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Secretário Especial do Esporte visita Associação Miratus de Badminton na Chacrinha (RJ)
Secretário Marcelo Magalhães ao lado de Sebastião Dias de Oliveira, fundador do projeto Miratus, na favela da Chacrinha, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação
Em vez das armas e munições do mundo do tráfico de drogas, uma raquete fininha e uma peteca de plástico. E em vez de um futuro sombrio no mundo das drogas, a esperança de dias melhores por meio do esporte. Em resumo, esse é o sonho que Sebastião Dias de Oliveira levou adiante quando, em 1998, no Morro da Chacrinha, no Rio de Janeiro, resolveu apostar as fichas em um esporte com nome estranho para todos que viviam ali: o badminton.
É gratificante saber que existem pessoas que se dedicam a uma causa tão nobre como a de trabalhar para que crianças e jovens possam ter suas vidas modificadas pelo esporte”
Marcelo Magalhães, secretário especial do Esporte
Os anos passaram e o sonho ganhou força e uma assinatura: Associação Miratus de Badminton, um projeto que iniciou as atividades ainda sem constituição jurídica própria no ano de 2000 e que acabou sendo fundada oficialmente em 27 de abril de 2004.
No último fim de semana, o secretário Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Marcelo Magalhães, acompanhado do secretário adjunto, André Alves, e da secretária Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis), Fabíola Molina, visitaram a Miratus na Chacrinha. E o que viram lá só comprovou a força que o esporte tem como instrumento de transformação social.
“Ter conhecido de perto o trabalho da Miratus foi uma honra. Gostaria de deixar registrado o meu muito obrigado ao transformador de vidas Sebastião Dias de Oliveira e a toda sua equipe por terem nos recebido tão bem. É gratificante saber que existem pessoas como ele, que se dedicam a uma causa tão nobre como a de trabalhar para que crianças e jovens possam ter suas vidas modificadas pelo esporte”, afirmou Marcelo Magalhães.
“O projeto que Sebastião desenvolve representa o maior impacto de transformação por meio de uma plataforma esportiva que pude ver de perto. Caminharemos juntos para que esse trabalho se fortaleça e para que mais crianças e jovens possam ser atendidos e encontrem no esporte uma ferramenta para um futuro melhor”, continuou o secretário Especial do Esporte.
Campeões e um herói
Desde sua fundação, o projeto já levou o badminton a mais de quatro mil crianças e jovens e formou alguns dos maiores nomes do país na modalidade, entre eles Ygor Coelho, filho de Sebastião, e as irmãs Luana e Lohaynny Vicente.
Ele usou esse esporte para formar campeões e cidadãos do bem. Hoje muitos deles ganham a Bolsa Atleta e podem investir na carreira e muitos puderam estudar e entrar na faculdade. Ele mudou a realidade de muita gente"
Ygor Coelho, campeão dos Jogos Lima 2019, sobre seu pai, Sebastião Dias de Oliveira
Juntas, elas conquistaram a medalha de prata nas duplas dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, então o melhor resultado do badminton na história do país na competição. No ano passado, Ygor, competindo em Lima, no Peru, elevou o patamar de títulos da Miratus quando faturou a primeira medalha de ouro do Brasil no badminton em Jogos Pan-Americanos. Soma-se a isso a participação de Ygor e Lohaynny nos Jogos Olímpicos Rio 2016, outro marco impressionante do sonho de Sebastião.
Ao falar da Miratus, Ygor Coelho não esconde a admiração pelo pai. “Eu o vejo como um herói”, resumiu. “Ele usou esse esporte para formar campeões e cidadãos do bem. Hoje em dia muitos deles ganham a Bolsa Atleta e podem investir na carreira e muitos puderam estudar e entrar na faculdade. Ele mudou a realidade de muita gente. Então, vejo meu pai como um herói mesmo”, continuou.
Para Ygor, que começou a jogar badminton aos três anos, a Miratus é mais do que um centro de formação de jogadores. “Eu enxergo a Miratus como um celeiro de campeões, tanto como atletas, já que temos resultados nacionais e internacionais, como campeões na vida. O esporte transforma, muda a realidade e nos ensina a sobreviver na vida profissional, já que nos ensina a ganhar e a perder. O esporte nos educa em vários sentidos”.
Atual número 48 do ranking, Ygor se recupera de duas cirurgias no quadril, realizadas nos dias 22 e 29 de agosto. A recuperação envolve reabilitação na natação e fisioterapia. “A expectativa é voltar às quadras no fim de novembro e o Comitê Olímpico do Brasil está me ajudando muito para recuperar essa lesão”.
Depois de disputar os Jogos Rio 2016, Ygor planeja escrever mais um capítulo da herança da Miratus no Japão, em 2021. Ele ocupa atualmente a 22ª posição no ranking olímpico, que classificará 41 atletas para os Jogos de Tóquio. “A vaga está bem próxima”, avisa.
Social e alto rendimento
Para Sebastião Oliveira, a visita de Marcelo Magalhães e sua equipe representou “um divisor de águas” na história da Miratus. “Ele saiu da zona de conforto e veio visitar um projeto dentro de uma favela. Para nós, foi gratificante. A equipe do secretário Marcelo só tem gente capacitada e ele quer fazer com que os recursos do esporte cheguem onde nunca chegaram antes. Os recursos, em geral, costumam chegar aos grandes centros, como Rio de Janeiro, São Paulo, o Sul... Mas, agora, eles querem levar os recursos para todo o país”, continuou Sebastião.
Ele também falou sobre o orgulho que sente com o trabalho desenvolvido pela Miratus. “Nós já temos 28 títulos pan-americanos, 45 sul-americanos, três títulos europeus, e dois atletas olímpicos: o Ygor e Lohaynny. Tudo isso se deu com muito esforço. A gente trabalha bastante e nunca deixa de sonhar, mesmo diante das dificuldades”, destacou Sebastião.
“Muitos desses resultados se deram por meio do suporte do Governo Federal, já que nós já tivemos projetos aprovados pela Lei de Incentivo. Na realidade, a gente não esperava nada disso. Mas quando a gente faz um trabalho é com o objetivo de fazer o melhor. E quando você faz o melhor, isso gera resultados. Nós tivemos a oportunidade e hoje colhemos os frutos. O planejado era trabalhar o lado social. Mas conseguimos unir o social com o alto rendimento”, diz, com orgulho.
Bamon
Nascido no Rio de Janeiro, Sebastião foi buscar no samba um aliado para ensinar badminton às crianças, uma vez que muita gente nunca tinha ouvido falar nesse esporte quando ele iniciou o projeto, há mais de 20 anos.
Na Miratus, ele desenvolveu um método único, batizado de Bamon, que combina o estilo de jogo da escola asiática do badminton com o uso de percussão e harmonia do samba. Os passos do samba simulam a movimentação e o deslocamento do atleta em quadra, propiciando a técnica e preparo físico para a prática da modalidade.
Todo o processo de formação do atleta é permeado por atividades lúdicas, considerando a faixa etária, desenvolvimento físico, cognitivo e demais características de cada praticante. Este fator faz do Bamon um método diferenciado de promoção da inclusão social, partindo do respeito à diversidade humana.
“Eles estão fazendo um trabalho muito diferenciado para tirar as crianças da rua e dar oportunidade para fazer um novo esporte. Uma das coisas fundamentais para começar um projeto é ter um professor que saiba ensinar. No Brasil temos poucas escolas de badminton. O Sebastião criou uma metodologia própria, baseada no samba, que é super lúdica com as crianças e torna o aprendizado mais fácil. Nosso objetivo é levar essa metodologia para outros centros e capacitar professores para reproduzir isso em outros polos no país. Vamos começar a trabalhar um projeto nesse sentido”, disse Fabíola Molina.
Nesta segunda-feira (26.10), a Miratus também recebeu a visita do secretário Nacional de Alto Rendimento (Snear) da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Bruno Souza. Assim como seus colegas, ele saiu impressionado com o que viu.
“Eles têm um trabalho maravilhoso, que forma campeões. A Miratus trabalha da base ao alto rendimento e, falando do alto rendimento, especificamente, que é o foco da minha secretaria, o plano é tentar fazer com que o projeto possa ganhar ainda mais força nesse sentido, com uma academia e quem sabe com um alojamento”, afirmou Bruno Souza.
“Esse núcleo de alto rendimento é algo que vamos tentar implementar na nossa gestão para que o projeto ganhe um upgrade e que possa dar ainda mais resultados na formação de atletas”, prosseguiu o secretário da Snear.
Diretoria de Comunicação - Ministério da Cidadania