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Processo de seleção de cães-guia para atletas paralímpicos entra na fase de entrevistas
Fotos: IFC/Divulgação
O processo de seleção dos atletas paralímpicos que se inscreveram para ter um cão-guia entrou nesta sexta-feira (28.05) em uma nova fase. A iniciativa é resultado de parceria entre a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR), o Instituto Federal Catarinense (IFC) e o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
As duas partes precisam ter alta afinidade. É por isso que nem toda pessoa com deficiência visual consegue ter um cão-guia. A seleção é feita com no mínimo três candidatos para cada cachorro. Um animal mais alto, por exemplo, vai para alguém de maior estatura. Um cão mais veloz é apropriado para alguém mais ágil"
Sirlei Albino, diretora-geral do IFC campus Camboriú
De acordo com o cronograma definido pelo edital, lançado no dia 17 de março, será divulgado nesta sexta o resultado da análise dos recursos. A partir daí, tem início a segunda etapa do processo seletivo.
No total, quatro cães-guia treinados pelo IFC Campus Camboriú serão doados a atletas paralímpicos com deficiência visual. Os cães-guias permitem que as pessoas com deficiência visual adquiram um nível maior de independência. Os animais auxiliam em várias tarefas cotidianas, como atravessar a rua, parar em sinais, evitar obstáculos e encontrar as portas dos estabelecimentos, entre outras habilidades. No total, 38 atletas, de 13 estados, se inscreveram para o processo de seleção. Eles são praticantes de atletismo, goalball, futebol de 5, natação, judô e ciclismo.
Coordenadora do Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia, Sany Justi Sardá explica que, com o encerramento da fase de recursos, o passo seguinte no processo de seleção avançará para as entrevistas com os candidatos, que serão realizadas online, entre 7 e 18 de junho.
Nesta etapa, a equipe do Centro de Formação avaliará a condição do candidato para se tornar um usuário de cão-guia e conhecerá as capacidades de orientação, mobilidade e deslocamento independente do pretendente. "Além disso, são verificadas também a condição da visão, a rotina e moradia da pessoa com deficiência", destacou Sany.
As entrevistas passarão pela análise da Comissão Técnica do IFC e, no dia 28 de junho, será divulgado o resultado final do processo. A partir de julho, tem início a terceira e última etapa do processo, que é a formação de dupla entre usuário e cão-guia.
Essa etapa é fundamental, pois é nela que a empatia entre o cão e seu futuro dono é testada em um processo que depende de uma série de fatores variáveis. “Não é todo deficiente visual que pode receber um cão-guia. Primeiramente, é preciso ter boas noções de mobilidade, ou seja, a pessoa tem que saber caminhar bem”, esclarece Sirlei Albino, diretora-geral do IFC Campus Camboriú.
“Além disso, as duas partes precisam ter uma afinidade tremenda. É por isso que nem todo deficiente visual consegue ter um cão-guia. A seleção é feita com no mínimo três candidatos para cada cachorro. Um animal mais alto, por exemplo, vai para alguém de maior estatura. Um cão mais veloz vai pegar alguém mais ágil. No caso dos atletas paralímpicos serão escolhidos cães mais rápidos. É a primeira vez que temos essa parceria. Nunca havia sido feito um edital para atender uma demanda específica como essa”, prossegue Sirlei.
Secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Bruno Souza recorda como surgiu a parceria em torno dos cães-guia. “A ideia nasceu depois de uma visita que eu realizei ao IFC no final de outubro do ano passado. Eu não conheci o trabalho que o IFC Campus Camboriú realiza com os cães-guia e na hora pensei que esses cães poderiam auxiliar nossos atletas paralímpicos. Entramos em contato com o CPB, iniciamos as conversas com o IFC e a parceria foi viabilizada por meio de acordos firmados pela SNEAR. Esses cães-guia são muito caros e dificilmente os atletas teriam condições de arcar com a aquisição por conta própria. Permitir que eles tenham acesso a esses incríveis animais é uma forma de incentivá-los a ter mais independência e isso tem impactos até mesmo nos treinamentos”, prossegue o secretário.
Labrador e golden retriever
Os animais do Centro de Treinamento e Formação de Cães-Guia do IFC Campus Camboriú são das raças labrador e golden retriever. Por se tratar de uma função altamente específica, o treinamento de um cão-guia dura, no mínimo, dois anos e meio.
“São animais de linhagens melhoradas geneticamente. Com quatro ou cinco meses, o cão é enviado para uma família socializadora, que são nossos parceiros. Essas famílias ficam com ele em torno de dois anos. Os custos com os cães são mantidos pelo Instituto e as famílias são treinadas para dar os primeiros ensinamentos. Vão com eles para a praia, para o restaurante, para o ônibus. Essas pessoas têm uma carteirinha que as autoriza a entrar com o cão em todos esses espaços”, explica Sirlei Albino.
Diretoria de Comunicação – Ministério da Cidadania