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Estudo de pesquisadores brasileiros é matéria de capa da Nature Cardiovascular Research
Capa da edição de março/2025 da Nature Cardiovascular Research - Foto: www.nature.com
Pesquisadores brasileiros desenvolveram o estudo que é capa da edição de março de 2025 da Nature Cardiovascular Research. O trabalho, realizado em conjunto por estudiosos de várias instituições, mostrou que o hormônio do sistema imune IL-1beta é capaz de causar de forma direta a fibrilação atrial, o tipo de arritmia cardíaca mais frequente.
Segundo a pesquisa, o IL-1beta pode ser a conexão entre o sistema imune e arritmias. O hormônio, por si só, pode determinar a fibrilação atrial em várias condições de saúde em que há suscetibilização à fibrilação atrial e processo inflamatório crônico. “Ajuda a entender melhor como o sistema imune pode regular a função do coração”, diz o professor Emiliano Medei, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e professor do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Pesquisa durou seis anos
O artigo publicado mostra a conclusão de um estudo realizado ao longo de seis anos. Em uma das etapas, os pesquisadores injetaram IL-1beta em camundongos, em doses baixas, durante 15 dias. A injeção foi capaz de causar alterações elétricas no coração, que tornaram os animais vulneráveis ao desenvolvimento da fibrilação atrial. A pesquisa mostrou que essas alterações não aconteciam em mutantes que não apresentavam receptores de IL-1beta expressos por macrófagos residentes no coração e que havia necessidade de nova síntese de IL-1beta no próprio átrio para que a fibrilação atrial se desenvolvesse. Para que a IL-1beta injetada causasse fibrilação atrial, foi necessária também a caspase-1, molécula envolvida nessa nova produção de IL-1beta.
Segundo os pesquisadores, o uso de remédios que inibem a IL-1beta ou intermediários envolvidos na sua produção, como a caspase-1, são opções terapêuticas a serem testadas para prevenir a gênese da fibrilação atrial. Em geral, o coração bate de forma regular, como um relógio. Na fibrilação atrial, porém, esse músculo bate de forma desordenada e mais rápida do que o normal.Essa alteração no batimento cardíaco está associada a várias condições, como obesidade, pressão alta, doenças cardíacas, apneia do sono, excesso de álcool ou pode se manifestar após uma cirurgia ou período de estresse. Com a idade, o risco de desenvolver fibrilação atrial aumenta.
Além dos pesquisadores do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, também participaram da pesquisa integrantes da Fiocruz, do Instituto D’Or de pesquisa e ensino e hospitais da Rede D’Or São Luiz; da Universidade Federal do ABC (UFABC); do Instituto Nacional de Câncer; da Universidade de São Paulo (USP); da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP e da instituição norte-americana Georgia Institute of Technology.