Margareth Menezes: “A memória é a grande força de um povo”

Roda de conversa, de batuque e mesa farta. A visita da ministra da Cultura Margareth Menezes, ao Quilombo de Curiaú, no estado do Amapá, foi uma apresentação às múltiplas manifestações tradicionais dos povos originários. Recepcionada por apresentações de danças típicas, a líder da Pasta saudou a valorização da ancestralidade presente no evento.

“É nesse rincão chamado cultura, que muitos julgam superficial, que está a porta, a força pra gente se levantar. É a nossa ânima. É por isso que o povo negro canta, o povo indígena, a resistência está aí”, celebra. Essa foi a primeira vez que a líder do MinC visitou um quilombo, e a segunda que o Curiaú recebe um ministro. Antes de Margareth Menezes, Gilberto Gil esteve na comunidade. 

Atendendo às demandas de atenção aos povos negros, a ministra reforçou que a Lei Paulo Gustavo vem, pra além da descentralização do fomento, para assegurar recursos para fazedores de cultura em localidades afastadas, respeito recortes de raça e étnica, identidade de gênero e pessoa com deficiência. “O Amapá já fechou 100% do envio dos planos de ação e já está aprovado. Uma salva de palmas para vocês”, comemorou. Os demais estados e municípios têm até o dia 11 de julho para envio dos planos de ação e, assim, se juntar à lista de localidades aptas a receberem os recursos.

Em novembro de 1999, a Fundação Cultural Palmares (FCP) emitiu o Título de Reconhecimento de Domínio das terras do Quilombo do Curiaú - primeiro título de quilombo no estado do Amapá. Preservando os valores locais e tradições rememoradas por ilustres moradores, como seu Roldão - o ancião do quilombo. 

“São 88 anos. Nascido e criado na comunidade Curiaú”, conta ele orgulhoso. O quilombola abriu as portas de casa para a ministra e fez questão de compartilhar vivências e impressões com a comitiva que acompanhava a visita. “A gente está lá em Brasília construindo políticas públicas, mas a gente não pode fazer isso sozinho. Só faz sentido se for com todo mundo”, destacou a secretária de Comitês de Cultura (SCC), Roberta Martins, ao lembrar que a cultura é elo.

O secretário de Economia Criativa e Fomento Cultura (SEFIC), Henilton Menezes, pontuou a importância da descentralização dos recursos no setor. “Nós estamos articulando com várias estatais para trazer dinheiro para o Norte, para o Amapá, os sete estados da região. E, a partir dessa vivência que estamos tendo aqui, temos mais energia para fazer isso acontecer”.

“A memória é a grande força de um povo para sua continuidade. E essa memória, ela mora na cultura. Principalmente pra nós com raiz africana, afro-indígena”, reforçou Margareth Menezes pouco antes de pedir a benção a mestre Roldão e alertar que hoje ainda (29) volta ao quilombo para participar da inauguração do deck que vai permitir que visitantes e moradores aproveitem o potencial turístico do local. 

Para saber mais sobre a agenda da ministra na região norte, acesse: MinC realiza encontro com setor cultural no Amapá