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Funarte inicia celebração de 50 anos com documentário e show de Alaíde Costa
Foto: Tarcisio Boquady/ MinC
Com a presença do Ministério da Cultura (MinC), artistas e gestores culturais, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) deu início, nesta segunda-feira (15), à programação comemorativa de seus 50 anos. A abertura ocorreu no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, e reuniu memória, reconhecimento e projeção de futuro para as políticas culturais do país, tendo como destaque a pré-estreia do documentário A Noite de Alaíde, cinebiografia da cantora Alaíde Costa, seguida de pocket show da artista, que completa 90 anos.
O evento marcou o primeiro ato de um calendário comemorativo que se estende até março de 2026 e reafirma o papel da Funarte como instituição central das políticas públicas para as artes no Brasil.
Criada em 1975, a fundação atua no fomento às artes visuais, ao circo, à dança, à música e ao teatro e, nos últimos dois anos, vem passando por um processo de reconstrução institucional, com fortalecimento da participação social e retomada do diálogo com os setores artísticos.
Durante a cerimônia, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, destacou o simbolismo do momento e a importância de reconhecer trajetórias que ajudaram a construir a história cultural do país. Para ela, a celebração dos 50 anos da Funarte reafirma o compromisso do Estado com a cultura como direito e como política pública estruturante. “É importante reconhecer as pessoas, olhar no rosto e dizer o quanto elas são fundamentais para a construção do país. É uma alegria poder estar aqui, administrando, conduzindo e realizando esta homenagem. Celebramos 50 anos de uma trajetória que se consolida neste governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre fortaleceu a política cultural e artística no Brasil, reconhecendo a cultura como um direito do povo brasileiro”, afirmou.
Ao comentar a homenagem a Alaíde Costa, Margareth Menezes ressaltou a relevância histórica e simbólica da cantora para a música brasileira e para a valorização das mulheres negras nas artes. “Dona Ana Maria Costa é uma mulher negra de trajetória excepcional, precursora da bossa nova, que ajudou a construir caminhos para a música brasileira com excelência, coragem e reconhecimento internacional”, disse.
Antes da exibição do documentário, a presidenta da Funarte, Maria Marighella, destacou o papel histórico da instituição na formação das políticas culturais brasileiras e o vínculo de Alaíde Costa com a fundação desde seus primeiros anos. A cantora integrou a primeira edição do Projeto Pixinguinha, em 1977, um dos mais emblemáticos da Funarte.
“São 50 anos de história e de muitas histórias. Grande parte das experiências, projetos e iniciativas que moldaram a cultura brasileira passaram por aqui. A Funarte é, há cinco décadas, um espaço de pensamento, articulação, fomento e ética. Celebrar esse marco é transformar memória em direito”, afirmou.
Ainda durante a abertura, Maria afirmou que a programação comemorativa também projeta o futuro das políticas culturais no país. “Estamos às vésperas de construir a Política Nacional das Artes, porque um Brasil soberano é um Brasil das artes. Nenhuma política pública se consolida sem participação e sem partilha”.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, relacionou cultura, democracia e direitos humanos ao ressaltar o papel da arte como instrumento de humanização e resistência.
Segundo ela, a defesa da cultura é inseparável da defesa da democracia. “Fazer cultura no Brasil nunca foi fácil, assim como defender a democracia. Mas este é um tempo de celebração da resistência da cultura brasileira. Defender a democracia é defender a cultura, os artistas e o nosso direito de nos humanizarmos todos os dias”, afirmou.
“A arte brasileira é parte essencial da identidade do povo brasileiro. As artes são um bem coletivo, um direito constitucional e também um direito humano. Este aniversário é um chamado à ação pública e coletiva em favor de um Brasil comprometido com justiça, igualdade e direitos”, completou Maria Marighella.
A cerimônia contou com a presença de autoridades, parlamentares, artistas, servidores públicos e representantes do setor cultural.
Alaíde Costa
Alaíde Costa é cantora e compositora carioca, considerada uma das precursoras da bossa nova. Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, iniciou a carreira ainda jovem e ganhou projeção a partir dos anos 1950, ao integrar o movimento que renovou a música popular brasileira. Ao longo de mais de sete décadas de trajetória, gravou dezenas de discos e dividiu palcos e gravações com nomes como João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Também participou da primeira edição do Projeto Pixinguinha, em 1977, iniciativa da Funarte voltada à circulação de artistas pelo país. Aos 90 anos, segue em atividade e é reconhecida como uma das vozes fundamentais da história da música brasileira.
Programação continua nesta terça-feira
As comemorações continuam nesta terça-feira (16) com a reinauguração do Centro Técnico de Artes da Funarte, na Rua do Lavradio, no Centro do Rio de Janeiro, a partir das 11h, quando também serão apresentados anúncios voltados às artes técnicas e à articulação de uma rede nacional de centrais técnicas.
Às 15h30, a programação segue para a Escola Nacional de Circo Luiz Olimecha, na Praça da Bandeira, com a inauguração da nova lona do espaço, que passa a homenagear o Mestre Jamelão, referência histórica das artes circenses no país, em cerimônia com a presença da ministra da Cultura e da presidenta da Funarte.