ 254,93 bilhões (US$ 47,35 bilhões) referentes à dívida mobiliária e R$ 50,13 bilhões (US$ 9,31 bilhões) relativos à dívida contratual.
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a outubro de 2025, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados do material foram detalhados nesta quinta-feira (27/11) em coletiva de imprensa virtual, transmitida ao vivo pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube.
Participaram da entrevista o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias; o coordenador-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Leonardo Martins Canuto Rocha; o coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves; e o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto, Fabio Barbosa.
Acesse material técnico referente ao Relatório Mensal da Dívida de outubro de 2025
Conjuntura
Em análise de conjuntura, indicando os principais fatores que impactaram na gestão da dívida em outubro, o RMD destaca a perspectiva de que a política monetária nos Estados Unidos seria menos flexível do que anteriormente antecipado acabou prejudicando ativos emergentes.
“Outubro foi marcado pela perspectiva de que a política monetária nos Estados Unidos poderia ser menos flexível do que anteriormente antecipado pelo mercado, aumentando um pouco a aversão ao risco, principalmente aos países emergentes. No caso do Brasil, houve aumento de 2,16% no CDS de cinco anos, ainda em um nível ainda bastante baixo, com 139 pontos-base”, disse o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional. CDS é o Credit Default Swap, indicador que reflete o risco-país. Em setembro, o CDS Brasil estava em 136 pontos-base.
O Tesouro ressalta também que, em outubro, a curva de juros local apresentou fechamento principalmente nos vencimentos curtos e intermediários, diante de queda nas expectativas inflacionárias.
“No mercado local, as partes curta e intermediária da curva de juros acabaram cedendo em torno de 10 pontos-base, em queda impulsionada pelos resultados das projeções em relação às expectativas inflacionárias da pesquisa Focus, que mostraram um caminho de convergência para a meta de inflação”, detalhou Helano Borges Dias.
Emissões e resgates
No mês de outubro, as emissões da DPF corresponderam a R$ 162,75 bilhões, enquanto os resgates alcançaram R$ 121,37 bilhões. Esse movimento resultou em emissão líquida de R$ 41,38 bilhões, sendo R$ 42,73 bilhões referentes à emissão líquida da DPMFi e R$ 1,36 bilhão ao resgate líquido da DPFe.
Na DPMFi, foram emitidos R$ 79,12 bilhões de prefixados, R$ 74,41 bilhões remunerados por taxa flutuante e R$ 9,02 bilhões por índice de preços.
“No ano, estamos com R$ 243 bilhões de emissão líquida, o que denota a contribuição do Tesouro para a redução da liquidez e para o aumento do nosso caixa”, apontou Helano Borges.
Detentores
As Instituições Financeiras permaneceram sendo os principais detentores dos títulos da dívida, com participação de 32,21% na DPMFi em outubro, seguidas por Previdência (22,97%), Fundos de Investimento (21,21%) e Não-residentes (10,46%).
O grupo de Instituições Financeiras aumentou sua participação no estoque de DPMFi no período, saltando de R$ 2,544 trilhões, em setembro, para R$ 2,560 trilhões, em outubro. O segmento de Previdência também ampliou sua presença, indo de R$ 1,804 trilhão para R$ 1,825 trilhão. Os fundos de investimento subiram de R$ 1,633 trilhão (setembro) para R$ 1,685 trilhão (outubro). Os Não-residentes saltaram de R$ 797,06 bilhões para R$ 831,37 bilhões.
Custo médio
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses caiu de 12% ao ano, em setembro, para 11,9% anual, em outubro. O prazo médio da DPF diminuiu de 4,16 anos (setembro) para 4,14 anos (outubro).
O custo médio do estoque da DPMFi acumulado em 12 meses subiu de 12,32% ao ano (setembro) para 12,45% anual (outubro).
O custo médio do estoque da DPFe apresentou retração, indo de 3,64% ao ano, em setembro, para -0,78% anual, em outubro. Isso reflete principalmente a apreciação do dólar em relação ao real de 1,24%, em outubro de 2025, ante apreciação de 6,05% verificada no mesmo período do ano anterior.
Colchão de liquidez
A reserva de liquidez apresentou elevação, em termos nominais, de 1,5%, passando de R$ 1,032 trilhão, em setembro, para R$ 1,048 trilhão, em outubro. O índice de liquidez correspondeu a 8,81 meses em outubro, ante 9,33 meses em setembro.
“A nossa reserva de liquidez está com um nível bastante folgado, considerada a métrica de limite prudencial de três meses. Estamos com um colchão bastante tranquilo, aumentando o grau de liberdade para fazermos a gestão da dívida nos próximos períodos”, apontou Helano Borges Dias.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto (TD) contabilizou vendas de R$ 7,17 bilhões e resgates de R$ 3,46 bilhões em outubro, resultando em emissão líquida de R$ 3,71 bilhões no período. O título mais demandado foi o Tesouro Selic (48,1%).
Com tal performance, o estoque do Tesouro Direto alcançou R$ 200,97 bilhões em outubro, alta de 2,88% em relação a setembro. Os títulos indexados à inflação representaram 50,83% do estoque.
“Temos tido um volume bastante significativo nos últimos meses, o que tem contribuído bastante para a consolidação do estoque do Tesouro direto. Em outubro rompemos a barreira dos R$ 200 bilhões”, celebrou o coordenador-geral substituto do Tesouro Direto.
O Tesouro Direto registrou 3,26 milhões de investidores ativos no mês passado (variação de 20,73% nos últimos 12 meses), com 47.963 novos investidores ativos no período. Operações até R$ 5 mil responderam por 80,17% das compras.
“Seguimos com crescimento da nossa base de investidores”, ressaltou Fabio dos Santos. Ele disse ser emblemático que mais de 80% das operações do período terem sido de até R$ 5 mil, o que reforça o caráter inclusivo do Tesouro Direto, permitido acesso de pequenos investidores ao programa.
Novembro
O Tesouro Nacional destaca que, em novembro, incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos e preocupações com expectativas exageradas para os resultados do setor de tecnologia aumentaram a percepção de risco, com abertura dos prêmios de mercados emergentes.
“Em novembro, continuamos a observar incerteza sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos; também uma preocupação em relação ao setor de tecnologia. Aumentou aí a percepção de risco de muitos investidores, achando que o valuation dessas empresas pode estar exagerado, o que trouxe certa apreensão ao mercado”, comentou o coordenador de Operações da Dívida Pública.
Na perspectiva interna, a curva de juros local apresentou perda de nível em novembro, reagindo à expectativa quanto à política monetária local e o desempenho das taxas globais.
“No mercado doméstico, a parte intermediária e longa da curva de juros cedeu bastante, com queda de 30 pontos-base na faixa intermediária. O destaque continuou sendo os indicadores de inflação, com o IPCA de outubro abaixo do esperado”, disse Helano Borges Dias.
Destaques
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional destacou que novembro foi um mês favorável para a gestão da dívida e antecipou que em novembro as emissões em leilões primários já atingiram R$ 162 bilhões. “O destaque do mês foram os prefixados, com R$ 84,6 bilhões, representando 52,2% do total emitido até agora. Também tivemos a participação dos flutuantes em segundo lugar, contribuindo com R$ 56 bilhões, cerca de 35,7% do total”, anunciou Dias.
Os títulos vinculados a índice de preços mostraram recuperação em relação ao mês anterior, com quase R$ 20 bilhões em novembro, cerca de 12,1% do volume emitido no período. Dias reforçou que esses resultados ainda são parciais. Os números finais serão apresentados na divulgação do RMD de novembro, no mês que vem.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública destacou a recente operação realizada no mercado norte-americano, com a emissão de um novo título sustentável de 7 anos, denominado Global 2033 Sustentável (foi a terceira emissão de títulos sustentáveis em dólares), além da reabertura do atual benchmark de 10 anos, o GLOBAL 2035.
O Global 2033 Sustentável tem vencimento em 04 de fevereiro de 2033 e foi emitido no montante de US$ 1,5 bilhão. Já o bônus da República Global 2035, com vencimento em 15 de março de 2035, teve seu volume ampliado em US$ 750 milhões, aumento de 30% sobre a emissão original, que somadas à primeira reabertura totalizam US$ 4,5 bilhões em circulação, informa o Tesouro Nacional.
Confira a entrevista coletiva concedida pelo Tesouro Nacional sobre o Relatório Mensal da Dívida de outubro de 2025
