Dia do Teatro e do Circo: MinC enaltece histórias de artistas do segmento das artes cênicas

Nesta quinta-feira (27), o Ministério da Cultura (MinC) celebra o Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo. Duas datas que enaltecem a importância das artes cênicas para a sociedade, criadas para homenagear os profissionais que unem artes dramáticas, apresentações e música.

“Neste dia, afirmamos a imaginação e o sensível das artes na sua potência de inventar outros mundos e cenários. Celebramos criadores e criadoras das artes circenses e do teatro, linguagens da presença e de repertórios vivos em nossas subjetividades e memórias”, festeja a presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella.

“Em 2025, a Funarte completa 50 anos e reforça seu compromisso de, por meio da Política Nacional das Artes, fomentar, promover e articular redes e circuitos nacionais e internacionais continuados de criação, reflexão, formação e difusão das artes brasileiras. Nosso olhar se volta também para o fortalecimento das políticas públicas específicas para o circo e o teatro, reconhecendo suas singularidades, linguagens próprias e desafios históricos”, completa ela.

Maria Marighella ainda elenca: “Avançamos na construção de programas que asseguram a circulação das companhias, grupos e trupes, o fomento às dramaturgias e criações contemporâneas, a valorização das mestras e mestres das artes cênicas, bem como o incentivo a espaços de memória, pesquisa e experimentação. Seguimos na defesa de políticas continuadas que reconheçam o circo e o teatro em sua dimensão coletiva e permanente de criação de vínculo e assegurem o direito ao acesso às artes a toda sociedade”.

Juliana Birchal é atriz e uma das profissionais que trazem emoção e reflexão ao público quando está sobre o palco. Contemplada no Edital Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz com o projeto Circulação Subterrânea: Uma Fábula Grotesca, a turnê passou por várias cidades do Paraná.

“O teatro é um meio de refletirmos e pensarmos sobre a transformação da sociedade. Eu acho que tenho dentro de mim um lado utópico, talvez idealista. Eu acredito muito nesse poder de transformação, por meio do sensível, da reflexão, da empatia. Acho que o teatro tem essa capacidade de tocar a gente no lugar do sensível”, analisa.

A artista descobriu a gravidez poucos meses antes de iniciar a circulação do seu espetáculo e ao longo da turnê.

“Foi um momento em que a minha vida pessoal cruzou com a minha vida artística, e isso fez com que o próprio trabalho artístico ganhasse um outro significado, amadurecesse. Então, na verdade, a maternidade acabou também enriquecendo o próprio trabalho artístico”, disse.

Uma Fábula Grotesca coloca em cena uma mulher-cigarra que, para se encaixar nos papéis sociais que lhe foram atribuídos, acaba revelando as contradições e violências desse sistema, sendo, ao mesmo tempo, vítima e algoz.

“O espetáculo questiona a perpetuação de modelos sociais e valores morais, provoca o público a refletir sobre o lugar das mulheres na sociedade. A fábula é uma metáfora para refletirmos sobre valores e como valores conservadores têm contribuído para perpetuar um lugar de violência, de desigualdade em relação à mulher”, explica, ao enfatizar que o intuito da montagem é fazer o público refletir sobre o papel social que foi atribuído às mulheres e se é isso mesmo que a sociedade deseja continuar perpetuando.

Foto:@luriacorrea

Um outro exemplo de resistência e superação artística é Edlamar Maria Zanchettini. Ela é membro da família do Circo Zanquetini, antigo Circo Teatro Gávea, com mais de 90 anos de história, sob a liderança da família Cabral Zanquetini. Desde a década de 1970, a família tem trabalhado para garantir políticas para o circo e reconhecimento como uma arte legítima no Brasil.

“Fomos pioneiros em muitas ações. Lutamos para que o circo fosse reconhecido como arte, com a participação ativa de todos os artistas circenses. Hoje, posso dizer que somos vitoriosos. Fomos taxados de preconceituosos e enfrentamos muitos estigmas negativos, mas nunca desistimos. Com muito trabalho e apoio da Funarte e do Ministério da Cultura, conseguimos superar essas barreiras e hoje somos reconhecidos tanto pelas autoridades quanto pelo público”, desabafa.

A artista analisa que o apoio da Funarte e do Ministério da Cultura tem sido fundamental para a permanência do Circo Zanquetini. Desde 1978, a família tem trabalhado com essas instituições em projetos importantes, incluindo o Prêmio Mestres e Mestras, que ajudou o circo a se reerguer após os impactos da pandemia.

“Passamos por um momento muito difícil, mas com o apoio da Funarte, conseguimos nos reerguer. Agora, a Funarte e o Ministério da Cultura nos dão a atenção e o reconhecimento que sempre merecemos”, enfatiza.

Ela destaca que diversas reuniões no Ministério da Cultura resultaram na criação do Prêmio de Estímulo ao Circo, que mais tarde se transformou no Prêmio Carequinha, um reconhecimento essencial para os artistas circenses.

“O circo é a nossa vida, nossa cultura e nossa história. Com o apoio da Funarte e do Ministério da Cultura, sabemos que estamos no caminho certo. O nosso circo tem futuro, e queremos continuar fazendo parte dessa linda história das artes cênicas brasileiras”, concluiu.

Ações do Ministério da Cultura para o Circo e o Teatro

Em 2024, a Coordenação de Circo da Funarte realizou o acompanhamento da execução de 52 projetos contemplados no Edital Retomada 2023-Circo, e de 20 projetos selecionados nas três linhas de apoio (Grupos e Coletivos Artísticos, Espaços Artísticos, Eventos Calendarizados) do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas. Gerenciou o processo de seleção das 48 propostas contempladas na Bolsa Funarte de Circo Carequinha - programa de difusão nacional Funarte Rede das Artes 2023, bem como o acompanhamento do pagamento dessas e da sua execução, ainda em fase inicial.

A Coordenação de Circo integrou a comissão de seleção da convocatória Ibercena 2024, do edital Funarte Retomada Rio Grande do Sul, da Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais 2024, e do edital de Mobilidade Cultural MinC/Funarte 2024.

Já sobre ações e iniciativas voltadas ao teatro, em 2024, a coordenação de Teatro contemplou 77 projetos com os editais: Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz, 37 contemplados. As bolsas culturais foram destinadas, exclusivamente, à realização de projetos de circuitos artísticos, que englobaram a circulação de espetáculos e a produção de atividades de intercâmbio, mediação e formação no território nacional. Todas as cinco regiões foram contempladas. Ao todo, 53 espetáculos estão em circulação pelo Brasil.

Há também a Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais 2024, cujo edital teve como objeto a concessão de 40 bolsas culturais para candidaturas que promovessem a participação de agentes artísticos brasileiros em circuitos de difusão internacional reconhecidos como espaços estratégicos de promoção e cooperação das artes. 

Além disso, dos 49 projetos contemplados no edital Retomada 2024 – Teatro, até janeiro de 2025, 20 projetos se finalizaram, atingindo um público de 7510 pessoas, entre artistas, estudantes, professores e o público em todas as regiões do Brasil.

O programa é composto por outros dois editais, além do presente, destinados às linhas de apoio a grupos e coletivos artísticos e espaços artísticos em todas as linguagens atendidas pela Funarte: Artes Visuais, Música, Dança, Teatro e Circo, contemplando 48 projetos na área de teatro, sendo: 17 prêmios para Grupos e Coletivos, 20 para Espaços Artísticos e 11 para Eventos Calendarizados.

Há também a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo - MITsp, que, neste ano, celebrou sua 10ª edição, que aconteceu entre os dias 13 e 23 de março, em São Paulo, consolidando-se como um dos principais festivais responsáveis pela difusão das artes cênicas no Brasil e o único a manter uma plataforma de internacionalização contínua das artes no país.

Em 2025, a Funarte se somará aos esforços do Olhares Instituto Cultural com uma parceria, no valor de R$ 300 trezentos mil, entendida como uma ação estratégica, que visa concretizar as políticas públicas em curso pela Funarte, beneficiando tanto as pessoas quanto os territórios.

Celebração do Dia Mundial do Teatro

Neste ano, a Funarte apoiará a celebração do Dia Mundial do Teatro que vai acontecer pela primeira vez no Brasil de 27 a 30 de março de 2025. O evento destaca os direitos humanos e dos artistas, promovendo a conexão entre a América do Sul e o Instituto Internacional de Teatro (ITI). 

A programação homenageia Augusto Boal e os artistas Osmar Prado e Zahy Tentehar. Um dos destaques será a remontagem de Revolução na América do Sul, com direção de Wellington Fagner e participação de Cecília Boal. A Funarte cedeu o espaço do Teatro Glauce Rocha no dia 29 de março para a apresentação do espetáculo “Uma peça Cansada- Brasil”.

O evento conta também com a participação da presidenta Maria Marighella, no dia 27 de março, na mesa que debate sobre Como as colaborações internacionais podem fortalecer o teatro como ferramenta de diálogo e desenvolvimento social.

Sobre as Datas

Embora os primeiros circos tenham surgido ainda no Império Romano, no Brasil eles chegaram por volta de 1830, com as famílias vindas da Europa. A tradição se fortaleceu também pelos povos ciganos, que se apresentavam ao público de forma itinerante, indo de cidade em cidade mostrando sua arte.

No Dia Nacional do Circo, também celebrado em 27 de março, homenageia-se o legado de Abelardo Pinto, o palhaço Piolin, na busca por refletir sobre o impacto cultural que o circo tem no Brasil. O circo, com suas apresentações cômicas e acrobáticas, sempre foi uma das principais formas de entretenimento popular, especialmente em cidades menores e comunidades, e continua a ser um espaço de resistência e criatividade.

O Dia Mundial do Teatro, por sua vez, destaca o papel das artes cênicas no desenvolvimento social e cultural. O teatro tem mais de 2.500 anos de história, desde suas origens na Grécia Antiga, e, até hoje, as obras de grandes dramaturgos como Sófocles, Eurípedes e Ésquilo são representadas nos palcos do mundo todo. No Brasil, o teatro se consolidou no século XIX e continua a ser uma ferramenta poderosa de expressão, reflexão e resistência.