MinC celebra Dia do Cinema Nacional em sessão especial de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”

A genialidade do cineasta baiano Glauber Rocha marcou presença no Dia do Cinema Nacional. Como parte das comemorações da data, celebrada nesta segunda-feira (19/6), a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a secretária do Audiovisual do Ministério, Joelma Gonzaga, participaram da sessão da projeção especial do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, no Cine Brasília. O longa-metragem, de 1964, é considerado o maior clássico do Cinema Novo brasileiro. A projeção de ontem é uma versão em 4K, restaurada pelo cineasta brasiliense, Lino Meireles, com apoio da cineasta Paloma Rocha, filha de Glauber. 

Antes do início da sessão, a ministra falou para mais de 600 pessoas que foram ver o filme sobre a honra em celebrar o Dia do Cinema Nacional assistindo a um clássico restaurado de Glauber Rocha. A ministra lembrou que a cultura brasileira entrou num novo momento de investimentos e valorização. Com isso, a repatriação de 144 obras do cinema brasileiros que estavam desde 1979 em Roma, na Itália, é o verdadeiro marco desse novo momento. 

Margareth enfatizou que foi muito simbólico a chegada das obras ao Brasil dois dias antes de comemorar o Dia do Cinema Nacional. “A chegada dessas 144 obras é um sinal desse novo momento. É uma sorte a nossa de podermos inaugurar esse novo tempo, como uma nova política que tenha essa intenção de fortalecer a cultura do Brasil, que o presidente Lula com toda sensibilidade está dando essa possibilidade ”, comemorou a ministra.

Os filmes antigos e de diversos gêneros estão distribuídos em 524 rolos em acetato, equivalente a quase duas toneladas. A chegada ao Brasil ocorreu no último sábado (17/06), em uma verdadeira operação de resgate, digna de um bom filme de ação, que envolveu a Embaixada do Brasil em Roma, o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a Força Aérea Brasileira (FAB), a Secretaria de Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Nacional do Cinema (ANCINE).

Sessão especial 

A sessão contou com a participação com uma palestra dos responsáveis pela restauração do Filme, Lino Meireles e Paloma Rocha, filha do Cineasta. 

A herdeira do legado de Glauber Rocha, destacou a importância do retorno dos investimentos na cultura nacional. Ela destacou a importância de fazer investimentos para preservar obras do acervo cultural brasileiro. “Investir em novas produções é tão importante quanto o investimento na preservação das obras antigas. A obra do Glauber não é somente de filmes. Ele deixou uma vasta documentação que dá a dimensão do artista completo que ele foi", lembrou Paloma Rocha. 

Por sua vez, o diretor Lino Meireles falou do desafio em restaurar um dos maiores clássicos da sétima arte brasileira. “A gente nunca imaginou a dimensão simbólica que esse projeto ia ter. Começamos a conversar em 2018, começamos a trabalhar em 2019, estávamos em um governo que não investia em cultura”, pontuou. “Terminar esse projeto é incrível. Paloma diz que Santo Glauber, ele que decide o tempo das coisas, e talvez tenha sido assim com esse filme também", avaliou Meireles no debate que antecedeu a exibição. 

Dia do Cinema Nacional 

Coincidentemente, o Dia do Cinema Nacional é celebrado em 19 de junho, pois homenageia Affonso Segretto (1875 - 1919), o ítalo-brasileiro considerado o primeiro cineasta nacional. Ele filmou a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, quando estava a bordo do navio Brèsil, em 1898.

Segundo informações da Agência Brasil, o cineasta voltava da França, onde aprendeu técnicas de filmagem. O feito fez com que o dia 19 de junho se transformasse no Dia do Cinema Nacional. Outra data também é comumente celebrada pela sétima arte, o 5 de novembro (em 1896, houve a primeira exibição pública).

As históricas filmagens de junho de 1898 inspiraram o pioneiro para o documentário A Praia de Santa Luzia, realizado em parceria com o irmão dele, o empresário Paschoal Segreto.