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DIÁLOGO
Escutatória Cultural pelo Brasil: MinC fortalece diálogo com sociedade civil para valorização do forró
Foto: Davi Mello
No mês em que é celebrado o Dia do Forró, criado em homenagem a Luiz Gonzaga, o Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, promoveu a Escutatória Cultural pelo Brasil com representantes dessa manifestação cultural. O objetivo do encontro, realizado na última sexta-feira (12) em formato virtual, foi compreender a realidade e as principais demandas de quem atua com esse ritmo em diferentes regiões do país, alinhando-as com as ações em construção no MinC, como a Política Nacional para as Culturas Tradicionais e Populares.
“Estamos articulados e mobilizados para que essa política possa virar letra viva, ser efetiva e que entendamos as culturas tradicionais e populares como parte da política cultural do Brasil. É uma honra estar junto com este movimento tão articulado, orgânico e identitário na construção dessa política”, explicou o diretor de Promoção das Culturas Tradicionais e Populares, Tião Soares.
Durante o debate, a sociedade civil expôs gargalos históricos. Joana Alves, liderança do Fórum de Forró de Raiz, enfatizou a urgência na regulamentação e remuneração digna para os artistas. “A gente precisa legalizar algumas coisas em relação aos mestres e mestras. Eu venho batalhando há muito tempo para regulamentar o trabalho dos artistas que, como todo profissional, precisam ser remunerados. Existe essa dificuldade de a cultura popular ser remunerada enquanto profissional", pontuou Joana Alves.
A disparidade de cachês entre o forró tradicional e atrações comerciais nos festejos juninos, por exemplo, foi um ponto levantado por diversos participantes. “O que acontece é minimizar a participação do forró nos grandes eventos. Isso não acontece só aqui em Alagoas, mas no Brasil todo. Então, precisamos ver de que forma coletivamente vamos reagir a esse processo de desapropriação da nossa cultura”, acrescentou Rosiane Pedrosa, de Maceió (AL).
A dimensão internacional do forró também ganhou destaque, evidenciando essa expressão como um patrimônio que ultrapassa fronteiras, mas que necessita de organização e suporte na base. Outros temas abordados foram a necessidade de mapeamento dos artistas populares e a valorização das mestras e mestres do forró.
Ações
Além da construção da Política Nacional, o MinC tem desenvolvido outras ações no campo das culturas tradicionais e populares. Entre elas, destacam-se: as parcerias com universidades e institutos federais para reconhecimento do notório saber de mestras e mestres; a Bolsa Cultura Viva para Mestras e Mestres, com valor mensal de R$ 2.100,00 para que transmitam seus conhecimentos em escolas e pontos de cultura; os recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, as parcerias interministeriais para garantir direitos a esse segmento da cultura brasileira, entre outras.
Em relação especificamente ao forró, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao MinC, concluiu o Plano de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró em 2024. Trata-se de um instrumento de gestão dos bens registrados como Patrimônio Cultural Imaterial e que apresenta as iniciativas de proteção de maneira estratégica, os objetivos e o planejamento de ações a serem desenvolvidas a fim de promover um amplo alcance da política de salvaguarda. O registro do forró como Patrimônio Cultural do Brasil ocorreu em 2021. Durante a Escutatória, as ações do Iphan foram apresentadas pela coordenadora-geral de Promoção e Sustentabilidade, Marina Lacerda.
Escutatórias Culturais pelo Brasil
De janeiro a dezembro deste ano, foram realizadas 20 Escutatórias Culturais, entre temáticas e estaduais. O MinC ouviu representantes das culturas tradicionais e populares de 13 estados: Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Espírito Santo, Tocantins, Ceará, São Paulo (sudoeste paulista), Pará, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em relação às temáticas, as expressões que participaram do processo de escuta foram: o reggae, cordel e repente, rede das culturas tradicionais e populares, capoeira, internacionalização, viola caipira e, por fim, o forró.