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Dívida Pública Federal encerra novembro em R$ 8,48 trilhões, informa Tesouro Nacional
O estoque da Dívida Pública Federal (DPF) encerrou novembro de 2025 em R$ 8,48 trilhões, com aumento de R$ 226,82 bilhões (2,75%) em relação a outubro (R$ 8,253 trilhões). No mês, a variação refletiu emissão líquida de R$ 153,71 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 73,1 bilhões, conforme o Relatório Mensal da Dívida Pública (RMD) referente a novembro.
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) alcançou R$ 8,165 trilhões em novembro, alta de R$ 216,9 bilhões frente a outubro (R$ 7,948 trilhões). No mercado primário, a DPMFi registrou emissões de R$ 169,18 bilhões e resgates de R$ 26,75 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 142,44 bilhões no período. Na composição das emissões, foram emitidos R$ 85,23 bilhões em títulos prefixados, R$ 62,31 bilhões em títulos remunerados por taxa flutuante e R$ 21,56 bilhões em títulos indexados a preços.
Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) fechou novembro em R$ 314,9 bilhões, ante R$ 305,1 bilhões em outubro. No mês, as emissões da DPFe somaram R$ 12,30 bilhões, com resgates de R$ 1,03 bilhão, segundo o RMD.
As informações constam do Relatório Mensal da Dívida (RMD) referente a novembro de 2025, produzido pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Os dados do material foram detalhados nesta terça-feira (30/12) em coletiva de imprensa virtual, transmitida ao vivo pelo canal do Tesouro Nacional no YouTube.
Participaram da entrevista o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias; o coordenador-geral de Controle e Pagamento da Dívida Pública, Leonardo Martins Canuto Rocha; o coordenador de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Fausto Vieira; e a coordenadora-geral do Tesouro Direto, Thayssa Mendes Tavares.
Acesse material técnico referente ao Relatório Mensal da Dívida de novembro de 2025
Conjuntura
Em novembro, o Tesouro aponta que incertezas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos e preocupações com o valuation do setor de tecnologia elevaram a percepção de risco, com abertura de prêmios para mercados emergentes. “No mercado doméstico, a curva de juros apresentou perda de nível, como se observa no gráfico, reagindo às expectativas em relação à política monetária local e ao desempenho das taxas globais, diante de uma percepção de mercado mais propensa à redução de juros no exterior”, disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública.
“No cenário interno, destacaram-se o IPCA de outubro abaixo do esperado, com melhor qualitativo nas medidas subjacentes, e a divulgação do IBC-Br de setembro também abaixo das estimativas. Ambos reforçaram a perspectiva de que o Copom poderia iniciar em breve o ciclo de política monetária, com muitos agentes precificando redução já em janeiro”, completou Dias.
Emissões e resgates
Em novembro, as emissões da DPF totalizaram R$ 181,48 bilhões, enquanto os resgates somaram R$ 27,78 bilhões, o que levou à emissão líquida de R$ 153,71 bilhões. No segmento de títulos indexados a preços, o relatório registra pagamento de cupom de NTN-B de R$ 22,78 bilhões.
“Do lado das emissões, o destaque foi a emissão de prefixados, que correspondeu a 50,4% do total, em um volume de R$ 85 bilhões, seguidos pelos títulos remunerados por taxa flutuante, que responderam por 36,8%, no total de R$ 62,31 bilhões. Também tivemos como destaque a emissão externa. Fizemos a quarta emissão externa no ano, no volume de R$ 12,30 bilhões. Nesse caso, a operação foi realizada no mercado norte-americano, em dólar. Fizemos a emissão de um papel de 7 anos, o Global 2033, um título sustentável”, explicou Dias.
Composição
Em novembro, os prefixados ampliaram participação no estoque da DPF, de 21,44% para 22,07%. Já os títulos indexados a preços e os remunerados por taxa flutuante recuaram para 26,10% e 48,14%, respectivamente.
“A contrapartida desses movimentos foi a elevação do prefixado, que saiu de 21,4% para 22,1%, muito em função da forte emissão de títulos prefixados que tivemos no período”, comentou o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública.
Detentores
As instituições financeiras seguiram como principais detentoras dos títulos da DPMFi, com 33,2% de participação. Na sequência, aparecem previdência (22,7%) e fundos (20,9%). Em novembro, o estoque de não-residentes foi reduzido em R$ 10,9 bilhões e o estoque de Instituições Financeiras subiu R$ 153,3 bilhões.
“A gente vem observando uma relativa estabilidade da participação de não residentes. Eh, a gente vê também uma pequena variação aqui de fundos que saiu de 21% para 20,9% e um aumento da participação de instituições financeiras que saíram de 32,2% em outubro para 33,2% em novembro”, explicou Dias.
Custo, prazo e reserva de liquidez
O custo médio do estoque da DPF acumulado em 12 meses caiu de 11,90% a.a. para 11,69% a.a. em novembro. No mesmo recorte, o custo médio do estoque da DPMFi subiu para 12,51% a.a., e o da DPFe recuou para -5,92% a.a.
No perfil de vencimentos, houve redução da parcela vencida em 12 meses, de 17,75% para 17,54%. O prazo médio da DPF diminuiu de 4,14 para 4,08 anos, enquanto o prazo médio de emissão da DPMFi aumentou de 4,40 para 4,58 anos.
A reserva de liquidez subiu 15,83% em termos nominais, de R$ 1.047,61 bilhão em outubro para R$ 1.213,46 bilhão em novembro. O índice de liquidez correspondeu a 8,43 meses. “O que significa que a gente pode ficar, por exemplo, por mais do que o primeiro semestre do ano que vem sem emitir e, ainda assim, ter capacidade de fazer frente às nossas obrigações.”, explicou Dias.
Tesouro Direto
No Tesouro Direto, as vendas somaram R$ 6,19 bilhões e os resgates, R$ 3,37 bilhões, com emissão líquida de R$ 2,83 bilhões em novembro. O estoque do programa alcançou R$ 205,41 bilhões, alta de 2,21% em relação a outubro.
“O título mais demandado foi o Tesouro Selic (57,43%), seguido pelo Tesouro IPCA+ (18%). Isso demonstra a preocupação do investidor com liquidez, quando busca o Tesouro Selic, e com a proteção do poder de compra, quando demanda títulos atrelados ao IPCA. Em relação ao estoque, [...] o resultado indica boa performance do programa em 2025”, explicou Thayssa Mendes Tavares
Segundo a coordenadora-geral do Tesouro Direto, o número de investidores ativos chegou a 3,31 milhões, com 51.511 novos investidores no mês e variação de 19,20% em 12 meses. Operações de até R$ 5 mil responderam por 81,6% das compras.
Dezembro
No mês de dezembro, dados atrasados divulgados nos EUA sustentaram apostas em novos cortes de juros e retorno do apetite por risco. As taxas globais passaram por um ajuste de alta, com elevação de juros no Japão e expectativa de manutenção prolongada na Zona do Euro. A curva de juros local ganhou nível, com destaque para os vencimentos intermediários, diante de sinalizações mais duras dos Bancos Centrais no Brasil e no mundo.